terça-feira, 14 de junho de 2011

Fui contaminado pela temporada por Livio Oricchio

Livio Oricchio, de Montreal
  Eu mesmo critico a introdução do flap traseiro móvel, por permitir a um piloto um recurso, que se mostra decisivo em pistas como esta onde estou, em Montreal, e ao adversário que está sendo ultrapassado, não. Do ponto de vista esportivo, estamos tratando de oportunidades distintas. O que não agrada a muita gente. Pertenço a esse grupo.
  Mas depois de assistir às corridas este ano, todas, sem exceção espetaculares, no mais amplo sentido do vocábulo, sinto que deveria começar a admitir seu uso. Somado aos pneus produzidos pela Pirelli, propositalmente concebidos para durarem pouco, revolucionou a Fórmula 1.
 Deixamos para trás provas monótonas, previsíveis, sem emoções maiores. Você pode dizer que as corridas da Austrália, Malásia, China, Turquia, Espanha, Mônaco e aqui do Canadá foram chatas, desinteressantes?
  Por mais crítico e purista que alguém possa ser, não há como não reconhecer que nos prenderam a atenção máxima até a bandeirada. Mais: ficamos, agora, torcendo para o GP seguinte chegar logo. Estamos nos contaminando com essas corridas maravilhosas, repletas de duelos, decididas nos últimos instantes, como o GP do Canadá. Você já se deu conta de que Button liderou apenas 2.500 metros da competição? Claro, os mais importantes, os que antecedem a bandeirada.
  Em outras palavras: o conjunto de regras introduzido este ano para tornar a competição mais atraente é um sucesso. Imenso.
  Há uma curiosidade nisso tudo. Se observarmos a classificação do campeonato, veremos que o líder, Sebastian Vettel, da Red Bull, conquistou 161 pontos em 175 possíveis depois de sete etapas. O dado, isolado, poderia sugerir um Mundial sem graça, afinal existe hegemonia de um piloto e uma equipe.
  Mas me reponda, por favor: É essa a imagem que você tem da temporada, de um campeonato desinteressante? As corridas são tão densas de emoção que mesmo que se Vettel definir a conquista do título no GP de Cingapura, digamos, 14.º de um total de 19, e até lá sabermos de antemão que ele deverá ser o campeão, não nos sentiremos incomodados.
  O conteúdo das provas é tão bom que, no fim das contas, a disputa pelo título se torna, por mais paradoxal que possa parecer, secundária.
  Vamos para as ruas de Valência, agora, a próxima etapa do calendário, dias 24, 25 e 26. Traçado de rua, com características semelhantes às da pista canadense, os mesmos pneus supermacios e macios distribuídos pela Pirelli em Mônaco e aqui em Montreal e, essencialmente, o mesmo conjunto de regras. Eu estou, desde já, ansioso para que o GP da Europa, em Valência, chegue logo. Mesmo tendo quase 350 presenças em corridas de Fórmula 1. É que fui, como afirmei, contaminado pela temporada.