O trabalho de Luiz Felipe Scolari não começou no dia em que ele foi apresentado por José Maria Marin, na CBF, no ano passado. Ele teve início quando Mano Menezes fez a primeira convocação, logo depois da Copa do Mundo de 2010.
Ao final do Mundial da África do Sul, Dunga foi dispensado e praticamente não deixou qualquer legado. Coube ao seu sucessor começar os testes com novos jogadores e, aos poucos, fazer uma transição entre aqueles que estiveram no último Mundial e os que jogarão o próximo.
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O time que perdeu para a Holanda na Copa de 2010:
Julio Cesar, Maicon, Lúcio, Juan e Michel Bastos (Gilberto); Gilberto SIlva, Felipe Melo, Daniel Alvese Kaká; Robinho e Luis Fabiano (Nilmar).
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Foram mais de 100 convocados num longo laboratório de observações para se chegar ao grupo atual. Sim, porque nunca é demais lembrar: dos 23 relacionados por Scolari para a Copa das Confederações, apenas os reservas Dante, Filipe Luís e Jô não tinham sido chamados por Mano.
E é muito próvável que tanto o zagueiro quanto o centroavante recebessem oportunidades caso ele seguisse no cargo. Dante só apareceu com grande destaque na última temporada e Jô voltou a se destacar após muito tempo no Atlético 2013, após bons momentos no ano passado.
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Até Neymar, que já faz da seleção dependente de seu talento, ganhou cancha nos jogos que disputou com o ex-técnico cebeefiano. Ele marcou 17 gols, disparado o artilheiro da "Era" Mano Menezes, e foi sendo preparado, a cada gol, a cada vaia, a cada drible, a cada falta sofrida com a camisa amarela. Felipão recebeu o craque mais amadurecido, é claro.
Mano cometeu erros, como demorar a definir uma forma de jogar e não dar um bom conjunto à seleção que disputou a Copa América. Teve semanas à frente do elenco na Argentina e os resultados foram sofríveis. Também perdeu a chance do ouro olímpico. Mas nos últimos meses de trabalho começava a mostrar resultados e um time promissor. Não me parece justo ignorar que a parte mais difícil, de real seleção, tendo que peneirar jogadores, foi executada por quem esteve no comando do selecionado da CBF antes do retorno do campeão mundial de 2002.
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Scolari dá sequência à maneira dele, mudando conceitos e mostrando que tem mesmo um repertório mais limitado, apoiado em velhos conceitos. Até aquele velho papo de "família" voltou à pauta, não pela boca do treinador, mas por aí, no dia-a-dia, em meio à exagerada empolgação de alguns momentos. Venceu os jogos que fez na Copa das Confederações e pode até ser campeão. Mas ainda é cedo para achar que o time "evoluiu" tanto assim. Mesmo nos 4 a 2 sobre a Itália os brasileiros tiveram bons e maus momentos, além de contarem com erros de arbitragem.
Não é o título ou não desse certame que determinará as possibilidades de conquista do que realmente importa, a Copa do Mundo, em 2014. Como nas edição de 2005 e 2009 da Copa das Confederações, vencidas pelo Brasil e que ajudaram a criar a falsa sensação de que aqueles times eram excelentes. Não eram e ficaram pelo caminho. O atual, com taça ou não no dia 30, terá que melhorar muito até o ano que vem.