domingo, 22 de janeiro de 2012

A escolha de Tevez e a insistência do PSG: quem está errado?

O jornal francês L'Equipe informa na sua edição de hoje que Carlitos Tevez não quer jogar no Paris Saint-Germain, apesar de o clube francês estar disposto a aumentar o alto salário que o argentino já recebe no Manchester City – hoje em dia, para não jogar.


Tevez: ele tem direito de escolher onde jogar

Kia Joorbchian, aquele mesmo, é o empresário de Tevez. Horas depois da publicação do jornal, ele estava pronto para assinar o novo contrato do jogador com o clube francês, quando o próprio Tevez avisou: ganhar quase 1 milhão de euros por mês para morar em Paris não está nos seus planos!

Na Europa, a prioridade de Tevez sempre foi o Milan, e ele não escondeu a preferência ao posar para fotos em um restaurante no Rio de Janeiro, ao lado de Kia e do vice-presidente do Milan, Adriano Galliani.

Só que nenhum negócio foi fechado no dia das fotos, e o Milan acabou tirando o pé do acelerador nas negociações depois que Silvio Berlusconi, o dono do Milan, considerou alto demais o preço que o City pedia pelo jogador (a oferta do PSG foi de 37 milhões de euros).

Com o Milan mais distante (mas não fora da jogada), Tevez, ainda segundo as informações do L'Equipe, está disposto a reduzir seu alto salário para poder jogar na Internazionale, que hoje conta com menos dinheiro do que o PSG, o mais novo novo-rico do pedaço.

Tevez é um jogador bem acima da média. Bom tecnicamente, é também um guerreiro. Disputa cada bola como se fosse um volante que depende das divididas para vingar como jogador. Quando jogou na Inglaterra, foi bem. Quando jogou.

O problema de Tevez, porém, costuma ser fora de campo. O argentino, segundo suas próprias palavras, não rende quando "está infeliz" (lembraram de alguém aqui no Brasil?), como está hoje em Manchester, onde diz "não ter nada para fazer".

Em Paris há o que fazer, assim como em Milão.

Mas não interessa. Tevez tem o direito de jogar onde bem entender. A justificativa mais lógica para preferir Milan ou Inter ao PSG seria jogar uma campeonato mais importante, em times mais tradicionais. Mas Tevez nunca se importou muito com isso. Ao contrário de Robinho, nunca teve como objetivo "ser o melhor do mundo".

Em 2006, trabalhando na revista Placar, fui a Buenos Aires entrevistar Tevez em sua casa, onde vivia toda sua família. Na entrevista, ele reafirmava o desejo de encerrar a carreira com 28 anos, que aliás completará no próximo dia 2. E dizia achar melhor jogar na Espanha ou na Itália, sobretudo na Espanha, por causa do idioma.

Pode ser que Tevez prefira a Itália à França por ter mais facilidade com o idioma. Pode ser que prefira a Inter pelos vários argentinos do elenco. Talvez não sejam os melhores motivos para escolher seu destino, mas Tevez tem esse direito. Dá pra entender.

O que não dá pra entender é o PSG, do diretor brasileiro Leonardo e do técnico Carlo Ancelotti, insistir tanto na contratação de um jogador que não quer jogar lá. E que costuma não render justamente quando está onde não quer estar.