terça-feira, 22 de maio de 2012

O Chelsea, o Bayern, o Barça e a Liga: campeões nem sempre merecem

“Campeão com justiça” e “título merecido” são, em geral, duas das expressões mais utilizadas instantes depois de decisões de campeonatos.

Reparem: nas análises, um título nunca é conquistado sem justiça. O vencedor sempre merece a vitória, assim como o derrotado, mesmo criando mais oportunidades, faz por merecer sua derrota.

Depois dos jogos, explicações são sempre definitivas para justificar derrotas, transformando o futebol em ciência exata. Ganhou porque o time é “cascudo”, porque estava psicologicamente mais preparado, porque isso, porque aquilo.

É curioso, contudo, que todas as justificativas às vezes dependem de um único lance, de um mero detalhe, para mudar totalmente.

Cito o exemplo da última final da Liga dos Campeões. Tivesse Robben convertido o pênalti desperdiçado ou mesmo Drogba acertado a trave no cabeceio que deu o gol de empate ao Chelsea, a relação de explicações, justificativas e análises sobre o jogo mudaria completamente.

Explicações e justificativa para o título alemão brotariam fáceis e seriam até mais numerosas do que aquelas encontradas para justificar a conquista inglesa. E o Chelsea, essa é fácil prever, teria pagado o preço por abdicar do jogo.

Teremos sempre a opção de não analisar o mérito ou não de uma vitória ou de um título. De argumentar que atacar mais e criar mais chances não quer dizer merecer. A argumentação faz sentido, porque o futebol, apaixonante também por isso, permite a um time “jogar menos” (ou, ok, de forma menos ofensiva e vistosa) e vencer.

Foi o que fez o Chelsea. Diante de sua inferioridade incontestável nas semifinais, foi massacrado pelo Barcelona nas chances de gol criadas e na posse de bola. Mas ganhou. Repetiu a tática contra o Bayern, talvez com a justificativa de atuar fora de casa. E ganhou novamente.

Foi um campeão legítimo. Não burlou regras, não contou com a ajuda da arbitragem. E foi campeão. Por isso, incontestável.

Contou com o acaso, contou com a sorte? Contou. Não há demérito nisso. Sobretudo para vencer o Barcelona, o Chelsea precisava contar com a sorte. Fazia, aliás, parte da “tática” do time inglês, como chegou a afirmar o técnico Di Matteo antes dos embates.

Só acho o seguinte: se analisamos a "justiça", se queremos abordar esse tema, o principal aspecto da análise precisa ser a quantidade de chances criadas, a busca pelo gol e o número de finalizações (mais que a posse de bola, inclusive). A vontade de vencer.

Pra fazer essa análise, não temos que ter medo de "diminuir os campeões". Eles podem ser campeões legítimos e incontestáveis, mas podem, sim, merecer o título menos que seus adversários.

Foi o caso do Chelsea contra o Bayern.