domingo, 30 de junho de 2013

Mistura perfeita

O coordenador técnico da seleção, Carlos Alberto Parreira, montou um vídeo com as diferenças de estilo entre Bayern de Munique e Barcelona. Seu objetivo é estudar as características do futebol mais moderno na Europa. Mas claro que divulgar o conteúdo é uma tentativa de responder à discussão sobre sua chama pelo futebol estar ainda acesa e atualizada.
Grosso modo, é justo dizer que, na final da Copa das Confederações, o Brasil é mais Bayern de Munique e a Espanha é mais Barcelona.
Felipão gosta de jogo mais vertical, Del Bosque não abandona o tiki-taka do Barça. Escalou seis jogadores de Tito Vilanova contra a Itália.
Toque de bola e marcação por pressão ajudaram os espanhóis a ganharem duas Euros e uma Copa do Mundo nos últimos cinco anos. Também auxiliou o Barcelona a disputar seis semifinais seguidas da Copa dos Campeões. Para Parreira, não é só isso:
"Fala-se muito da posse de bola, mas o Barcelona executa 14 princípios do futebol moderno", argumenta.
Não houve tempo de Parreira mostrar o vídeo. Ele fala sobre questões como viradas do lado da jogada e triângulos capazes de oferecer duas opções de passe sempre que alguém domina a bola.
Isso, além da posse de bola e do "pressing". "Futebol é imposição de estilo ao adversário, e eles impõem o deles", diz o coordenador.
Parreira ouve que sem marcação por pressão a Espanha seria similar ao Brasil de 94. Concorda: "Quando perdíamos a bola, nossa maneira de marcar era mais atrás".
Parreira continua sendo admirador do jogo de troca de passes constantes, como jogava o América de 1946, conhecido como tico-tico-no-fubá, ou seu Corinthians, batido pelo Santos de Robinho na final do Brasileiro de 2002.
Aquele Santos era vertical, tipo Bayern. O Corinthians tinha mais posse de bola, um Barcelona sem o espetáculo.
Felipão escuta Parreira e admite a troca de passes. Sem excessos. Julga o jogo espanhol chato. Gosta mesmo da infiltração, de partir em direção ao gol. Incorporou a marcação por pressão, da qual Parreira sempre teve receio.
A mistura Felipão-Parreira pode render um time de pressão combinada com posse de bola. De certa maneira, o estilo do Bayern, capaz de trocar passes e de asfixiar o adversário na saída de bola.
O Bayern massacrou o Barcelona na Copa dos Campeões, em abril, com vitórias por 4x0 e 3x0, maior placar agregado em semifinais.


É possível fazer isso com os espanhóis. Mas só quando o jeito de jogar estiver na ponta da língua.