A primeira jogada de perigo do jogo em Munique foi um contra-ataque. Di Maria recebeu de Cristiano Ronaldo e cruzou para Benzema. O replay do gol do jogo de ida, em Madri, foi interceptado pela defesa de Neuer. Mas aos poucos o contra-ataque do Real Madrid mostrou ser mais incisivo do que a posse de bola do Bayern. Não descarte, não despreze, não diga que o tiki-taka acabou. Não é isso! Time bom é sempre time bom! Pode ser de qualquer estilo.
O Real Madrid faz um tipo de jogo fortíssimo e bonito, porque muitas vezes as jogadas mais belas são feitas em contra-ataques. O São Paulo dos Menudos, 1985, era contra-ataque, o Arsenal invencível, campeão invicto da Premier League em 2004, era contra-ataque! O Real Madrid é posse de bola alta, mas capacidade inquestionável de aproveitar a velocidade de seus jogadores.
Eis o ponto:
"Quando passei por aqui pela primeira vez, eu dizia ter Petr Cech, capaz de colocar a bola com os pés na outra área, e Didier Drogba, um centroavante incrível, forte e alto. Se eu jogasse com passes curtos, eu seria um estúpido!", disse Mourinho. A alfinetada em Guardiola é evidente. Mais importante o pensamento.
É preciso jogar com as qualidades dos jogadores que você tem à sua disposição. Mourinho tem feito isso. Carlo Ancelotti é um exemplo de quem sabe fazer o mesmo. Foi campeão com o Milan, em 2003 defendendo. Ganhou de novo em 2007 atacando, pressionando a saída de bola do Manchester United na semifinal de San Siro, vencida por 3 x 0.
"Não há só um jeito de vencer", disse Diego Simeone em sua entrevista coletiva, antes de Mourinho, quase avalizando a vitória do Chelsea em Liverpool e o empate da semana passada. Simeone foi justo. Mourinho, preciso. Se você tem onze craques à disposição, ataca. É possível que a final da Liga dos Campeões aconteça entre dois técnicos com fama de retranqueiro. Carlo Ancelotti, do Real Madrid, montou a equipe de melhor ataque da história da Premier League -- o Chelsea campeão com 103 gols em 2010.
José Mourinho, do Chelsea, construiu o Real Madrid do melhor ataque da história da Liga Espanhola - campeão com 121 gols em 2012. Simeone corre o risco de ter a mesma fama, pela maneira como monta suas equipes.
Em todos os casos, o campeão será um time que joga. Defende quando não tem a bola, ataca quando a tem.
