terça-feira, 17 de julho de 2012

LONDRES 2012: Choveu, o folclore londrino dançou, e o orgulho de ser brasileiro em Amsterdã

Havia a ilusão de que, enfim, chegaria o verão! Neca de pitibiribas.

Em Londres, nego acredita que o tempo de 15 de julho é o mesmo de até 40 dias depois. Ou seja, se não choveu é que não choverá, conforme diz a lenda de Santo Swithin, bispo saxão antes dos anos mil. Domingo foi o único dia totalmente seco desde maio, mas nesta manhã a esperança foi por água abaixo. Literalmente. Choveu e continua chovendo o dia inteiro. E faz até um pouquinho de frio. A previsão do santo foi mais para Mãe Dinah ou Fundação Cacique Coral .
Os atletas chegam aos montes e as ruas estão mais enfeitadas. A faixa olímpica já é usada para aliviar o trânsito, e a segurança está bem mais visível nas estações de metrô e trens e nos aeroportos. É uma Londres muito diferente de algumas semanas, onde se respirava Eurocopa, torneio de Wimbledon e o jubileu de 60 anos da rainha. Como diria o outro, eis que a Olimpíada está chegando.
Brasil em Amsterdã
Dei um tempo em Londres, passei por Paris e Amsterdã. Na capital francesa, contei com a sorte: era 14 juillet, dia em que se comemora a Queda da Bastilha. Após o jantar, os parisienses correram para as margens do Sena e a queima de fogos, a la réveillon de Copacabana, com a Torre Eiffel iluminada, emocionou. Foi a primeira festa oficial do novo governo socialista de François Hollande, após o desastre com o baixinho Nicolas Sakorzy e sua fiel escudeira, a linda Carla Bruni, que, convenhamos, é areia demais para o caminhãozinho do cara.

Em Amsterdã, mesmo com chuva todos os dias, deu para fazer de tudo um pouco: andar a pé, alugar bicicleta para uma voltinha, passear de barco, comer bem, visitar museus (o do Van Gogh não deu para entrar, tal o tamanho da fila), fazer um tour pelo estádio do Ajax e, o que mais me chamou a atenção, uma biblioteca da cidade (a maior em tamanho da Europa e um primor de arquitetura e acervo).
Foi uma tarde só, mas deu para vasculhar. Senti orgulho. O Brasil está muito presente no belíssimo prédio na entrada do Mar do Norte, na capital holandesa. No piso, onde estão os CDs e os vídeos de música, é até brincadeira: Maria Creuza, Erasmo Carlos, Guinga, Caetano, Gil, Zélia Duncan, Toninho Horta, Paulo Moura, Hermeto... Imagine um nome, e você acha.

ESPN.com.br
Erasmo Carlos
Erasmo Carlos, Maria Creuza, Guinga, Caetano, Gil, Zélia Duncan... Brasil está muito bem representado na Holanda

Na literatura, pesquisei rapidamente no computador e também achei alguns livros em estantes: Rubem Braga, Jorge Amado, Euclides da Cunha (‘Os Sertões’, é claro), Machado de Assis, Drummond, Chico Buarque e um que me tocou em especial: “Infância”, de Graciliano em holandês. Além de Paulo Coelho, como sempre. Na área de Portugal, havia muita obra de Saramago, Fernando Pessoa e até os sermões do Padre Antônio Vieira, com tradução inclusive para a língua deles. No andar da arquitetura, há inúmeras publicações de e sobre Oscar Niemeyer. Saí da biblioteca com a alma lavada.

Estádio João SaldanhaTô nessa! Lembrança mais do que justa. E não precisa de batismo oficial, não. É só a gente sair falando, escrevendo, que a coisa pega. O ‘João Sem Medo’ é danado mesmo! Quem diria que, anos e anos depois de sua morte, fosse passar uma rasteira, com classe, no empertigado (para não dizer outra coisa) xará belga.

Lobo não é mais solitárioCom a chegada de mais da metade de nossa equipe a Londres, o lobo não se sente mais sozinho. Está agora na companhia dos amigos. Uma alcateia que vou te contar