terça-feira, 9 de novembro de 2010

“É só o começo”, garante a número 1 Ana Carla

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Ana Carla joga no Rio nas próximas semanas

A palavra que define a temporada de Ana Clara Duarte é “diferente”, segundo a própria tenista de 21 anos. Começou com a perda do patrocínio, que a obrigou a viajar sozinha, mas explodiu em outubro com belíssimos resultados numa solitária turnê australiana. Em meio a tudo isso, a conquista da primeira posição do ranking brasileiro.

“É só o começo. Tenho trabalhado duro e vou continuar assim”, garantiu Ana Clara em entrevista por telefone. A carioca viajou completamente sozinha para a Austrália e estava extremamente insegura em relação ao país e ao nível dos torneios. Porém, o título em Cairs, além dos dois vice-campeonatos e do troféu nas duplas, surpreendeu Ana Clara.

“Quando eu fui para lá, não sabia muito o que esperar, porque não conhecia as meninas. Não sabia quem estava enfrentando. A ideia era mesmo lutar a cada ponto, a cada jogo”, conta a carioca. A conquista em Cairs na primeira semana foi fundamental para a confiança da tenista. “É diferente, estava acostumada com os torneios daqui em que eu ganho vários jogos, treino muito bem. Fui para lá muito insegura e consegui um ótimo resultado na primeira semana. Deu muito gás para continuar”.

A Confederação Brasileira custeou as passagens de Ana Clara, mas a jogadora tinha muita dificuldade para falar com a família e com o treinador Felipe Reis durante a viagem. “Era muito complicado se comunicar, principalmente pelo fuso horário. Eram 12 horas de diferença, então eu entrava na internet bem cedo ou bem tarde”. De acordo com a carioca, os problemas deram mais motivação ainda. “Eu preferi não ficar olhando as coisas pelo lado negativo, porque me lamentar não ia mudar nada”.

Apesar da saudade, Ana Clara garante que não teve problemas de adaptação na Austrália. “Fui muito bem tratada lá. As pessoas são muito amigáveis, têm um forte lado afetivo”. Além da experiência de visitar outro país, algo que Ana Clara nunca havia feito sozinha, ela conheceu o Melbourne Park, palco do Aberto da Austrália.

“Tive a oportunidade de ir ao complexo e me deu ainda mais vontade de jogar lá. Disseram que no Aberto da Austrália fica muito mais legal, cheio, com muita torcida”, disse a carioca. O seu principal objetivo agora é conseguir uma vaga no qualifying do torneio. “Jogar um Grand Slam lá seria um sonho”, confessa.

Para que ele se torne realidade, Ana Clara precisa chegar à 220ª colocação do ranking, cerca de 15 postos acima da atual 237ª posição. Para tanto, ela deve fazer boas campanhas em dois challengers no Rio de Janeiro, disputados a partir da próxima segunda-feira. Ana Clara entrará como cabeça de chave e o ideal é acumular de cerca de 50 pontos.

Há um ano e meio, Ana Clara tem treinado em Florianópolis com o treinador Felipe Reis.  Ela espera poder contar com mais ajuda agora que ficou mais conhecida. “Estou num momento tão bom, essa viagem me deu tanto gás, que eu estou confiante. Mas realmente gostaria de me preocupar em só jogar tênis e não com essas outras coisas”, conta.

Mesmo longe de casa, ela tem recebido muitas mensagens de amigos e dado algumas entrevistas. “As pessoas me perguntam como é ser número 1 do Brasil, ter essa responsabilidade, mas na verdade foi tudo muito natural, nunca foi meu objetivo principal. Eu não quero parar por aqui. Tenho muita coisa ainda para aprender, dentro e fora do tênis”. A carioca reconhece que não adianta apressar as coisas. “É jogo a jogo”.