segunda-feira, 7 de maio de 2012

Imbatível, Gabriel Medina vence em Lowers

Mais um dia histórico para o surf brasileiro começou com o sol aparecendo, esquerdas e direitas de 4 a 5 pés, terral. O último dia do Nike Lowers Pro prometia ser um show na corrida pelos 40 mil dólares, o troféu de ouro e 6500 pontos para o Ranking Mundial. Foi o show do GabriAir.

Medina e Miguel podem começar uma nova ferrovia, de ouro, no Brasil.
Medina e Miguel podem começar uma nova ferrovia, de ouro, no Brasil.
Crédito da imagem: DaTela
Estávamos nas quartas. Glenn dominou as esquerdas e a prioridade. Mesmo manobrando longe do pocket fez mais pontos. Jeremy pegou o primeiro e único tubo do evento. Ontem venceu a bateria com a prancha da Lisa Anderson, deveria ter surfado com ela hoje. Depois de quebrar sua prancha na bateria ficou a pé. Gosto mais do surf do Jeremy, mas Glenn foi mais eficiente e Jeremy ainda fez uma interferência achando que tinha a prioridade. [13.30 X 12.67]

Jeremy pegou o único tubo do evento.
Jeremy pegou o único tubo do evento.
Crédito da imagem: Hilleman
Contraste interessante. Dinamismo de Florence X power de Tanner. Gudauskas pegou a melhor da bateria logo de cara [7.67], mas, só depois de uma eternidade, faltando 6 minutos para o fim da bateria, Tanner pegou sua segunda onda. Enterrou-se. Esperou a boa, mas esperou demais. Florence estava passeando seu estilo pelas ondas simpáticas e já tinha 13.20 e a prioridade. Tanner perdeu precisando de apenas 5.53. Ainda foi numa menor e bateu na trave, fazendo 5.33. Mereceu perder. [13.20 X 13.00]

Gabriel Air Force detona novamente. Esse evento lembrou o de Imbituba
Gabriel Air Force detona novamente. Esse evento lembrou o de Imbituba, só que dessa vez ele estava muito mais calmo. Isso foi fatal para todos os seus oponentes.
Crédito da imagem: Hilleman
Lá foi Medina, abrindo a bateria com 9.00. Chega a ser desconcertante, para os outros competidores, claro. Dois gênios, um com objetivo, outro sem. Dane Reynolds estava fora de sincronia com as poucas ondas que surgiram. GabriAir foi perfeito em sua tática. Dane nem deveria estar ali. Quer dar show? Ótimo, mas então que o dê. Boiar na bateria toda sem fazer nada me parece falta de respeito com quem quer competir de verdade. GabriAir colocou o último prego no caixão do Dane ao esculhambar uma direita e afundá-lo de vez em “comboland”, com mais 9.20. Bem feito. [18.20 X 11.13]

Dane é um surfista incrível, mas um péssimo competidor.
Dane é um surfista incrível, mas um péssimo competidor.
Crédito da imagem: Hilleman
As ondas estavam menores, mas Adrian tirou tudo o que podia delas. Mesmo errando o ângulo de algumas manobras conseguiu demonstrar vontade e finalizar convincentemente. A escolha de ondas começou a pesar cada vez mais e não parecia ser o dia da família Gudauskas. Patrick mostrou o que sabe só numa direita e, faltando 3 segundos, quase virou numa esquerda, como fez ontem contra Occy. [13.83 X 13.50]

SEMIS

De todos na lista das dez melhores notas do evento [4 são do GabriAir], só Medina, descaradamente favorito, estava nas semis, onde chegou como único a fazer somatória na casa dos 18 e não 13 pontos como os outros nas quartas. Três desses atletas nas semis são goofys.
Florence, único regular no jogo, errou 3 ondas. Com mais de metade da bateria corrida quase acertou um rodeo de back. Glenn, com apenas 4.17 estava praticamente na frente. Precisava de apenas 0.40. Mandou “7.77 Occy Style” numa direita. Poucas ondas. Flo precisava de 9.44. Daí, Glenn foi numa direita deixando a de trás para Flo. Grande erro. Aéreo rodando, sem grab, monstro para marcar 9.00, numa só manobra. Faltando 2 minutos ele precisava fazer 2.94. E fez 3.17. Glenn, precisando de 4.41, nos últimos segundos, fez 4.83. Bateria esquisita, mas foi isso. Pensei que Flo estava escondendo o jogo na maior parte do evento, na real não encontrou seu jogo, mesmo acertando manobras sobrenaturais.

Nos primeiros segundos GabriAir fez o que fez o evento todo. Levantou o público. Aéreo rodando, estratosférico, variação de manobras assombrosa, fechando com outro aéreo improvável pela falta de tamanho da coitada da onda no inside. O primeiro 10 do evento era dele. Comecei a lembrar de Imbituba. Outro reverse, depois de duas rasgadas, mais 8.90. Ace havia marcado 6.00 pontos e ainda havia 22 minutos de bateria pela frente. Medina, aéreo rodando quase rotação total sem as mãos, tail slide reverse, air reverse [9.80]. Maior somatória do campeonato [19.80]. Assim não dá, deve ter pensado Ace, que não conseguiu se recuperar do choque de estar na maior combi, percisando de 19.81. Que massacre [19.80 X 8.43].

FINAL DO MEDINA
 


Esses foram os primeiros movimentos da final.
Medina estava de lycra amarela.
Foto: DaTela
Como deter esse cara? Deve ter pensado Glenn antes da bateria de 30 minutos. Nem os locutores, imparciais em teoria, acreditavam que havia jeito. Já sei, pensou Glenn: “vou fazer interferência na primeira onda que vier, assim acabo com meu desespero rapidamente”. E foi o que ele fez, mas os juízes não deram, ainda não entendi como. Medina parecia um pouco mais tenso. Eu estava muito. Em quatro ondas ele ainda não tinha nada maior que 6 pontos, diferente de todo o resto do evento. Numa onda menor Gabriel fez mais 6.30. Glenn ainda não tinha nada, só a prioridade. Mas Medina não parou e aumentou mais 7.17. com segurança nas rasgadas e fechando com aéreo rodando, claro. Glenn remou numa, não perdeu a prioridade [?], pegou a seguinte, uma boa direita, mas surfou como eu teria surfado [5.10]. Talvez eu não chegasse tão atrasado nas manobras. Metade de bateria. Série ao fundo. Medina foi, mas a onda miou. Glenn foi na onda errada. Sobrou a de trás para o Medina. Com cuidado, mandou duas manobras antes do slop air [8.50]. Faltando 3 minutos Glenn procurava um 9.90 num aéreo que nunca acertou. Gabriel, com calma, surfou outra esquerda, já como campeão. Não foi a final que eu esperava, mas valeu pela incrível campanha desse brasileiro que deixou os gringos de cabelo em pé. Festa verde e amarela nas areias da Califórnia. “I feel better than ever”, disse Madina.
Parabéns Gabriel Medina.

Medina fez justiça à fama que vem ganhando. Glenn levou a Irlanda à sua melhor colocação na ASP.
Medina fez justiça à fama que vem ganhando. Glenn levou a Irlanda à sua melhor colocação na ASP. Crédito da imagem: DaTela

Medina não foi só aéreos.
Medina não foi só aéreos.
Crédito da imagem: Hilleman
Os pais de Medina e toda a família estavam lá para comemorar mais esse feito do GabriAir.
Os pais de Medina e toda a família estavam lá para comemorar mais esse feito do GabriAir.
Crédito da imagem: DaTela
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EdiMilk