domingo, 22 de janeiro de 2012

Diário da CAN: o gol de 1 milhão e a primeira zebra

O playboy Teodorin Obiang, filho do ditador que comanda Guiné Equatorial desde 1979, prometeu 1 milhão de dólares para a seleção em caso de vitória na abertura da Copa Africana de Nações.

Em um país que, apesar da maior renda per capita da África, tem 70% da população vivendo abaixo da linha da pobreza, a promessa podia (e devia) soar como mais uma afronta de um governo que administra as riquezas nacionais como se fossem suas próprias.

De qualquer maneira, o estádio de Bata teve casa cheia e viu uma atuação promissora dos donos da casa contra a Líbia. Sobretudo no primeiro tempo, Guiné Equatorial dominou boa parte do jogo e poderia ter saído na frente.

Na segunda etapa, quando o cansaço já parecia tomar conta dos jogadores e o 0 a 0 parecia provável, apareceu a estrela da companhia. Javier Balboa, ex-Real Madrid e Benfica, aproveitou o passe preciso de Ekedo para definir a vitória, aos 41 minutos do segundo tempo.

Um gol de 1 milhão de dólares para um time que conhece pouco da realidade do país. Os 11 titulares nasceram no exterior: cinco na Espanha, dois na Costa do Marfim, e os demais no Brasil (o goleiro Danilo), Libéria, Camarões e Cabo Verde.

Com uma população de apenas 650 mil, a terceira menor da África continental, Guiné Equatorial buscou em sua diáspora a solução para montar um time competitivo.

A mudança de técnico às vésperas da competição, com o brasileiro Gílson Paulo substituindo o francês Henri Michel, tinha tudo para conturbar o projeto, marcado por constantes interferências do governo na equipe.

Mesmo assim, deu certo. O gol de 1 milhão derrubou a Líbia, que tinha muito a festejar só por fazer parte da CAN. Um dos titulares deste sábado, Walid El-Khatrouchi, chegou a lutar com os rebeldes pela derrubada de Gaddafi, ano passado. Foi em meio a essa turbulência que os líbios, sob a direção de Marcos Paquetá, se classificaram.

No outro jogo do grupo A, a primeira zebra. Senegal chegou com grandes expectativas e uma linha ofensiva de respeito, mas quem pulou na frente foi Zâmbia. Vitória por 2 a 1, com boa atuação do jovem Emmanuel Mayuka. O 4-3-3 senegalês pecou pela distância entre os setores e ainda viu sua defesa exposta pela velocidade dos contra-ataques adversários.

Na segunda rodada, Senegal terá toda a pressão contra os empolgados anfitriões. A Líbia tem poucas chances contra Zâmbia, que deu um enorme passo para se classificar - provavelmente em primeiro, evitando assim um encontro com a Costa do Marfim nas quartas-de-final.