Eram três minutos do segundo tempo. Bola em disputa nas imediações do meio-campo e Alexandre Pato cai no gramado do estádio Mané Garrincha. Aírton vem na disputa, passa pelo atacante do São Paulo e aproveita a oportunidade para pisar na cabeça do adversário. Cartão vermelho imediatamente mostrado pelo árbitro Marielson Alves da Silva ao jogador do Botafogo.
Encerrada a peleja, Vágner Mancini não titubeou na entrevista coletiva ao dizer com todas as letras que seu atleta exagerou e mereceu a expulsão. O que parece óbvio, e deveria ser, na realidade passa longe do dia-a-dia do futebol no qual tantos técnicos são pós-graduados em reclamar da arbitragem, independentemente do que tenha acontecido no gramado.
Ponto para o bom treinador botafoguense, que mesmo com uma série de desfalques levou a campo um time que dificultou o São Paulo enquanto pôde. Mas que se viu sem saída ao perder um jogador tão cedo, com praticamente metade do cotejo a ser disputado. Queixas contra o apito quando pertinentes são aceitáveis. Transferência de responsabilidade não. Vejamos o que a noite de quinta nos reserva.
REPRODUÇÃO TV
GAZETA PRESS
Se em campo os são-paulinos estão entrosados, com o time em segundo lugar no campeonato brasileiro, evoluindo e sonhando em alcançar o líder Cruzeiro, fora deles os cartolas estão em pé de guerra. Primeiro Carlos Miguel Aidar deu forte entrevista àFolha de S. Paulo — clique aqui e leia. Menos de 24 horas depois veio a reação de seu antecessor na presidência.
Juvenal Juvêncio despachou uma carta-aberta rebatendo parte do que disse o atual presidente tricolor — clique aqui. O confronto está aí e parece um caminho sem volta. O que me assusta é a reação de são-paulinos e até de jornalistas. Pessoas que lamentam o tiroteio público entre os dois dirigentes, algo que escancara as entranhar de um clube fechado. Preferem uma cortina-de-fumaça?
É ótimo que isso aconteça. Ou o torcedor, seja lá de que clube for, acha melhor a mentira, os sorrisos cínicos de aliados por conveniência que na realidade se detestam? Se os dois não se toleram, é bom que saibamos, ora bolas. E que isso sirva para democratizar um clube tão importante que há tempos segue dominado pelo mesmo grupo político. Assim fica melhor, mais transparente e democrático.