quinta-feira, 22 de março de 2012

Obras paradas! Foram liberados apenas 4% do dinheiro para mobilidade urbana

Enquanto disputas políticas travam a votação da polêmica Lei Geral da Copa e a cruzada contra a liberação de bebida alcoólica no Congresso ganha força, coisas mais importantes que deveriam ser discutidas estão sendo deixadas de lado pelos parlamentares. E não é só por conta dos abusos que a legislação que a FIFA quer impor comete contra a legislação, a soberania e o povo brasileiro, entre os quais está a obrigação do Governo em arcar com os todos os custos de um possível prejuízo financeiro por conta da Copa do Mundo, sem ônus nenhum à entidade máxima do futebol mundial. A discussão deveria ir além. Bilhões e bilhões de dinheiro público estão sendo despejados na preparação do Mundial e ninguém sabe se haverá algum benefício futuro para a população a partir de tamanho investimento.

Nesta quarta-feira, o ministro do Tribunal de Contas da União, Valmir Campelo, participou de uma audiência pública na Câmara, mas pouquíssimos deputados compareceram. A grande maioria estava preocupada com a mesquinharia política que envolve o atrelamento do Código Florestal às discussões a respeito da Lei Geral da Copa. Responsável pela fiscalização das obras para a Copa, Campelo afirmou que o TCU foi o responsável por reduzir em R$ 500 milhões o valor total dos gastos para o Mundial ao apontar sobrepreço, ou seja, superfaturamento. O valor soma irregularidades encontradas em estádios, aeroportos e portos.

A preocupação maior de Valmir Campelo está relacionada, no entanto, à mobilidade urbana. Na Matriz de Responsabilidade da Copa estão listadas 54 obras para este setor, que serviriam de legado para a população. Mas dos quase R$ 8 bilhões disponibilizados pela Caixa Econômica Federal para o transporte urbano, apenas 4% foi liberado até agora. E não é por conta de falta de recursos. A culpa é das cidades que vão receber os jogos. O banco só libera os empréstimos depois da entrega dos projetos executivos de cada uma das obras. E até agora apenas sete das 54 planejadas cumpriram com o dever.

Atrasos significam a possibilidade da Copa do Mundo ficar bem mais cara. Os Jogos Pan-Americanos continuam vivos na memória do povo brasileiro, que precisa lutar para que a história não se repita. O custo final do Pan de 2007 foi dez vezes maior do que o que foi inicialmente previsto. Tudo culpa dos atrasos e de obras de urgência feitas pelas autoridades sem licitação para cumprir as exigências. A Copa do Mundo corre pelo mesmo caminho só que os valores envolvidos agora são extremamente maiores do que há cinco anos e o prejuízo, se a história se repetir, será extremamente maior. E sabe quem vai pagar a conta? Nós, os contribuintes!