O time argentino teve muito mais que raça e catimba na decisão do Mundial de Clubes. Foi organizado por Edgardo Bauza num 4-1-4-1 compacto, com o volante Mercier entre as linhas de quatro, à frente da meta de Torrico. Tentou parar o jogo com faltas e retardar o reinício discutindo com o fraco árbitro Walter Lopez, da Guatemala. Recursos legítimos para minimizar a disparidade técnica.
REPRODUÇÃO FOX SPORTS
San Lorenzo no 4-1-4-1 com Mercier entre as linhas de quatro à frente da área adversária negando espaços ao Real Madrid.
O Real Madrid circulou a bola com paciência, mas sem imprimir intensidade. Nitidamente poupando forças, esperando aparecer os espaços e não movimentando o quarteto Bale-Benzema-Cristiano Ronaldo-James Rodríguez ou ultrapassando os laterais Carvajal e Marcelo.
Até o escanteio de Kroos pela esquerda que novamente encontrou a cabeça de Sergio Ramos. Mais um gol decisivo do zagueiro para descomplicar o time merengue que encontrou as brechas naturalmente. Mas ainda sem forçar.
Marcelo saiu lesionado, entrou Coentrão para ajustar a marcação no setor contra Buffarini e Barrientos, o melhor lado ofensivamente do San Lorenzo. Jogo em ritmo de treino que seguiu na segunda etapa até o contragolpe que Bale completou e Torrico aceitou. Frangaço para resolver o Mundial.
Torneio que o time de Carlo Ancelotti venceu sem utilizar um típico volante: novamente Isco substituiu Modric atuano adaptado à função na frente da zaga com Kroos. Também pôde abrir mão do melhor de Cristiano Ronaldo.
Se na semifinal houve duas assistências e os lampejos em bicicleta e toque de letra, na decisão se viu até furada grotesca do provável Bola de Ouro 2014. Ainda assim, rendeu a Bola de Prata do torneio, só atrás de Sergio Ramos. Prêmio muito mais pelo desempenho midiático que bola jogada no Marrocos. Não foi preciso.
OLHO TÁTICO
Real Madrid com pouca mobilidade à espera dos espaços entre as linhas no organizado 4-1-4-1 do San Lorenzo.
22ª vitória consecutiva do Real que teve 63% de posse de bola, finalizou 12 vezes contra nove do "Ciclón" - dez a quatro no alvo. Jogo faltoso: 24 dos argentinos, 16 do adversário superior tecnicamente que entrou na pilha e protagonizou algumas infrações violentas. Para o campeão da Libertadores nunca é amistoso.
Na visão do europeu, é difícil priorizar o torneio, mesmo com a chancela da FIFA, no meio da temporada regular. Or rivais sempre querem a cereja do bolo no fim do calendário. O quarto título, incluindo os intercontinentais, teve comemoração tímida do capitão Casillas e seus companheiros. Questão de mentalidade, não arrogância. O melhor time do mundo cumpriu o protocolo.
