sábado, 1 de dezembro de 2012

Destaque do Auckland, ex-companheiro de Messi elogia Corinthians

Estádio do Dragão, 16 de novembro de 2003. Entre os jovens que estreavam pelo time principal do Barcelona em um amistoso contra o Porto, estavam Lionel Messi e Manel Expósito. Um deles se transformou no melhor jogador do mundo. O outro disputará seu segundo Mundial de Clubes pelo Auckland City, da Nova Zelândia. 

Manel, 31 anos recém-completados, rodou por vários clubes menores do futebol espanhol antes de aceitar o desafio de atuar na Oceania, a convite do técnico Ramón Tribulietx, seu compatriota. Conquistou dois títulos continentais pelo Auckland, marcando em ambas as finais, e é o principal nome da equipe que estreia na quinta-feira contra o Sanfreece Hiroshima, campeão japonês.

Para o Auckland, vencer o primeiro jogo significa no mínimo dobrar a cota inicial de participação, de US$ 500 mil. Caso consiga uma improvável segunda vitória contra o Al Ahly, do Egito, será o adversário do Corinthians na semifinal.

Em entrevista ao blog, Expósito falou sobre sua história no futebol, a realidade de quem atua na Nova Zelândia e mostrou conhecimento sobre o Corinthians, apesar de não acreditar muito em um possível confronto.

Você fez aniversário ontem. Como foi a comemoração?

Pouca festa, evidentemente, um aniversário mais "light". Festejamos em Hong Kong, na sala do aeroporto, com um bolo, pouca coisa.

Como está a preparação do Auckland para o Mundial?
Amanhã jogamos um amistoso a portas fechadas (contra o Matsumoto Yagama, da segunda divisão japonesa), é mais um treinamento. Hoje treinamos em dois períodos, estamos trabalhando forte para estarmos prontos para o grande jogo.

O que sabem do Sanfreece Hiroshima? Já viram jogos?
Ainda não começamos a ver jogos deles, o treinador não quer que tenhamos obsessão com o adversário. Sabemos que é um time muito defensivo, mas que na frente têm bons jogadores, um ponteiro croata de muita qualidade (Mikic). Será um jogo complicadíssimo, mas por enquanto estamos trabalhando para chegar bem. Nos próximos dias devemos nos concentrar mais no rival e em como devemos atacá-los.

Messi foi mais uma vez indicado à Bola de Ouro. Naquele novembro de 2003, você imaginava que estava estreando com um futuro multivencedor do prêmio?
A verdade é que não. Sabíamos que Messi tinha expectativas especiais, tinha subido três categorias consecutivas na base, tinha grandes qualidades, mas não podíamos imaginar que ali estava um futuro Bola de Ouro. Para mim é um privilégio hoje poder dizer que estreei com ele.

Imagino que sejam boas lembranças daquele jogo no estádio do Dragão.
Evidentemente é um dia gravado na minha mente. Estrear no time principal, a primeira vez em um estádio tão grande... Nem todos conseguem estrear no time principal do Barcelona, eu me lembro de cada segundo.

Que outros jogadores do atual Barcelona estavam naquele time?
Havia Victor Valdés, Xavi, Iniesta, Puyol... Hoje restam poucos. Na época o time tinha muitos brasileiros, como Ronaldinho e Edmílson, e muitos holandeses.

Você teve lesões que impediram seu progresso no Barcelona.
Tive a má sorte de fraturar um dedo do pé. A princípio não era nada complicado e em três meses eu devia estar jogando. Decidiram me operar e colocar um parafuso no dedo. Parece que não foi o procedimento correto, a fratura não fechava, e em vez de três meses fiquei um ano e meio parado. Creio que tenha influenciado, mas assim é a vida, você não pode olhar para trás. Nunca se sabe o que teria acontecido se não tivesse me machucado.

Ouça a primeira parte da entrevista com Manel Expósito, do AucklandOuça a primeira parte da entrevista
E como apareceu a chance de jogar na Nova Zelândia?

