terça-feira, 23 de outubro de 2012

Estrelas menores


Faltavam três minutos para terminar o clássico que Atlético-MG e Fluminense faziam em Belo Horizonte e eu começava a batucar a crônica desta segunda-feira. O tema estava na cabeça e girava em torno da importância de Diego Cavalieri e Fred para o empate que deixava o líder tricolor com a mão na taça de 2012. E reservava elogios para Ronaldinho, que teve desempenho impecável, mas insuficiente para garantir a vitória ao alvinegro mineiro, premissa imprescindível para manter o sonho do título.
Mal havia escrito a primeira frase e vejo que a bola levantada com doçura pelo gaúcho, quase aos 47 do segundo tempo, encontra a cabeça de Leonardo Silva. O zagueiro grandalhão saltou mais de um metro, escorou com vontade e mandou a manhosa no ângulo esquerdo, para desespero de Cavalieri: 3 a 2. Nem dava tempo para mais uma reação. Resultado apertado, suado, festejado, que recoloca o Galo na trilha de uma conquista que persegue desde 1971.
Com o gol, veio o estalo óbvio, e não o genial como o do padre Vieira: nem sempre os astros de primeira grandeza resolvem. Eles são a geleia real do futebol, representam o requinte, sintetizam a arte, chamam a atenção do público. Mas o joguinho de bola é feito também, e sobretudo, por coadjuvantes, as estrelas secundárias, aquelas de menor brilho, e que ainda assim resplandecem, oras!
O caminho do Atlético foi iluminado na tarde de ontem, no Estádio Independência, pelos personagens secundários Leonardo Silva e Jô. Ambos fizeram os gols, com participação inestimável de Ronaldinho e Bernard, por exemplo. Não foram os arquitetos, mas os peões que deram a estocada final nas jogadas, colocaram nos pés e na cabeça a esperança de milhões de torcedores mineiros.
E a dupla teve motivos para sair de campo cabisbaixa, assim como os fãs locais. Jô mandou uma bola no travessão, ainda no 0 a 0. Leonardo Silva cometeu falta pra cima da barreira do Fluminense, no início da partida, numa cobrança de falta a favor do time dele. É doido, mas foi isso mesmo. Por isso viu ser anulado o gol de Ronaldinho. (Lance polêmico, que deu bafafá danado e que eu teria deixado correr sem interferência. Mas como não sou juiz...) No entanto, sentiram o gosto de ir para casa como heróis. O futebol é assim, democrático.
O prognóstico indicava partida movimentada, tensa, com muita dramaticidade. Pois aconteceu tudo isso. Atlético e Fluminense foram protagonistas do melhor momento do campeonato até agora. Mais por mérito, necessidade e iniciativa dos mineiros. A turma de Cuca esteve melhor do que a rapaziada de Abel Braga, criou inúmeras chances, mandou três bolas na trave, emperrou em defesas de Cavalieri, irritou-se com a decisão do árbitro no famigerado lance de Ronaldinho.
O Atlético-MG sabia que era a oportunidade derradeira para deixar a competição aberta; daí, jogar-se nesse tira-teima com corpo e alma. O prêmio veio na forma de vitória e três pontos (agora são 63 contra 69). Mas, para não esnobar o rascunho deste artigo: como tem jogado o trio Cavalieri, Fred e Ronaldinho. Sem exagero, estão entre os melhores do ano.
Vacilo tricolor. O São Paulo apresentava ritmo demolidor nas últimas oito rodadas. Entrou no bloco principal e poderia ontem dar o bote para beliscar a terceira colocação, após o empate do Grêmio com o Coritiba no sábado (0 a 0). Mas se comportou de maneira dispersiva diante do Fla, cansou no segundo tempo, perdeu pênalti e a partida. Chato falhar na hora