O grupo de Juvenal Juvêncio fez 61% na renovação do Conselho Deliberativo do São Paulo. É importante entender o que isso representa: o grupo situciacionista está eleito, porque o novo conselho elege o presidente. Se a situação é maioria, elegerá Carlos Miguel Aidar, o candidato situacionista.
Importante também entender por quê a eleição foi assim. Desde a morte de Antônio Leme Nunes Galvão, em 2001, Juvenal assumiu o lugar que era do velho cardeal, de aglutinador na vida política são-paulina. Galvão foi o grande opositor de Juvenal. Desbancou-o, em 1990. E dividiu o São Paulo.
Antes de Juvenal, o último momento de aglutinação tricolor foi com Aidar. Presidente entre 1984 e 1988, uniu todos os grupos, todas as frentes. Foi líder também no cenário nacional, presidente que ajudou a fundar o Clube dos Treze que, naquela época, poderia ter sido Premier League -- a liga inglesa só nasceu em 1992.
Pelo São Paulo, Aidar foi um presidente exemplar. Assumiu em 1984 e logo contratou Cilinho, famoso por formar jogadores na Ponte Preta, Guarani e XV de Jaú. Em janeiro de 1985, dava entrevistas dizendo que o futebol brasileiro estava falido e, por isso, ia formar jovens. Em cinco meses, o São Paulo de Cilinho e dos garotos Muller e Silas era eliminado pelo Grêmio sob aplausos da torcida. O São Paulo era espetáculo.
O time que não tinha dinheiro em janeiro era campeão paulista em dezembro de 1985 com futebol genial. Em outubro, contratou Falcão. Sem dinheiro, mas com engenhosidade.
Aidar é acima de tudo um aglutinador. Será bom presidente se repetir a capacidade de diálogo que sempre demonstrou. É possível (suposição minha) que em dez meses tenha Marco Aurélio Cunha em seus quadros. Sua capacidade é de juntar os melhores.
Tem um pecado: está fora do futebol há 26 anos. O futebol mudou, ficou mais mercantil, menos amigável. Precisará cercar-se de boas companhias. No cenário nacional, tem uma ótima. É seu parceiro e cabo eleitora Ataíde Gil Guerreiro, um dos nomes mais fortes do final da história do Clube dos Treze, líder do processo de licitação que fez a TV pagar quatro vezes mais do que pagava aos clubes da Série A.
Carlos Miguel Aidar foi o último bom trabalho de Juvenal Juvêncio. Eleger um presidente que pode ajudar o São Paulo voltar a ser o que era.