quarta-feira, 23 de março de 2011

Futebol deveria punir o racismo com o rigor que pune o doping

imagem de torcedores do Zenit oferecendo uma banana para Roberto Carlos – garimpada no site russo Sport 812 pelo jornalista Gustavo Hofman, editor da Trivela.com, colaborador da revista e comentarista dos canais ESPN – é chocante sob vários aspectos. O uso de uma referência desgastada e de extremo mau gosto, o riso cínico dos torcedores, a covardia do “espertão” que deve ter achado o máximo a “grande sacada” de entrar com uma banana no estádio para mostrar a um consagrado jogador adversário. Mas choca, sobretudo, a incapacidade das autoridades esportivas em banir o racismo no futebol.

O Zenit já tem tradição em atos racistas da sua torcida, que simplesmente não admite negros no elenco. Como também são comuns manifestações na Itália, na Espanha, no Brasil e em vários outros países. Há uma repulsa imediata geral, as federações prometem tomar providências e o clube envolvido, sempre escondido atrás da suposta impossibilidade de controlar o ato de grupos de torcedores, volta para casa com uma multa irrisória, talvez algum mando de campo perdido e nada mais. Até que a poeira abaixe e se inicie novamente um ciclo de perseguição e intolerância.
Roberto Carlos foi surpreendido pelo ataque dos torcedores do Zenit
Roberto Carlos foi surpreendido pelo ataque dos torcedores do Zenit
Crédito da imagem: Reprodução/ Sport 812


Já passou da hora de o racismo ser tratado como o que é, um tumor maligno da sociedade que se manifesta também no futebol. Enquanto não for levada a sério e punida com rigor, a discriminação racial sempre estará à espreita nos estádios.

O correto seria tratar o racismo da mesma forma que se trata o doping. Um atleta flagrado no exame antidoping pega até dois anos de suspensão no primeiro exame positivo e é banido do esporte em caso de reincidência. Por que não fazer o mesmo quanto ao racismo? O jogador que discriminar outro é afastado por dois anos e, se repetir a infração, é proibido de praticar a modalidade profissionalmente. O problema sumiria rapidinho de dentro do gramado.

Para afastá-lo das arquibancadas, mais rigor. Punições progressivas, que comecem com a perda de pontos, passem para o rebaixamento, cheguem à suspensão e, em casos incorrigíveis, culminem com a proibição de disputar torneios profissionais.

É uma solução extrema, mas condizente com ato grave que só faz emporcalhar o esporte. E a Fifa que tome providências logo. Não custa lembrar que Brasil e Rússia, sede das duas próximas Copas do Mundo, são palcos constantes de racismo no futebol. O business dos mundiais (a única coisa quem importa para a Fifa) sofreria um duro golpe com bananas e urros imitando macacos pipocando pelas arquibancadas.