O Fluminense agradece o empate sem gols em Belo Horizonte. Mas quem assistiu ao duelo entre os outros dois candidatos ao título brasileiro de 2012 não pode reclamar do que viu. Principalmente no duelo tático entre times e treinadores.

Ao contrário do que o blog tentou prever (RELEIA AQUI), Cuca começou com Carlos César na lateral direita, Leonardo na frente e Guilherme pela direita. Provavelmente para não mudar as características dos substitutos de Marcos Rocha e Jô, mas fazendo uma alteração em função do adversário.
O treinador atleticano definiu as perseguições individuais: Pierre pegava Elano e Leandro Donizete cuidava de Zé Roberto. Richarlyson se juntava a Leonardo Silva e Rever para marcar Marcelo Moreno e Kléber com sobra. Pela direita, Carlos César batia com Anderson Pico, já que Guilherme ficava mais centralizado, dividindo com Ronaldinho a atenção de Souza e Fernando.
A movimentação defensiva mudou a dinâmica de ataque do Galo e confundiu o Grêmio de Luxemburgo. O 4-4-2 “híbrido” dos últimos jogos – duas linhas de quatro sem a bola e muita movimentação do quarteto ofensivo em um típico 4-2-2-2 na transição ofensiva – deixava muitos espaços às costas dos volantes (ou meias centrais) e Carlos César voava para cima do lento Anderson Pico, com Fernando atento a Guilherme sem poder auxiliá-lo e Zé Roberto sem saber a quem marcar.


As perseguições individuais do Galo confundiram o Grêmio de Luxa
As perseguições individuais do Galo confundiram o Grêmio de Luxa

Depois de 15 minutos de pressão e muita intensidade dos donos da casa, Luxa corrigiu invertendo o posicionamento de Elano e Zé Roberto e quebrando o ritmo com jogo de passes curtos, ganhando metros de campo e obrigando o adversário a marcar de forma menos agressiva. O primeiro tempo seguiu intenso, pegado e mais igual, apesar dos 63% de posse atleticana. Inclusive nos chutes no travessão: Carlos César ganhando de Pico e batendo forte; Elano em cobrança de falta.

Na segunda etapa, foi a vez de Luxa confundir o técnico do oponente. Abriu Kléber pela esquerda e repaginou o tricolor gaúcho numa espécie de 4-2-3-1, centralizando Zé Roberto. Para não prender Carlos César, Cuca abriu Leonardo Silva quase como lateral para acompanhar o Gladiador, centralizou Richarlyson e abriu Pierre pela esquerda para seguir acompanhando Elano. Não funcionou e o Grêmio cresceu no jogo.

Também pela ótima atuação de Pará, que anulou Bernard e ainda apareceu na frente para roubar bola de Richarlyson na intermediária atleticana e servir Moreno, que perdeu gol feito em uma das nova conclusões erradas dos gremistas – apenas duas na direção da meta de Victor contra cinco do Atlético-MG (sete no total). Pouco antes, Cuca tentou melhorar a produção ofensiva com Neto Berola na vaga de Guilherme, mas o time mineiro perdeu força. 

Com Marquinhos, Léo Gago e André Lima nas vagas dos exaustos Elano, Zé Roberto e Kléber, o Grêmio ficou preso atrás nas duas linhas de quatro e perdeu a saída para os contragolpes. Mas Cuca também não foi feliz nas mexidas. Serginho não manteve a força ofensiva de Carlos César nem Ronaldinho foi a esperada referência na frente com a troca de Leonardo por Escudero. O Galo ficou com a bola (terminou com 53% de posse), mas pouco criou.

De notável, apenas as duas faltas na entrada da área sofridas por Neto Berola que Heber Roberto Lopes não marcou provavelmente pelo histórico de simulações do atacante. Pouco para times que precisavam tanto da vitória para não verem o líder abrir vantagem e pela expectativa do reencontro de Victor com o Grêmio e Luxemburgo com Ronaldinho.

Mas não o suficiente para entrar em desespero. A disputa segue aberta e interessante. Tão boa quanto a partida e o duelo tático no Estádio Independência.