segunda-feira, 9 de abril de 2012

Meninos do Brasil

O diretor de seleções da CBF, Andrés Sanches, é taxativo, quando questionado sobre a pressão que ele mesmo parece exercer sobre Mano Menezes: "Se o Mano sair, eu saio junto!"

Ao mesmo tempo em que questiona os resultados obtidos pela seleção, Andrés garante que trabalha como muro de proteção. "É claro que eu o estou protegendo, só não vê quem não quer."
O ponto positivo de ter um diretor de seleções é esse. A cada declaração, fala-se mais de Andrés Sanchez do que do técnico e de seus resultados.
O ponto negativo é que Andrés está bem no meio do fogo da política, depois da renúncia de Ricardo Teixeira. Até prova em contrário, Marin, Marco Polo Del Nero e Andrés Sanchez respeitarão um o espaço do outro até o início do processo eleitoral, perto da Copa do Mundo.
Como aqui já se escreveu, se Marin mexer com Andrés, este agita os clubes para criar a liga. E se Andrés tentar criar a liga agora, Marin interfere no departamento de seleções.
Há quem pense que a situação pode ficar mais quente antes. Que alguém poderá pegar em armas antes do processo eleitoral. É por isso que, a cada dia, aparecem mais boatos sobre quem seriam os favoritos de Marco Polo e José Maria Marin para o cargo de técnico da seleção, em caso de troca: Muricy ou Felipão?
Calma!
A seleção já tem problemas demais, a dois anos da Copa, para se mexer em mais um vespeiro, para discutir quando e quem substituirá Mano Menezes.
A seleção tem outro problema-extra nos últimos meses, a dificuldade de se fazer um diagnóstico preciso da crise do futebol brasileiro. Depois do Barcelona 4 x 0 Santos, então, tudo ficou meio misturado. A qualidade dos clubes, a renovação de jogadores, a seleção que perdeu a Copa América... Onde está nosso drama?
Há um problema fundamental e inevitável, poucas vezes diagnosticado: o excesso de juventude. Neymar, Ganso, Lucas e Leandro Damião são a solução e, ao mesmo tempo, o dilema. Nunca houve um ataque tão jovem. Nunca na história da seleção tantos garotos tiveram tanta importância, nem em tão larga escala como hoje. O confuso diagnóstico de muita gente é que falta talento ao Brasil de hoje. Não é verdade. Falta maturidade.
Também não é verdade que o Brasil tenha perdido seu estilo. O que falta mesmo à seleção é seguir o histórico conselho de Nelson Rodrigues: "Envelheçam!"
Mas daqui até a Copa há apenas dois anos e uma Olimpíada no meio. Ela pode ser decisiva.
Se Neymar, Ganso e Damião conquistarem o ouro, ou fizerem campanha irrepreensível - chegar à final e ficar com a prata em jogo sem reparos - Mano vai até a Copa e muita gente verá nos garotos jogadores maduros, prontos para ficarem com o caneco. Seremos os melhores do mundo de novo, mesmo sem sermos. Caso contrário, estará montado o cenário para Marin e Marco Polo agirem. Troca de técnico, de diretor, de tudo!
A política anda perigosamente perto da seleção. As análises precipitadas só reforçam isso.
Parreira disse que não há outra hipótese, a não ser o Brasil ganhar o Mundial de 2014. Se a política ficar ainda mais próxima, não há hipótese de vencer. A não ser que Deus seja mesmo brasileiro.