sábado, 26 de julho de 2014

segunda Parte 2 Dunga não explica negócio nebuloso com jogador

No meio do caminho do comando da seleção existem duas pedras maiores e mais eliminatórias do que as próprias eliminatórias da Copa do Mundo de 2018. O primeiro obstáculo é uma história para lá de nebulosa envolvendo uma suposta segunda venda do jogador Ederson. Desta vez para o minúsculo Club Atletico de Las Piedras (Uruguai), cuja transferência jamais ocorreu. Tendo como protagonista o advogado, braço direito do técnico do Brasil e secretário executivo do Instituto Dunga, Juarez Rosa da Silva. Ocorrida em 2007, quando Dunga já era o comandante da equipe brasileira.
A segunda situação é o necessário esclarecimento, por parte de Dunga, sobre o pagamento de U$ 575.000,00 (quinhentos e setenta e cinco mil dólares) que fez para o RS Futebol Clube, relativos a 25% do passe de Ederson. O treinador alega, em processo na justiça, que foi um empréstimo para o grupo Image Promotion Company (IPC) efetuar tal compra. No entanto, até aqui, existe a revelação da documentação, pública, do depósito em nome dele para o clube. Mas não a volta, o ressarcimento da IPC para o próprio Dunga. O que poderia dar margem ao entendimento de que é o dono dos 25% do passe de um jogador, atividade incompatível com a função de treinador de uma seleção brasileira.
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Contrato de transferência de vínculo de Ederson para o Club Atletico de Las Piedras
Contrato de transferência de vínculo de Ederson para o Club Atletico de Las Piedras
Como a reportagem do "Dossiê 2014" mostrou na última quinta-feira, Dunga intermediou a venda do meia Ederson, em 14 de janeiro de 2004, do RS Futebol Clube para os investidores do IPC, recebendo de comissão R$ 407.384,08 do valor de U$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil dólares), por 75% dos direitos federativos e econômicos do jogador. Depois, no dia 8 de maio de 2006, o próprio Dunga foi o autor do depósito de U$ 575.000,00 pelos 25% restantes. Esta segunda parte do negócio tinha entre as condições primordiais para a realização, por determinação do IPC, a cessão de uma procuração para que Juarez Rosa fosse o representante do RS Futebol Clube na negociação. Condição que se encerrava no ato de formalização da transferência. Após o pagamento por parte de Dunga, o vínculo desportivo foi transferido para o Nice e a procuração do clube gaúcho para Juarez Rosa se encerrou, 1º de julho de 2006.
No entanto, mesmo com o valor da procuração entre o RS Futebol Clube e Juarez Rosa esgotado um ano antes, surge uma peça para lá de misteriosa no acanhado Cartório de Notas de Las Piedras, cidade uruguaia cinco vezes menor do que o bairro carioca de Copacabana: um contrato de transferência de vínculo de Ederson, beneficiando o já citado miúdo Club Atletico de Las Piedras. Valor: direito de crédito de 700 mil euros e direitos futuros equivalentes a 50% em caso de saída do Nice para outro time. Quase um presente do RS Futebol Clube para a agremiação de Las Piedras. Uma segunda venda de Ederson, discriminada no papel do cartório, mas que não virou transferência jamais. Nesta ação entre os dois clubes, Juarez Rosa assinou para o RS Futebol Clube. Como representante do clube uruguaio assina Mauro Paglioni, empresário de futebol e agente Fifa. Além de uma terceira assinatura, do representante do IPC. Essa segunda e inusitada transação, para um inusitado clube, de um jogador sobre o qual Dunga havia ganho comissão na venda anterior dos 75% e depositado posteriormente o equivalente aos 25% dos direitos, é realizada por um homem de confiança do treinador e ocorre quando este já está no comando da seleção brasileira. Em 26 de julho de 2007.
Surpreendidos com o surgimento de uma nova transação, com um jogador já vendido e realizada em seu nome, os representantes do RS Futebol Clube abriram processo contra Carlos Caetano Biedorn Verri, o Dunga, Juarez Rosa da Silva e a Image Promotion Company. O processo está no Superior Tribunal de Justiça, em Brasília. Dunga foi excluído do processo, pelo entendimento de que não foi parte nesta fase da transação, a "segunda venda de Ederson". Juarez Rosa é presente em todos os momentos e decisões importantes do treinador. Estava com ele no dia da volta de Dunga ao posto de técnico da seleção, em encontro recente com Marin e Del Nero. Em 2010, às vésperas do embarque do time para à África do Sul, Dunga visitou a governadora Yeda Crusius para falar sobre o Instituto Dunga. Presente, Juarez Rosa foi apresentado como secretário geral do Instituto, como está no Diário Oficial de 3 de maio de 2010.
A reportagem encaminhou questões relativas ao contrato com o clube uruguaio para Juarez Rosa, sem obter resposta. Ao técnico Dunga foram enviadas questões sobre as circunstâncias do depósito dele para pagamento dos 25% do passe de Ederson, alegado como empréstimo dele para o IPC e sobre o pagamento de volta para ele, também sem resposta por parte do treinador.
ESPN.COM.BR
Depósito de 575 mil dólares de Dunga para representantes do RS Futebol Clube
Depósito de 575 mil dólares de Dunga para representantes do RS Futebol Clube