terça-feira, 25 de setembro de 2012

Investimento e experiência: perigos africanos para o Corinthians

O futebol africano foi o responsável por acabar com uma das máximas que imperavam sobre o Mundial de Clubes da Fifa, desde que assumiu o atual formato. Antes de 2010, quando o Mazembe eliminou o Internacional e chegou à decisão do título, as semifinais do torneio eram vistas como meras formalidades para os representantes de Europa e América do Sul.

A lembrança de dois anos atrás tem de estar viva para o torcedor do Corinthians, que pode ver seu time enfrentar o campeão africano na luta por uma vaga na final. Será o caso se o vencedor da CAF Champions League superar, em seu primeiro compromisso, o vencedor do duelo entre o campeão japonês da temporada e o Auckland City, campeão da Oceania.

O torneio de clubes africano está na fase semifinal, que terá seus jogos de ida no primeiro fim de semana de outubro. O Mazembe pega o Espérance, da Tunísia, enquanto os egípcios do Al Ahly medem forças com o Sunshine Stars, da Nigéria.

Bicampeão africano em 2009 e 2010, o Mazembe só não teve a oportunidade de buscar o tricampeonato em 2011 por causa da escalação de um jogador irregular nas fases classificatórias. 

A principal força do time é o entrosamento do elenco, que mantém a base há várias temporadas, incluindo o folclórico goleiro Kidiaba, que chamou a atenção por suas curiosas celebrações. Os defensores Sunzu e Sinkala ajudaram a Zâmbia a conquistar a Copa Africana de Naçoes no início do ano e também são peças importantes.

O Mazembe, que já havia sido bicampeão continental nos anos 60, voltou a ser uma potência continental graças ao investimento do empresário Moise Katumbi Chapwe, governador da província de Katanga, sul da República Democrática do Congo. 

O encontro com o Espérance na semifinal é motivo para boas lembranças. Foi justamente o time tunisiano o adversário na última conquista, em 2010, quando o Mazembe goleou por 5 a 0 na primeira partida e confirmou o título com um empate por 1 a 1 na volta. 

O Espérance, que deu a volta por cima com o troféu em 2011, espera se vingar dos congoleses e confia muito no futebol do talentoso meia-atacante Youssef Msakni, que aos 21 anos já é figura importante na seleção nacional. Caso vá ao Mundial, terá reforço importante no ataque: Emmanuel Clottey, artilheiro da CAF Champions League pelo Berekum Chelsea, de Gana.

Do outro lado da chave, o Al Ahly tem alguns dos jogadores mais experientes do futebol africano. O momento do futebol egípcio, porém, não é dos mais animadores. O clube ainda vive o trauma do massacre que vitimou 74 torcedores em Port Said, no início do ano, e provocou o cancelamento da temporada 2011/12. A seleção ficará fora da CAN pela segunda edição consecutiva.

A temporada egípcia começa em outubro e o Al Ahly, de nomes como Aboutrika, Barakat e Gomaa, espera recuperar algum ritmo de competição. O clube é recordista em participações no Mundial da Fifa, com três, e tem o terceiro lugar de 2006 como melhor colocação, alcançada com a vitória sobre o América do México após perder a semifinal contra o Internacional.

O Sunshine Stars, adversário do Al Ahly, fica atrás dos concorrentes em termos de estrutura e já é vitorioso por alcançar as semifinais em sua primeira participação no torneio. Discussões entre jogadores e dirigentes por pagamentos atrasados têm afetado a preparação da equipe para o confronto.

Assim como o Mazembe, o Sunshine Stars tem um político como investidor. De acordo com a imprensa nigeriana, porém, Olusegun Mimiko tem deixado a equipe de lado em prol de sua campanha pela reeleição ao governo de Ondo State.

Em tempo: no Japão, faltando oito rodadas para o final, o líder é o Sanfreece Hiroshima, com 50 pontos. Os principais concorrentes são o Vegalta Sendai, com 48, e o Urawa Red Diamonds, com 45. Dos três, apenas o último tem experiência prévia em Mundiais.