sábado, 28 de março de 2015

O adeus do pequeno grande jogador de Santa Clara

REUTERS
Steve Nash, em ação pelo Phoenix Suns: vai deixar saudades
Steve Nash, em ação pelo Phoenix Suns: vai deixar saudades
Não esqueço das primeiras cestas que vi de Steve Nash jogando pela Universidade de Santa Clara. Foi em um SportsCenter norte-americano, muito antes de imaginar que um dia trabalharia no canal.
O ano era 1995 e eu estava na categoria Mirim da Federação Paulista, jogando pela Hípica. Acompanhava tudo que era possível de NBA e college basketball. E dois jogadores me prendiam a atenção: Nash e Allen Iverson.
A diferença é que o segundo era extremamente badalado e fazia parte de um dos melhores programas do basquete universitário dos Estados Unidos. Já Nash teve que jogar muito para se destacar nacionalmente.
No ano seguinte, em 1996, o Draft teve uma das melhores classes de todos os tempos. Iverson saiu na primeira escolha para o Philadelphia 76ers. Na sequência vieram Marcus Camby, Shareef Abdur-Rahim, Stephon Marbury, Ray Allen e Antoine Walker. Todos vingaram, alguns mais do que outros, mas todos confirmaram o talento.
Steve Nash? Apenas a 15a escolha, atrás de Lorenzen Wright, Samaki Walker, Todd Fuller, Vitaly Potapenko... O Draft tem dessas coisas. Antes de seguirmos conversando sobre o sul-africano naturalizado canadense, mais dois detalhes: Kobe Bryant foi o 13o pick e Peja Stojakovic o 14o. Ruim a turma, né?!?!
Pois bem.
O armador entrou na NBA e demorou para engrenar. As duas primeiras temporadas pelo Phoenix Suns foram, de certa maneira, decepcionantes, com poucos minutos em quadra e números baixos. Depois do Draft de 1998 ele foi trocado com o Dallas Mavericks por Martin Müürsepp, Bubba Wells, direitos sobre Pat Garrity e uma futura escolha de primeira rodada - que, no final das contas, se tornou Shawn Marion, seu futuro companheiro.
Foram seis temporadas em Dallas que o consolidaram como um dos melhores armadores da liga. O retorno a Phoenix aconteceu em 2004-05 e a parceria inesquecível com Mike D'Antoni surgiu. O jogo de transição e alta velocidade dos Suns casou com perfeição ao estilo de Steve Nash.
A partir daí, as marcas históricas surgiram.
Mais assistências na história
1) John Stockton: 15.806
2) Jason Kidd: 12.091
3) Steve Nash: 10.335
4) Mark Jackson: 10.334
5) Magic Johnson: 10.141
- Único jogador a ter aproveitamentos de no mínimo 50% nos arremessos, 40% nos chutes de três pontos e 90% nos lances livres em quatro temporadas. Apenas outro jogador conseguiu números assim em mais de uma temporada: Larry Bird, em duas;
- Parou de jogar com médias de 49% nos arremessos, 42,8% nos chutes de três e 90,4% nos lances livres. Único da história no clube 49-40-90;
- Foi MVP das temporadas 2004-05 e 2005-06. Desde então, apenas LeBron James foi eleito duas vezes consecutivas. Na história, somente dez jogadores conseguiram tal feito, e ele é o único com menos de 1m98 com múltiplas conquistas.
Sim, muitos afirmarão: "mas nunca foi campeão". Entrou em um seleto grupo com Karl Malone, Charles Barkley, Allen Iverson, Derrick Rose e Kevin Durant. O clube dos atletas que foram MVP e nunca ganharam um título da NBA.
 
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A despedida, a convivência com Kobe e a ausência de títulos; Steve Nash fala sobre a aposentadoria: 
Houve o final de carreira. Duas temporadas com poucos jogos pelo Los Angeles Lakers, muitas lesões, a tentativa de recuperação e o anúncio derradeiro - ocorrido nos últimos dias - confirmando a aposentadoria.
Muitos o criticam por ter estendido demais a carreira. Sinceramente? Nunca criticarei um jogador por esticar a vida atlética ao máximo. Que direito eu tenho de definir o quanto pode jogar alguém? Critico a atuação, o rendimento, mas nunca a decisão de jogar. Se está lá ainda, e esse era o caso de Nash, estava porque ama o jogo.
Parou um dos grandes desse jogo, e uma parte enorme da minha lembrança de basquete.