quarta-feira, 9 de julho de 2014

Da Anatomia de uma derrota à autópsia de uma campanha. O Brasil sofre a maior derrota em cem anos de seleção

O estupendo livro Anatomia de uma Derrota recebeu um título primoroso do jornalista Paulo Perdigão, em 1986. Para o vexame na semifinal de 2014, a palavra não é anatomia, mas autópsia. Houve de tudo para explicar a derrota. E há também uma reflexão a fazer sobre o futebol brasileiro depois da maior goleada sofrida pela seleção em cem anos.
A escalação de Bernard ajudou a pressionar nos primeiros nove minutos, mas abriu o meio-de-campo. A seleção brasileira usava muito as pernas e pouco a cabeça, no início da partida. Felipão pensou em usar as entradas em diagonal com Bernard no setor de Höwedes. Esqueceu-se de vigiar o melhor armador da Alemanha: Toni Kroos.
O craque do jogo e do time chega à final com chance de ser eleito o melhor da Copa, se a Alemanha for vencedora. A atuação contra o Brasil foi impecável. Primeiro o cruzamento para o gol de Thomas Muller - falha coletiva da defesa e também de David Luiz.
Depois, o passe para clarear a jogada em que Miroslav Klose marcou pela 16a vez em Copas do Mundo e tornou-se o recordista, à frente de Ronaldo.
E então, dois gols, primeiro em um tiro da entrada da área, depois finalizando uma jogada de pelada. Ambos em erros de Fernandinho, de atuação péssima e abatido depois da primeira falha.
Sofrer quatro gols em seis minutos é raro, Acontece por causa de abalo emcional, mas também por questões táticas. O meio-de-campo do Brasil ficou aberto, escancarado.
Felipão tem razão em tentar manter a serenidade. O futebol brasileiro precisa ter. Acalmar-se, colocar a bola no chão, discutir sobre o que está se passando. E lembrar-se para sempre que o reinício precisa acontecer depois da pior derrota em cem anos. O pior dia da seleção brasileira exige que se faça a autópsia.


SEMIFINAIS
8/julho/2014
BRASIL 1 x 7 ALEMANHA

Local: Mineirão (Belo Horizonte); Juiz: Marco Rodriguez (México); Gols: Thomas Muller 10, Klose 22, Kroos 23, Kroos 25, Khedira 29 do 1º; Schurrle 23, Schürrle 33, Oscar 45 do 2º; Cartão amarelo: Dante
BRASIL (4-2-3-1): 12. Júlio César (4,5), 23. Maicon (4,5), 4. David Luiz (4), 13. Dante (4,5) e 6. Marcelo (4); 17.Luiz Gustavo (4) e 5. Fernandinho (2) (8. Paulinho , intervalo (3,5)); 20. Bernard (4), 11. Oscar (4) e 7. Hulk (3,5) (16. Ramires, intervalo (4)); 9. Fred (3) (19. William 24 do 2º (3,5)). Técnico: Luiz Felipe (2)
ALEMANHA (4-1-4-1): 1. Neuer (7,5), 16. Lahm (7,5), 20. Boateng (7), 5. Hummels (7,5) (17. Mertesacker, intervalo (7)) e 4. Höwedes (7); 7. Schweinsteiger (7,5); 13. Thomas Müller (8,5), 6. Khedira (7) (14. Draxler 31 do 2º (7)), 18. Kroos (9) e 8. Ozil (7); 11. Klose (8) (9. Schürrle 12 do 2º (8)). Técnico: Joachim Löw (8)
Homem do jogo FIFA - Kroos
Homem do jogo PVC - Kroos
51% x 49%