A quantidade de gols de cabeça a partir de cruzamentos que o Cruzeiro vem acumulando chama a atenção. Atrai elogios de quem se encanta com a forma avassaladora como o campeão brasileiro atropela adversários. E críticas daqueles que rotulam o jogo como dependente de bolas aéreas, como se fosse o Muricybol de outros tempos, ou o Palmeiras-2012 de Scolari.
Há uma diferença fundamental que, a meu ver, destrói tal comparação: ao contrário dessas equipes, que apoiavam o jogo em bolas paradas, a ponto de cavar faltas sistematicamente, o Cruzeiro desenha seus ataques pelas laterais com a pelota rolando. E é de enorme eficiência como os números do Footstats (abaixo) comprovam. O time não é o que mais cruza, é o que cruza melhor.
Total de cruzamentos:
Fluminense 401
Atlético-MG 390
Coritiba 388
Flamengo 358
Atlético-PR 350
Cruzeiro 349
Fluminense 401
Atlético-MG 390
Coritiba 388
Flamengo 358
Atlético-PR 350
Cruzeiro 349
Observando a quantidade de cruzamentos que encontram o jogador que ataca, a superioridade Celeste é evidente. A cada 4,4 bolas alçadas na área rival, os cruzeirenses finalizam uma, enquanto o Fluminense ergue 5,4 vezes a pelota para chegar a cada arremate. O Coritiba registra 5,5 e o Atlético Mineiro 5,7.
Cruzamentos certos:Cruzeiro 78Fluminense 74
Flamengo 73
Corinthians 70
Coritiba 70
Sport 70
Flamengo 73
Corinthians 70
Coritiba 70
Sport 70
Com 312 cruzamentos, 70 deles certos, apenas o Sport supera, levemente (0,1%), o Cruzeiro no aproveitamento das bolas que vêm das laterais. Um dado que confirma a precisão de muitos dos passes desse tipo que buscam os jogadores do time azul dentro da área inimiga. A pelota não costuma ser simplesmente levantada.
Índice de aproveitamento:
Sport 22,4%
Cruzeiro 22,3%
Corinthians 21,6%
Internacional 20,9%
Flamengo 20,4%
Palmeiras 20,0%
Sport 22,4%
Cruzeiro 22,3%
Corinthians 21,6%
Internacional 20,9%
Flamengo 20,4%
Palmeiras 20,0%
A quantidade de arremates certos de cabeça feito pelos cruzeirenses é impressionante. Vice-líder do campeonato, o Internacional não tem sequer metade das finalizações pelo alto somadas até aqui pelo campeão de 2013.
Finalizações certas de cabeça:
Cruzeiro 35
Corinthians 22
Fluminense 18
Internacional 17
Atlético-MG 16
Santos 16
Cruzeiro 35
Corinthians 22
Fluminense 18
Internacional 17
Atlético-MG 16
Santos 16
E inegável a importância dos gols marcados de cabeça para a campanha do Cruzeiro. Quase 45% dos tentos celestes foram marcados dessa forma. Na campanha do título no ano passado, apenas 18% dos 77 gols cruzeirenses foram feitos assim — 14 cabeçadas certeiras. Fica claro que o time de Marcelo Oliveira se aprimorou em tal fundamento a ponto de fazer dele uma arma ainda mais poderosa.
Gols de cabeça e percentual do total:
Cruzeiro 17 — 44,7%
Atlético-PR 8 — 33,3%
Flamengo 8 — 37,5%
Atlético-MG 6 — 26,0%
Fluminense 6 — 21,4%
Internacional 6 — 26,0%
Cruzeiro 17 — 44,7%
Atlético-PR 8 — 33,3%
Flamengo 8 — 37,5%
Atlético-MG 6 — 26,0%
Fluminense 6 — 21,4%
Internacional 6 — 26,0%
Se ignorarmos os gols de cabeça, o Cruzeiro tem o terceiro melhor ataque. E se eliminarmos apenas os tentos do time Celeste feitos dessa maneira, 13 das outras 19 equipes que disputam a Série A têm, ainda assim, menos gols do que o campeão brasileiro. O Grêmio foi o único time que não fez um gol de cabeça sequer em 18 rodadas.
Melhores ataques, excluídos gols de cabeça:
São Paulo 24
Fluminense 22
Cruzeiro 21
Corinthians 20
Atlético-MG 17
Internacional 17
Atlético-PR 16
Botafogo 16
São Paulo 24
Fluminense 22
Cruzeiro 21
Corinthians 20
Atlético-MG 17
Internacional 17
Atlético-PR 16
Botafogo 16
Sete times têm mais gols de fora da área do que o Cruzeiro, que no ranking dos tentos marcados de dentro daquele setor do campo soma 33 contra 23 de seus mais próximos perseguidores — Atético Paranaense e São Paulo. Além disso o time mineiro tem apenas um de falta e dois de pênalti, ou seja, marcou 35 com bola rolando.
Como deter a força do ataque celeste? Em tese marcando forte pelos lados do campo e impedindo que meias e laterais cruzem tanto e bem. E elevando, muito, a atenção, a eficiência nos duelos com os homens de azul que entram na área para cabecear.
Sem liberdade será mais difícil, claro. O Grêmio conseguiu fazer isso por 87 dos 90 minutos da partida disputada há quase duas semanas em Belo Horizonte. O jogo ficou no 0 a 0 até o gol de Dagoberto. De cabeça! Veio no segundo dos dois cruzamentos certos do time celeste em toda aquela peleja. O bastante para vencer.
