segunda-feira, 7 de março de 2016



Por existir na imprensa quem defenda quase incondicionalmente a permanência de técnicos, há quem ache que todos na mídia esportiva pensam assim. Estou fora! Treinadores não são intocáveis, e devem ficar mais tempo ou não no emprego em função de vários fatores. Entre os mais importantes, mostrar progressos na montagem do time. Se a equipe não evolui e o elenco tem potencial para mais do que é apresentado, há incompetência ou inadaptação do técnico. Então a troca é óbvia.
Contudo, os "resultadistas" dominam o ambiente. Por isso há trabalhos promissores ou mal iniciados jogados no lixo devido às profundas e velozes mudanças em elencos, ou mesmo setores de um time. Costuma ser a maneira mais fácil para que os dirigentes se livrem da responsabilidade por uma má fase. Além disso, muitos não têm conhecimento futebolístico que os permita perceber o (às vezes lento) nascimento de uma boa equipe, que em algum tempo muito provavelmente renderá bem.
Assim, acontecem demissões injustas de treinadores que pareciam estar num bom caminho — nunca saberemos com absoluta certeza devido às repentinas interrupções. Por outro lado, técnicos com trabalhos fracos, sem perspectivas aparentes, conseguem sobreviver na função apoiados em vitórias circunstanciais nas partidas mais relevantes. O cartola olha pro campo, não vê nada de animador, mas se o placar lhe favorece, prorroga a permanência mesmo sem futuro, correndo o risco de um tombo adiante.
Já os estaduais concentram grande quantidade de jogos contra times fracos, alguns muito ruins. Isso coloca os grandes, em situação que os leva rapidamente do conforto à crise. Conforto quando as coisas vão bem e vencem facilmente, embora isso não lhes renda grande repercussão devido à fragilidade de quem está do outro lado do campo. Crise pelos tropeços que lembram a ideia de perder a briga para um bêbado. Seria útil como pré-temporada se resultados isoladamente pesassem menos.
Mas há uma certeza nos duelos contra muitos dos pequenos nos inchados e decadentes certames dos Estados: se a defesa vai mal contra os mais fraquinhos, o problema aumenta, cresce o prejuízo e o dia a dia se complica. Para os ataques, marcar os gols vira obrigação e a repercussão não é das maiores. Defensores não podem levar a pior nos confrontos contra equipes modestas, pois pega muito mal e em alguns casos o técnico é demitido. Se mereceu ou não, a resposta está no primeiro parágrafo.
MIGUEL SCHINCARIOL/GAZETA PRESS
Ganso comemora seu belo gol sobre o São Bernardo: e daí numa tarde de derrota para um time mais fraco?
Ganso celebra gol sobre o São Bernardo: e daí numa derrota para um time mais fraco?