segunda-feira, 8 de julho de 2013

O futuro de Murray

O Everest da carreira de Andy Murray ficou para trás, finalmente. Ele foi campeão da edição mais insana de Wimbledon, que começou com o belga Steve Darcis batendo Rafael Nadal em três sets, passou por sete abandonos no mesmo dia, pelo saque-voleio de Sergiy Stakhovsky contra Roger Federer, pela virada de Sabine Lisicki contra Serena Williams, pelo título da excêntrica Marion Bartoli e terminou com o jejum de 77 anos dos britânicos em casa.
Todos sabemos como Murray chegou aqui. Ele sempre teve o talento, mas faltava a cabeça. Após ver Novak Djokovic sair do papel de coadjuvante e virar número 1 do mundo, o escocês decidiu contratar um treinador. O treinador: Ivan Lendl. Já no Australian Open de 2012, Murray levou Djokovic quase ao limite na semifinal. Então, ele fez sua primeira final em Wimbledon, superando o histórico de Tim Henman. Algumas semanas depois, jogou o melhor tênis de sua vida nas Olimpíadas. Finalmente, o primeiro Slam foi vencido de forma turbulenta e sob ventania no US Open.
O semestre inicial de 2013 não foi dos melhores e a temporada de saibro foi um desastre, mas tudo seria esquecido se ele fosse campeão de Wimbledon. Por isso, a decisão de não jogar Roland Garros foi um grande acerto (e acredito que Lendl teve um dedo nisso). Durante a campanha, para a surpresa de todos, o adversário que mais colocou o título em perigo foi o (agora não mais) decadente Fernando Verdasco.
A dúvida é para onde Murray vai agora. O maior objetivo de sua vida foi alcançado. Não é fácil reunir forças outra vez e procurar outras coisas com a mesma vontade. Mas há sim alguns feitos que Murray pode atingir para rechear seu currículo:
1. Ser número 1 do mundo
Neste ano, a tarefa parece impossível, já que Djokovic e Nadal estão bem acima, pois tiveram um grande primeiro semestre. Essa é uma missão que ficará para a próxima temporada, mas totalmente dependente da próxima meta.
2. Melhorar no saibro
A única temporada boa que Murray fez no saibro foi em 2011 (semifinais em Roland Garros e Monte Carlo). É um pedaço do ano que distribui mais de 5.000 pontos e faz uma diferença gigante no ranking (Nadal que o diga). Em 2013, fez sentido deixar o piso antes, porque ainda havia Wimbledon para vencer. Já no próximo ano, não.
3. Parar de perder finais no Australian Open
Chegar à decisão em Melbourne não é um problema para Murray, ele já fez isso três vezes. Mas saiu com o prato de vice em todas. Podemos dizer que enfrentar Djokovic na Austrália é um pouco (atenção, eu disse um pouco) como pegar Nadal em Paris. Porém, como vimos várias vezes, partidas entre Djokovic e Murray são decididas em detalhes.
4. Ser campeão do ATP Finals
Além de ser o torneio mais importante depois dos Slam, o evento é disputado em Londres (apesar do apoio da torcida ser bem menor do que em Wimbledon).
Sobre Djokovic, posso dizer essa foi sua pior final de Slam junto com o US Open de 2007, sua primeira. O sérvio foi uma máquina de erros não-forçados e seu saque não estava afiado como na semifinal. Mas em um mês começam os grandes torneios da América do Norte, onde ele é o melhor. Oportunidades não faltarão.
Mas, por enquanto, vamos aplaudir o campeão.
PS: Uma grande pena o título de Bruno Soares ter escapado, ainda mais pelos dois match-points perdidos. Mas sabemos que o mineiro continuará com enormes chances de vencer mais um Slam. Só que, com todo respeito a Lisa Raymond, eu sou mais a Makarova.
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