A oportunidade veio com um convite do Ramón, que foi meu técnico na segunda divisão espanhola. Foi ele quem me procurou, me falou da possibilidade de cruzar o mundo e conhecer uma nova liga. Não pensei duas vezes. É claro que a possibilidade de jogar a Champions League da Oceania e chegar a um Mundial me interessou muito.

O que se pode dizer do futebol na Nova Zelândia? Como vive um jogador por aí? As pessoas te reconhecem?
É um pouco mais curioso, é diferente. Aqui o esporte-rei é o rugby, é como o futebol na Europa, na América do Sul. Vivem por isso. O futebol fica em segundo plano. Nosso clube é semiprofissional, alguns jogadores têm de trabalhar. A vida é muito tranquila. Não existe assédio de fãs ou coisas assim. Com relação ao futebol, nosso clube é um dos melhores da liga, que é muito mais física se comparada à da Espanha, por exemplo. Aos poucos, com os títulos que conseguimos, vamos representando a Oceania e a Nova Zelândia no Mundial e vamos crescendo. A Nova Zelândia foi à Copa do Mundo, saiu invicta. O futebol vai ganhando espaço, mas é muito difícil porque a cultura é do rugby.

Você pode dizer que já fez um gol em final de Champions.
Em duas! Nas duas finais que disputamos pude marcar. Para um atacante, é o melhor que pode acontecer. Marcar em uma decisão e levar seu time ao Mundial.

Ouça a segunda parte da entrevista com Manel Expósito, do AucklandOuça a segunda parte da entrevista
O que você pode dizer sobre o Corinthians, possível adversário em uma semifinal?

Temos de reconhecer que não pensamos no Corinthians, precisamos ser realistas. Nosso jogo é com o campeão da J-League, e se ganhamos ainda temos de enfrentar o Al Ahly, campeão africano. Mas acompanho o futebol mundial, sei que o Corinthians tem um grande time, joga no 4-2-3-1, tem grandes jogadores como Romarinho, Douglas e Emerson. São muito bons tecnicamente, como se define o futebol brasileiro. Vi alguns jogos, é um time rapidíssimo, e para ganhar a Libertadores precisa ser um timaço. Seria um sonho enfrentá-los, mas precisamos ser realistas e encarar jogo a jogo.

Em uma final entre Corinthians e Chelsea, vê boas chances para o time brasileiro?
Claro! O time brasileiro é um timaço, salvo surpresas fará a final com o Chelsea. O Chelsea não vive seu melhor momento e vejo no Corinthians a chance de fazer frente.

Há muito dinheiro em jogo. São 500 mil dólares a mais se ganham o primeiro jogo. Como é a divisão do dinheiro?
É um pouco estranha. A metade do prêmio vai para a liga da Nova Zelândia, e é dividida entre os outros clubes, para desenvolvimento do campeonato. A outra parte cabe ao clube, é dividida entre todos, incluindo os jogadores. Não sei exatamente como será repartido. mas naturalmente a parte é pequena porque há essa exigência de dividir com a liga.

Você acredita que o Mundial pode ser uma vitrine para que te vejam outros times?
Não tenho planos agora. Estou feliz no Auckland, é um clube muito familiar, onde nos tratam bem e tenho muitos amigos. Naturalmente, se você joga bem e recebe ofertas, tem de considerá-las. Também não estou fechado a nada, seja um retorno à Europa ou uma ida a outras partes do mundo. Mas estou mais centrado e quero pensar apenas no Auckland.

O Barcelona tem jogadores que saíram da base e retornaram para jogar no time principal, como Fàbregas, Piqué e Alba. Quando você saiu, pensou que poderia voltar um dia?
É muito complicado voltar. Uma vez que você sai, é difícil imaginar um retorno. No meu caso, tendo ficado um ano e meio parado, fica ainda mais complicado. Naturalmente você pensa nisso, mas quando eu saí só queria me sentir um jogador de novo, sem dores no pé, e desfrutar do futebol.

Você teve contato com as pessoas do Barcelona ano passado, no Mundial?
Infelizmente, fomos embora antes que eles chegassem, já que fomos eliminados no primeiro jogo.

Ouça a terceira parte da entrevista com Manel Expósito, do AucklandOuça a terceira parte da entrevista