quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Batizado: San Lorenzo derruba Nacional-PAR e conquista a Libertadores pela 1ª vez

GETTY
Ortigoza comemora após marcar o gol do título da Libertadores
Ortigoza comemora após marcar o gol do título da Libertadores
A América tem um novo dono. Pela primeira vez em sua história, o San Lorenzo é campeão da Copa Libertadores. O título veio com a vitória por 1 a 0 sobre o Nacional, do Paraguai, nesta quarta-feira, no estádio El Nuevo Gasómetro, pelo duelo de volta da final. Na ida, o duelo acabou em 1 a 1, com um gol dos mandantes no lance final. Dessa vez, a história foi diferente, e o ‘Ciclón' ficou com a taça graças a um gol de Néstor Ortigoza, de pênalti, aos 35 minutos do primeiro tempo.
Assim, a competição tem um campeão inédito pela terceira vez consecutiva. Em 2012 e 2013, Corinthians e Atlético-MG, respectivamente, superaram todos os traumas e brincadeiras de rivais e conseguiram o sonhado título da competição. Neste ano, a história não foi diferente.
Um dos grandes da Argentina que ainda não tinham conseguido alcançar o título e talvez o mais ironizado por isso - era até chamado de Clube Atlético Sem Libertadores, em referência a sua sigla -, o San Lorenzo deixou isso para trás e se tornou o oitavo de seu país a conseguir a taça. Os outros são: Independiente, Boca Juniors, Estudiantes, River Plate, Argentinos Juniors, Racing e Vélez Sarsfield.
Sem atletas muito conhecidos, o time de Almagro se popularizou ao longo da competição por uma personalidade não relacionada ao futebol. Isso porque seu torcedor mais ilustre é o Papa Francisco, que já demonstrou inúmeras vezes sua paixão pelo clube, do qual é sócio.
Dessa forma, o pontífice, em meio ao seu grande momento profissional, também viu seu time de coração ter o maior momento de sua história e ser ‘batizado pela América'. No entanto, em compromisso na Coreia do Sul, ele não pôde acompanhar a redenção de perto.
Em uma Libertadores marcada pelo fiasco dos brasileiros, que deixaram a disputa precocemente, o San Lorenzo se tornou algoz de três deles. Depois de alcançar um ‘milagre' diante do Botafogo na última rodada da fase de grupos ao triunfar por 3 a 0, a equipe argentina eliminou o Grêmio nas oitavas e o Cruzeiro - o melhor time do país verde e amarelo no torneio - nas quartas.
A conquista também engrandece ainda mais o currículo do técnico Edgardo Bauza, que fez da LDU, em 2008, o primeiro time equatoriano a ganhar a Libertadores. Agora, o treinador de 56 anos chega ao seu segundo troféu do torneio.
Já o Nacional, que também buscava sua primeira conquista na Libertadores, pode se contentar, ao menos, com a melhor campanha de sua história. Além disso, o clube é o segundo paraguaio consecutivo a ser vice. Isso porque, no ano passado, o Atlético-MG bateu o Olimpia na decisão.
Nacional aproveita ‘efeito contrário', mas sofre gol em falha individual
No início de partida, a festa promovida pelos torcedores azuis e grenás nas arquibancadas do Nuevo Gasómetro teve efeito contrário: o San Lorenzo se mostrou assustado e viu o Nacional, com desenvoltura, tomar conta do jogo. Logo no primeiro minuto, Mercier errou passe no meio-campo e arquitetou o contragolpe visitante. Após boa trama na área, Orué finalizou firme, rasteiro, e carimbou a trave esquerda de Torrico.
Adiantando a marcação, o Nacional voltou a pressionar o Ciclón. Aos 17 minutos, Melgarejo disputou com dois defensores, ficou com a bola e rolou para trás, para Torales. O meia finalizou forte e assustou o goleiro adversário, concluindo à esquerda da trave. Com 27 jogados, Orué escapou em velocidade e serviu Bareiro na área. O centroavante caiu, em contato com a marcação, e pediu pênalti. O árbitro brasileiro Sandro Meira Ricci, bem postado, mandou seguir.
Superior em campo, o time tricolor de Assunção sofreu o primeiro gol em falha individual. Aproveitando sobra de bola na área, Cauteruccio esboçou uma finalização acrobática e viu Coronel interceptar a investida com o braço. Acertadamente, o juiz brasileiro marcou pênalti, que Néstor Ortigoza converteu com calma e precisão, deslocando Don.
Mesmo com a vantagem em mãos, os comandados de Edgardo Bauza seguiram sofrendo as agudas chegadas paraguaias. Quando o relógio apontou a marca dos 44, Julián Benítez avançou pela ponta esquerda, cortou a marcação e chutou colocado, mandando rente à trave esquerda de Torrico, que apenas olhou. No ataque seguinte, Torales também experimentou da intermediária e levou perigo.
Fogo dentro e fora das quatro linhas
No início do período complementar, uma cena chamou atenção: um bolo formado por papéis higiênicos arremessados pelos torcedores mandantes pegou fogo e exigiu a intervenção dos bombeiros. Em campo, o clima quente se fez presente com a bola no pé.
Aos oito minutos, aproveitando bola espirrada pela defesa paraguaia, após escanteio da direita, Héctor Villalba finalizou firme, mas mandou à esquerda de Don. A resposta do Nacional veio com 12 jogados: em cobrança de falta, Marcos Riveros alçou a bola na área, mas nenhum companheiro seu desviou.
Quando o relógio apontou a marca dos 20, Sandro Meira Ricci expulsou um gandula, responsável por retardar a reposição das bolas. Tal atitude foi um reflexo da postura azul e grená, que se retraiu. Assim, o Nacional seguiu pressionando e reclamou de outro pênalti. Acionado na área, Bareiro acabou empurrado por Cetto, que utilizou as duas mãos nas costas do centroavante. Porém, o juiz mandou o dianteiro visitante se levantar.
Com 32 jogados, o Nacional-PAR desperdiçou uma chance clara para empatar: aproveitando sobra de bola na área argentina, Bareiro, cara a cara com Torrico, finalizou por cima do travessão.
Aos 42 minutos, o ídolo Romagnoli deixou o campo aos prantos, para a entrada do defensor Kannemmann. Retraído, o San Lorenzo se retraiu e soube conter os ímpetos mandantes para batizar a América, na despedida de seu camisa 10.
FICHA TÉCNICA:
SAN LORENZO 1 x 0 NACIONAL-PAR
Local: Estádio Pedro Bidegaín (Nuevo Gasómetro), em Buenos Aires-ARG
Data: 13 de agosto de 2014, quarta-feira
Horário: 21h15 (de Brasília) 
Árbitro: Sandro Meira Ricci-BRA
Assistentes: Emerson Augusto de Carvalho-BRA e Marcelo Carvalho Van Gasse-BRA
Cartões amarelos: Mercier (San Lorenzo-ARG); Coronel, David Mendoza e Julián Benítez (Nacional-PAR)
Gol: Néstor Ortigoza, aos 35 minutos do primeiro tempo
SAN LORENZO: Torrico; Buffarini, Cetto, Gentiletti e Emanuel Más; Mercier, Héctor Villalba (Kalinski), Néstor Ortigoza e Romagnoli (Kannemann); Cauteruccio (Verón) e Mauro Matos
Técnico: Edgardo Bauza


NACIONAL-PAR: Don; Coronel, Piris, Cáceres e Mendoza; Marcos Riveros, Torales, Melgarejo (Luzardi) e Orué (Montenegro); Julián Benítez (Julio Santa Cruz) e Bareiro
Técnico: Gustavo Morínigo