segunda-feira, 7 de maio de 2012

Operários e um grande maestro. É a Juve campeã!

Dias atrás, Antonio Conte afirmou que um título da Juventus nesta temporada lembraria a inesperada conquista do Verona em 1985. Naturalmente, é um exagero. Não dá para comparar mais uma conquista do maior campeão italiano da história à de um time pequeno. Ao usar a hipérbole, Conte remete ao fato de que poucos seriam capazes de apostar na Juve no início da temporada.

Uma desconfiança que soava natural, depois de dois anos consecutivos passando vergonha. Os bianconeri pareciam distantes de recuperar a grandeza de outros tempos, a força arrancada pelos atos inconsequentes dos dirigentes que levaram o time à segunda divisão.

Até mesmo a escolha de Conte, que vinha de um ótimo trabalho com o Siena, era motivo para ficar com o pé atrás. A aposta em um antigo jogador do clube já havia sido feita com Ciro Ferrara, e os resultados não apareceram. Conte, porém, foi capaz de construir uma equipe à sua imagem e semelhança, aguerrida e disciplinada.

O mercado conduzido por Beppe Marotta foi crucial para que tivesse as peças necessárias. Desde operários valiosos como Vidal e Lichtsteiner até o maestro Pirlo, que acabou com as dúvidas de quem o via em declínio. Quem não estivesse disposto a se sacrificar pelo time teria de ficar de fora - que o digam Krasic e Elia, por exemplo.

Conte não foi refém de um esquema. Assim que notou que seu 4-4-2 com ares de 4-2-4 não teria sucesso, adaptou suas peças a um 4-3-3 com Pirlo em sua posição ideal, de armador recuado. Marchisio e Vidal completaram um sólido meio-campo, de um time caracterizado por ser uma cooperativa de gols - o artilheiro, Matri, fez apenas 10.

Uma conquista especial para estandartes como Buffon e Del Piero, que estavam em campo no último título oficial, em 2003, e viveram junto com o torcedor a agonia de ter conquistas cassadas e ter de jogar a Serie B. Del Piero foi um profissional modelo ao aceitar um papel de coadjuvante no elenco, mesmo depois de saber que não teria seu contrato renovado.

A Juve conquista o scudetto contra um Milan de maiores meios técnicos - e um Ibrahimovic que, pela primeira vez, não se sagra campeão italiano em campo. Um time de história gigantesca soube identificar a necessidade de se impor na vontade e na determinação para terminar na frente.

E assim foi. Uma história que ainda não termina aqui, já que na próxima semana o time pode se confirmar campeão invicto contra a Atalanta, antes de decidir a Copa da Itália contra o Napoli. É possível até terminar toda a temporada com dobradinha e sem derrota em jogos oficiais. Um brinde à Velha Senhora!