segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Gigante Barcos


O gol de empate marcado por Barcos, aos 46 minutos do segundo tempo, deixou uma sensação boa no ar. De luta, de resistência, de sobrevivência, do grupo que não se entrega. Mas um ponto não muda muita coisa, apenas mantém o Palmeiras estacionado numa crise que ganhou mais um componente: a vitória do Sport sobre o Vasco coloca o time pernambucano mais forte na luta contra o rebaixamento.
O Botafogo não precisou jogar muito para produzir seus gols. Na fase do Palmeiras, basta esperar pelo erro. Ele sempre aparece, como no passe do zagueiro Maurício Ramos nos pés de Andrezinho, responsável pelo contra-ataque e o gol de Lodeiro.
O retalho psicológico em que se transformou o Palmeiras sufocou a confiança, e a falta dela elimina o passe. O time se resume às bolas despejadas sobre a área, como no primeiro gol de Barcos, em mais um escanteio de Marcos Assunção. Essa era a única maneira de encontrar Barcos no jogo, cruzando bolas, pois não havia passe para ele. Patrick Vieira, Wesley e Luan jogaram no espaço entre os volantes e o centroavante, mas produziram muito pouco.
O pecado do Botafogo foi apostar apenas nos contra-ataques a partir dos 26 minutos do segundo tempo. Depois do gol de Elkeson, Oswaldo Oliveira trocou o atacante Lodeiro pelo zagueiro Briner. Assim terminava a dificuldade palmeirense de levar a bola até a área.
A marcação botafoguense recuou para um setor do campo onde já era possível fazer cruzamentos. O Palmeiras fez 33 deles na partida até novamente encontrar Barcos, o sujeito capaz de, no meio da crise, ainda dominar a bola no peito e mandar no ângulo do goleiro.
A permanência na primeira divisão passa por jogar bem, passa pela recuperação de um futebol perdido na conquista da Copa do Brasil. Mas é preciso ressaltar a natureza de cada competição, as diferenças entre os jogos eliminatórios e os pontos corridos.
Muita gente no Palmeiras ainda vive no tempo em que bastava colocar o time dentro de campo e esperar pelas vitórias. O futebol já foi mais simples, menos complexo. Hoje está mais exigente. O resultado estampado no placar nem sempre é obra apenas do que se faz no gramado. E o Palmeiras sabe disso. Matéria do repórter Paulo Galdieri, publicada na sexta-feira, mostra o resultado de análise feita por uma consultoria contratada pelo presidente Arnaldo Tirone para mergulhar na vida administrativa e financeira do clube.
O trabalho gerou 13 recomendações para alavancar a instituição. Em final de mandato, Tirone se defende, diz que as principais sugestões foram adotadas, que teve gente competente na diretoria, gente que sempre agiu com profissionalismo. Conclui-se, então, que a possível queda será apenas um acidente.
Acidente que Barcos e Marcos Assunção ainda pretendem evitar. Enquanto a tabela de classificação permitir restará esperança para o torcedor palmeirense, como no gol do argentino.