Repito o que disse no momento da escolha do nome de Felipão para dirigir a seleção brasileira: 'retrocesso'. Não existe melhor palavra, até porque, com ele, chega também Carlos Alberto Parreira.
A menos de dois anos da Copa do Mundo, a CBF dá um passo atrás e aposta num novo-velho projeto, que começará praticamente a partir do zero. A 'chancela' são os títulos mundiais, e a experiência dos dois comandantes.
Felipão há tempos não realiza um grande trabalho. Parreira, idem. Se apostasse numa 'continuidade' do que foi plantado por Mano Menezes, a CBF possivelmente apostaria em Tite.
A base deixada por Mano deve ser modificada. Um goleiro mais experiente, um lateral mais marcador e cruzador, um zagueiro mais firme e menos técnico, um volante pegador daqueles, um centroavante referência, um jogador especialista em bola parada. Essa é a fórmula conhecida, batida do novo-velho técnico da seleção.
Não tenho birra ou empatia em relação a Felipão, mas nunca o considerei um treinador excepcional. Tem carisma, comando, mas seus conceitos estão nitidamente obsoletos. O futebol-força, a bola parada, o comando-família, o inimigo imaginário.
O futebol evoluiu. Ficou mais complexo. Felipão, como quase todos os técnicos brasileiros, não se reciclou. Foi bem no comando da seleção portuguesa (embora tenha perdido uma Euro em casa para a Grécia!), mas fracassou completamente no Chelsea e titubeou no seu Palmeiras neste ano.
Felipão ainda tem o dom para missões emergenciais e campeonatos mata-mata? Talvez até tenha, mas isso não me parece suficiente para transformar a instável seleção brasileira num favorito à conquista da Copa do Mundo.
Felipão terá de ter o apetite de um iniciante para completar a missão. O apetite de quando surgiu como Luiz Felipe. O cara que garimpou jogadores na América do Sul para o Grêmio, que ensaiou jogadas, que decifrou os pontos fortes dos adversários, que trabalhou bem com os garotos.
Felipão terá de despertar o seu lado Luiz Felipe, se é que ele ainda existe...