A novela da negociação de Gílson Kleina com o Palmeiras não começou no sábado passado, quando a Folha de S. Paulo publicou que o clube pretendia reduzir seu salário -- informação dada na quinta-feira pelo Bate Bola. Começou em setembro, quando alguém afirmou que Vanderlei Luxemburgo estava apalavrado, contratado ou como quer que se chame. Todo mudno que publique uma história é responsável por ela. Inclusive este blog, que ontem pela manhã disse que a tendência era a saída de Kleina, por sua vontade.
Não era mentira, era uma tendência, não uma certeza. Havia um tom de despedida, chateação pela redução salarial -- este é outro ótimo debate.
De setembro para cá, leu-se que Oswaldo de Oliveira e Dorival Júnior eram prioridades do Palmeiras. Nunca foram. E que oferecer diminuição salarial só poderia signficar a tentativa do clube de que Kleina pedisse demissão e fosse embora. Era a vontade do Palmeiras? Não era!
Desde que o Palmeiras caiu na Copa do Brasil e avançou na Série B, havia o consenso da parte profissional da diretoria -- Brunoro, Omar Feitosa -- de que a continuidade era o melhor caminho. E havia a cornetagem assoprando no ouvido do presidente Paulo Nobre que o técnico deveria ter mais nome.
Essa conversa produziu a viagem de Brunoro e do vice-presidente Gennaro Marino à Argentina para conversar com Marcelo Bielsa. A oferta do argentino: R$ 1,5 milhão por mês.
Sem chance!
Se Felipão não volta, se Bielsa não vem, se Luxemburgo está em queda, a troca de Kleina por qualquer outro daria empate. Ou derrota, na versão da diretoria profissional. Claro, porque o novo técnico teria de conhecer o elenco que Kleina conhece. É possível que Kleina não esteja pronto para ser campeão. Acompanhá-lo é fundamental! 
Se o Palmeiras ficassem sem Kleina, dificilmente contrataria um bom técnico pelo que pretendia pagar. Se Kleina ficasse sem o Palmeiras, provavelmente não arrumaria outro emprego pelo mesmo valor num clube grande, capaz de disputar títulos nacionais. Kleina queria, então, respaldo. Alguma garantia de que não vai cair na terceira derrota. Alguma certeza de que vai montar um time competitivo. 
Vai!
Não um time caro, mas um time capaz de lhe dar condição de brigar por títulos. Se os conquistar, mudará de patamar. O Palmeiras pode dar isso a Kleina. E Kleina pode dar ao Palmeiras os títulos de que o clube precisa? Se não puder, receberá menos dinheiro do que recebia. O acordo pareceu absurdo desde o princípio, mas faz algum sentido.
A frase de um membro da direção palmeirense é brilhante. No Brasil, os técnicos são mais comprometidos com as derrotas do que com as vitórias. Se perdem, recebem altos salários e uma multa extraordinária. Se vencem, dividem o bicho com o grupo todo. Não faz sentido.
Não fazia sentido tentar mudar isso sozinho.
Renovar o contrato com redução salarial foi uma vitória da filosofia de Paulo Nobre. Foi. mas a história só será contada assim com um título para avalizar.