quarta-feira, 9 de julho de 2014

Maracanazo foi trágico, 'Minerazo', a maior vergonha do Brasil

REUTERS
Luiz Felipe Scolari leva as mãos ao rosto durante a derrota para a Alemanha
Luiz Felipe Scolari leva as mãos ao rosto durante a derrota para a Alemanha
O Maracanazo foi trágico, o "Minerazo", a maior vergonha da história centenária da seleção brasileira. Acabou nesta terça-feira, em Belo Horizonte, a segunda chance da seleção brasileira ganhar uma Copa do Mundo em casa.
E sem o drama de 64 anos atrás, quando perdeu de virada para o Uruguai. Agora, o carrasco foi a Alemanha, que massacrou o time de Luiz Felipe Scolari por 7 a 1, na pior derrota da história da seleção brasileira. Foram cinco gols apenas nos 29 minutos iniciais, em um confronto que mais parecia um duelo entre profisssionais e jogadores amadores, dado à disparidade técnica, física e tática.
Em 1950, a culpa quase toda caiu no goleiro Barbosa, por uma falha discutível. Agora, não faltam responsáveis por tamanho vexame, e vai soar ridículo colocar toda a culpa nos desfalques do lesionado Neymar e do suspenso Thiago Silva.
Felipão montou um time que arma seu jogo com chutões de zagueiros, sem variações táticas e que ainda apela às faltas para marcar o rival. Ele e seu coordenador, Carlos Alberto Parreira, pressionaram ainda mais os jogadores ao dizerem que o Brasil já estava "com uma mão na taça" antes e durante o Mundial.
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Torcedores do Brasil lamenta após quarto gol alemão
Torcedores do Brasil lamentam após quarto gol alemão
Em campo, Fred foi um centroavante de um gol em seis jogos. Os veteranos da lateral direita, Daniel Alves e Maicon, não marcavam nem atacavam. O meio-campo foi um setor inexistente. Hulk completou seu décimo jogo oficial pela seleção principal sem marcar um gol. Fora de campo, a CBF bancou os treinos na Granja Comary, sem privacidade para treinos secretos, mas com convidados de patrocinadores nas arquibancadas.
Para os alemães, o triunfo significou a passagem para a oitava final de Mundial, o que o Brasil também buscava. O adversário para a decisão, domingo, no Maracanã, será definido hoje, na partida entre Argentina x Holanda, na Arena Corinthians.
Neymar, fora por fratura na vértebra, foi lembrado pelos companheiros. Na execução do hino nacional, o capitão David Luiz exibiu a camisa 10 do companheiro.
O Brasil começou o jogo com uma surpresa. No lugar do machucado Neymar, nada de Willian para cadenciar o meio-campo ou Paulino para deixar o time com três volantes. Luiz Felipe Scolari ousou e escalou Bernard, deixando o time com a mesma característica tática Na vaga do suspenso Thiago Silva, entrou quem era esperado: Dante.
No lado alemão, Joachim Low manteve Klose, dando ao veterano atacante a chance de se isolar como o maior artilheiro das Copas, deixando Ronaldo para trás.
A ideia de Felipão era atacar a Alemanha. No início, e só no início, isso funcionou. O Brasil partiu para cima e marcava o rival no campo dele. Mas não demorou para os europeus começarem a tocar a bola e diminuir a velocidade do jogo, que aos 10min já era equilibrado. E menos ainda para sair o primeiro gol.
Aos 11min, Kroos bateu escanteio pelo lado direito, a defesa brasileira falhou e Muller ficou livre para marcar seu quinto gol na Copa.
Em desvantagem, começaram os chutões brasileiros. Aos 17min, a primeira discussão em campo, depois que Marcelo pediu pênalti, inexistente, em disputa com Lahm. Boateng reclamou com o lateral esquerdo do Real Madrid.
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Jogadores da Alemanha comemoram gol de Mulelr
Jogadores da Alemanha comemoram gol de Mulelr

A opção de Felipão por Bernard era uma tragédia. O ex-jogador do Atlético-MG era nulo no ataque e a seleção levava um baile no meio-campo. O segundo gol alemão era questão de tempo. Aos 23min, os europeus entraram tocando na área. Klose chutou uma vez. Júlio César defendeu, mas no rebote ele marcou o 16º gol da sua carreira em Copas, finalmente passando Ronaldo. E o pesadelo aumentou um minuto depois.
Kroos fez o terceiro. Ele mesmo fez o quarto gol, aos 26min. A seleção conseguiu a proeza de levar quatro gols em apenas seis minutos depois que Khedira fez o quinto, aos 29min. Seu time era uma tragédia, mas Felipão, atônito no banco, não fez substituições.
Trocas só no intervalo. Paulinho entrou no lugar de Fernandinho, e Ramires na vaga de Hulk. Bernard ficou em campo.
Com o meio-campo reforçado, o jogo deixou de ser profissionais x amadores. A Alemanha tinha mais dificuldades de controlar a bola, e o Brasil conseguiu criar. Mas o time de Low tem um dos melhores goleiros do mundo, e Neuer evitou o gol brasileiro duas vezes. E fez um milagre aos 8min, em chute de Paulinho que desviou para escanteio.
Lances que animaram a torcida por apenas alguns minutos. Ao errar mais uma finalização, Fred, que é mineiro, foi xingado por quase todo Mineirão. Os alemães se irritavam com as seguidas tentativas dos brasileiros de cavarem um pênalti se jogando na área.
E, mesmo sem atacar com a mesma intensidade, fizeram o sexto, aos 24min, mais uma vez tocando dentro da área brasileira com se não houvesse marcação. Schuerrle foi o autor do gol.
A humilhação não tinha fim. Aos 34min, Schuerrle chutou cruzado para marcar o sétimo. O Mineirão, que poupava Felipão dos xingamentos, resolveu aplaudir. E começou a gritar olé nas trocas de bola dos alemães. Alguns ainda comemoraram o gol de honra dos brasileiros, aos 45min, com Oscar.
A seleção brasileira embarca ainda nesta terça-feira para Teresópolis, sua base de treinos durante toda a Copa do Mundo. Deve ficar lá até sexta-feira, quando viaja para Brasília, palco da disputa do terceiro lugar. Os alemães também retornam hoje para sua casa durante o Mundial, no litoral da Bahia.
FICHA TÉCNICA:BRASIL 1 X 7 ALEMANHA
Local: Mineirão, em Belo Horizonte (MG)
Data: terça-feira, 8 de julho de 2014
Horário: 17h (de Brasília)
Árbitro: Marco Rodríguez (MEX)
Assistentes: Marvin Torrentera e Marcos Quintero (ambos MEX)
Gols: Muller, aos 11min, Klose, aos 23min, Kroos, aos 24min e 26min, Khedira, aos 29min do primeiro tempo; Schuerrle, aos 24min e 34min, Oscar, aos 45min do segundo tempo
Cartões amarelos: Dante (BRA); (ALE)
BRASIL: Júlio César; Maicon, Dante, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo, Fernandinho (Paulinho) e Oscar; Hulk (Ramires), Bernard e Fred (Willian)
Técnico: Luiz Felipe Scolari
ALEMANHA: Neuer; Lahm, Hummels, Boateng e Howedes (Mertesacker); Khedira (Draxler), Schweinsteinger, Kroos e Ozil; Muller e Klose (Schuerrle)
Técnico: Joachim Low