terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Derrota instrutiva


Veja você como é o futebol. O Corinthians embarca para o Japão na madrugada de amanhã, em busca do segundo título mundial, e quem fez a festa na saideira foi o São Paulo. Na rodada de encerramento do Brasileiro, parecia que era a turma tricolor quem se preparava para a aventura no Oriente, onde já faturou a taça três vezes, e não o pessoal alvinegro. Ney Franco escalou um monte de reservas e se deu melhor do que o colega Tite, que optou por força máxima e viu o time levar de 3 a 1, com direito a olé! nos minutos finais. Uma equipe se dedicou ao clássico como se ele contasse como decisão; a outra puxou o freio de mão.
O resultado faz alguma diferença para a competição no Japão, na qual o Corinthians estreia no dia 12? Sim. E atrevo-me a dizer que não prejudica nada, ou surtirá efeito positivo no campeão da Libertadores, se técnico e jogadores souberem aproveitar lições. A principal, e óbvia: o sinal de alerta deve ficar ligado do começo ao fim. No jogo de bola, vacilos e displicência são fatais.
O Corinthians foi desatento diante de um rival que deu descanso aos titulares porque tem duelo pela Sul-Americana no meio da semana. Na teoria, o São Paulo estava enfraquecido, pois as estrelas da companhia assistiam do banco de reservas ou das numeradas. Por isso, seria bom sparring para o ensaio geral derradeiro dos campeões continentais antes de encararem japoneses, africanos, o Chelsea ou quem vier pela frente.
Na prática, ocorreu o contrário. O Corinthians limitou o repertório convincente aos minutos iniciais, em que mostrou bom toque de bola, deslocamentos ágeis e chegou ao gol de vantagem, marcado por Paolo Guerrero. Ilusão fugaz, que não durou três minutos, tempo suficiente para levar o empate, no gol de Douglas. E ainda tomou a virada, com golaço de Maicon. Até dava para ir para o intervalo com novo empate, se o juiz não anulasse gol normal de Jorge Henrique. No segundo tempo, Maicon outra vez se encarregou de selar o placar.
Os corintianos juraram que não, mas vários encararam o clássico como se fosse um recreativo, na base dos dois toques. Gente eficiente, como Paulinho e Danilo, atuou muito abaixo do habitual. Douglas também entra na lista. A impressão era a de que houve medo de contusão, num momento que antecede desafio tão particular como o Mundial de Clubes. A sensação de resguardo se acentuou ainda na metade da etapa inicial, com o peruano Guerrero a sair de campo machucado. Normal que, num ocasião dessas, os demais pensem na hipótese de sofrer algo semelhante. Daí a encolher a perna é um passo...
Tite terá horas e horas de voo para resolver algumas questões. Wallace, por exemplo, não esteve bem na zaga. Enroscou-se em lances dos gols são-paulinos. Jorge Henrique é outro. Manhoso e barraqueiro, com frequência deixa os marcadores em maus lençóis. A catimba dessa vez o pegou em cheio, ao levar vermelho por desferir pontapé em Casemiro, numa jogada em que ambos estavam caídos. Pra mim, o árbitro foi rigoroso; bastava amarelo. Mas vale o aviso, para que não apronte no Japão.
Enfim, o até logo aos fiéis não seguiu o roteiro imaginado. Mas, melhor levar olé! agora, em casa, e reagir, do que entrar na roda do outro lado do mundo. Como aconteceu no ano passado com o Santos. Isola!!!
Resgate e queda. Lusa e Bahia conseguiram pontos salvadores e permanecem na elite. O Sport reagiu no segundo turno, mas volta para a Série B. Não houve surpresas na rodada final.