terça-feira, 22 de maio de 2012

Euro 2012: Elogios já não bastam. Alemanha sabe que precisa vencer

A seleção alemã apresentou nos últimos anos um futebol de encher os olhos. Com um grupo de jogadores jovens, velozes, habilidosos e criativos, o time de Joachim Löw acumulou elogios por suas apresentações. Passou pelas eliminatórias da Euro 2012 sem desperdiçar pontos, e obteve vitórias convincentes em amistosos contra outras seleções de primeira linha.

O problema é que, para um país que se acostumou a sempre vencer, não basta apenas agradar aos críticos. Os 16 anos desde a última conquista, na Euro 96, já se aproximam do maior período de jejum desde o primeiro título, o da Copa do Mundo de 1954 (18 anos até a Euro 72). Se a Alemanha já é respeitada como favorita mesmo quando não tem seus melhores times, por causa da história, desta vez a responsabilidade é enorme.

Somente a melhor Espanha de todos os tempos foi capaz de interromper o caminho alemão rumo ao título em 2008, na final da Eurocopa, e 2010, na semifinal da Copa do Mundo. No entanto, se a Furia aparecer pela frente de novo, não adiantará dar desculpas.

O Nationalelf é uma máquina perfeitamente composta, com pelo menos duas ótimas opções por posição. A seleção de 2010, com destaques como Özil, Müller, Neuer, Lahm, Schweinsteiger e Khedira, já era a mais jovem em 76 anos a representar a Alemanha em um Mundial. Desde então, novos talentos despontaram para a equipe nacional, como Hummels, Reus e Götze.

Em um elenco repleto de jogadores na casa dos 23 anos, o capitão Lahm, aos 28, tem posição de veterano. Entre os 27 pré-convocados, só o goleiro Wiese e os atacantes Cacau e Klose têm 30 anos ou mais. Klose, reserva de Mario Gómez, tem 63 gols pela seleção e está a cinco de igualar o recorde de Gerd Müller.

Um eventual revés com a seleção faria os jogadores do Bayern de Munique recordarem a triste experiência da final de Champions League perdida para o Chelsea. Apesar de não ser a última chance desta geração, provavelmente deixaria o estigma de uma equipe obrigada a se contentar apenas com os elogios. Como foi a Holanda, sua adversária no grupo B, durante os anos 70.

Fique de olho - Bastian Schweinsteiger é aquele jogador que se convencionou chamar de "termômetro" das equipes que representa. Quando joga bem, o time funciona. Quando tem um dia ruim, todos sofrem em campo. O jogador do Bayern é um volante que todo técnico gostaria de ter: forte fisicamente, marcador implacável, criativo na saída para o jogo e ótimo em chutes de longa distância.

Não foi por acaso que, no início deste ano, o Bayern viveu seu pior momento na temporada quando "Schweini" se recuperava de uma fratura na clavícula e outras contusões. Foi naquela sequência de jogos que o time perdeu terreno e deu espaço para a ascensão do Borussia Dortmund. A seleção também teve problemas com seu desfalque: perdeu para a França em fevereiro.

Aos 27 anos e com 90 jogos de seleção no currículo, Schweinsteiger forma uma dupla ideal com Khedira no meio-campo alemão. Só falta um grande título internacional, algo que ainda não foi capaz de ganhar com o clube.

O comandante - Joachim Löw montou uma seleção arrasadora, capaz de golear Inglaterra e Argentina na mesma Copa do Mundo. Somente um troféu, porém, colocará o treinador de 52 anos em uma galeria de nomes como Sepp Herberger, Helmut Schön, Franz Beckenbauer e Berti Vogts, campeões de grandes torneios pela Alemanha.

Antes de chegar à seleção como auxiliar de Jürgen Klinsmann, Löw tinha uma carreira de pouco destaque como técnico de clubes. Mas as versões de que ele fazia o trabalho tático e Klinsmann funcionava mais como um grande motivador ganharam bons argumentos após a saída do ex-atacante, em seguida à Copa do Mundo de 2006.

O futebol de imposição física que marcou a Alemanha durante a maior parte da história hoje é raramente identificável. Löw adota um 4-2-3-1 muito rápido e técnico, com o contra-ataque mais mortal do futebol de seleções.

Os pré-convocados (quatro serão cortados):
Goleiros: Manuel Neuer (Bayern), Marc-Andre ter Stegen (Borussia Mönchengladbach), Tim Wiese (Werder Bremen), Ron-Robert Zieler (Hannover 96);

Defensores: Jerome Boateng (Bayern), Holger Badstuber (Bayern), Philipp Lahm (Bayern), Per Mertesacker (Arsenal/ING), Mats Hummels (Borussia Dortmund), Benedikt Höwedes (Schalke 04), Marcel Schmelzer (Borussia Dortmund);

Meio-campistas: Mesut Özil (Real Madrid/ESP), Sami Khedira (Real Madrid/ESP), Toni Kroos (Bayern), Thomas Müller (Bayern), Bastian Schweinsteiger (Bayern), Marco Reus (Borussia Mönchengladbach), Mario Götze (Borussia Dortmund), Ilkay Gündogan (Borussia Dortmund), Sven Bender (Borussia Dortmund), Lars Bender (Bayer Leverkusen), Andre Schürrle (Bayer Leverkusen), Julian Draxler (Schalke 04), Lukas Podolski (Colônia);

Atacantes: Cacau (Stuttgart), Mario Gomez (Bayern), Miroslav Klose (Lazio/ITA).