quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Capital da empresa de Marin foi de R$ 352 mil a R$ 1 milhão em 2014. Presidente da CBF não explica motivo

José Maria Marin desmoralizou o velho ditado "o olho do dono engorda o negócio". Sua dedicação ao cargo de presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) desde sua posse, em 12 de março de 2012, não impediu que a Rede Associada de Difusão, a rádio de sua propriedade, tivesse crescimento em seu capital de 184% este ano.
De acordo com os documentos da Junta Comercial de São Paulo, o capital da empresa era de R$ 352.000,00 (trezentos e cinquenta e dois mil reais). Uma sessão em 16 de abril de 2014 alterou o capital do mandatário da CBF na empresa, pulando dos R$ 352.000,00 para R$ 750.000,00 (setecentos e cinquenta mil reais). Já o outro sócio, o filho Marcus Vinícius Marin, pulou de uma participação de R$ 88.000,00 (oitenta e oito mil) para R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil), perfazendo o capital da rádio em R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) e o salto de 184%, de R$ 352.000,00 para R$ 1.000.000,00.
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Cópia da ficha cadastral mostra o capital da empresa de Marin em R$ 352 mil 

Por coincidência, a data da publicação da alteração do capital da rádio, 16 de abril de 2014, é a mesma data do dia da eleição de Marco Polo del Nero, que vai substituir Marin na CBF em 2015.
A reportagem enviou para José Maria Marin, através da assessoria de imprensa da CBF, o questionamento sobre "a razão para o incremento de capital, conforme o registro da empresa" e ainda se tal aumento de capital na empresa Rede Associada de Difusão ltda foi comunicado ao COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). A resposta foi que "o presidente Marin não vai se pronunciar sobre isso".
A lei que previne crimes de lavagem de dinheiro no Brasil determina que o COAF seja comunicado sobre "constituição de empresa e/ou aumento de capital social com integralização em moeda corrente, em espécie, acima de R$ 100.000,00 (cem mil reais)". Apenas quando realizado em espécie, o que não é possível afirmar se assim foi feito, já que Marin não se pronuncia sobre o caso e o COAF não fornece informações, amparado pela lei.
A rádio de Marin foi constituída em setembro de 1997, não passando até 2014 por nenhuma alteração da quantia do capital. Em 2012, a Folha de São Paulo publicou reportagem que relatava ter sido a rádio de Marin arrendada para uma igreja evangélica, prática condenada por alguns juristas por serem as emissoras concessões do estado.

Mesmo tendo batizado a nova sede da CBF como o próprio nome, José Maria Marin vai deixar a presidência da entidade como seu nome gravado como o comandante no poder quando a seleção brasileira perdeu de 7 x 1 para a Alemanha. 

Antes da CBF, Marin tem outras passagens conturbadas no currículo. Em 9 de outubro de 1975, fez veemente discurso na assembleia de São Paulo, criticando duramente Vladimir Herzog e exigindo providências contra as diretrizes do então diretor da TV Cultura, além de 
elogiar o torturador Sérgio Fleury.
Poucos dias antes de assumir a CBF, Marin se envolveu no episódio da medalha, quando subtraiu a que era destinada a um jogador do Corinthians na premiação da Copa São Paulo de juniores.
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Cópia de documento mostra a alteração do capital da empresa de Marin para R$ 1 milhão