segunda-feira, 29 de outubro de 2012

PSG ainda vai sofrer bastante na temporada


Ibrahimovic: dez gols em dez rodadas, igualando a marca de Benzema, pelo Lyon, na temporada 2007/08
Ibrahimovic: dez gols em dez rodadas, igualando a marca de Benzema, pelo Lyon, na temporada 2007/08
Neste final de semana o Paris Saint-Germain venceu o Nancy por 1 a 0 e assumiu, graças também ao cancelamento de Lyon x Olympique de Marselha, a liderança isolada do Campeonato Francês. Partida pobre, com o PSG atuando sem vontade e mal escalado por Carlo Ancellotti. Mas, aos poucos, o time vai tomando conta da Ligue 1. Por mais que a vantagem ainda seja pequena após dez rodadas, a tendência é que o vexame da temporada passada - quando perdeu o título para o Montpellier - não se repita e a torcida comemore seu terceiro título da competição.

É, sem dúvida alguma, um dos times mais fortes do planeta. Graças ao seus petrodólares, tem um dos maiores orçamentos do mundo, o que lhe permitiu o maior investimento em contratações na última janela de transferências - quase 150 milhões de euros. Tem na sua forte defesa o melhor zagueiro do mundo, Thiago Silva; no meio, escala uma das maiores promessas do futebol mundial, Marco Verratti; e na frente conta com os gols e todo talento de Zlatan Ibrahimovic.

Por que, então, o Paris Saint-Germain não pode ser cotado como um dos favoritos ao título da Liga dos Campeões? Porque o clube não tem experiência europeia suficiente para lutar de igual para igual com os gigantes do continente.

Não é uma questão fácil de se explicar, já que não é algo tangível. Você não define "experiência europeia" com números e estatísticas apenas. Claro que estas mostrarão muita coisa, mas esconderão tantas outras. Para exemplificar melhor issso, recupero um trecho de uma entrevista que fiz com o meia brasileiro Nenê, em setembro, no programa Futebol no Mundo, da Rádio Estadão ESPN.

"Mudou bastante. Antes o grupo era mais reduzido, tínhamos um time com 11 titulares e alguns outros jogadores que conseguiam manter o nível. Agora são dois times completos, com o mesmo nível de jogadores, experientes e importantes. A pressão aumentou, agora temos que ser campeões. Na temporada passada passamos perto, e se não conquistarmos o título agora será um passo atrás. Mudou também bastante coisa em relação à estrutura do clube, o pensamento e a mentalidade", afirmou Nenê, questionado sobre as mudanças ocorridas desde a chegada dos xeiques árabes.

O último trecho diz muito. Qualquer clube possui características próprias. Alguns estão mais acostumados com determinadas competições, por isso as levam com mais tranquilidade. Recupero, por exemplo, o caso do Corinthians com a Libertadores. A partir do momento em que a competição sul-americana passou a ser tratada com mais naturalidade por diretoria e torcida, a pressão diminuiu. A mentalidade do clube mudou. 

O Paris Saint-Germain passará, obrigatoriamente, pelas mesmas experiências. Apenas contratar jogadores internacionais não resolve essa questão. A Liga dos Campeões ainda é um objetivo distante, porque dinheiro não compra tradição e experiência europeia. Vide o exemplo do Chelsea, que precisou de nove anos para conquistar a Champions como novo rico, e o Manchester City, que sofre pela segunda temporada consecutiva, mesmo tendo um dos elencos mais espetaculares do futebol.

Nesta Liga dos Campeões, especificamente, o PSG deve avançar sem muitas dificuldades, já que Dynamo Kiev e Dinamo Zagreb são muito inferiores tecnicamente. Depois dependerá da sorte no sorteio, mas não vejo a equipe francesa indo longe. Diferentemente da Ligue 1, onde qualquer resultado além do título incontestável será um fracasso.