segunda-feira, 24 de junho de 2013

Mano não recebeu legado de Dunga, mas deixou time encaminhado para Felipão. É cedo para euforia

O trabalho de Luiz Felipe Scolari não começou no dia em que ele foi apresentado por José Maria Marin, na CBF, no ano passado. Ele teve início quando Mano Menezes fez a primeira convocação, logo depois da Copa do Mundo de 2010.
Ao final do Mundial da África do Sul, Dunga foi dispensado e praticamente não deixou qualquer legado. Coube ao seu sucessor começar os testes com novos jogadores e, aos poucos, fazer uma transição entre aqueles que estiveram no último Mundial e os que jogarão o próximo.
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O time que perdeu para a Holanda na Copa de 2010:
Julio Cesar, Maicon, Lúcio, Juan e Michel Bastos (Gilberto); Gilberto SIlva, Felipe Melo, Daniel Alvese Kaká; Robinho e Luis Fabiano (Nilmar).
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Técnico brasileiro na Copa de 2010, Dunga não deixou legado ao sair do cargo
Dunga não deixou legado: do time derrotado pela Holanda em 2010 só Daniel Alves e Júlio César estão na seleção atual
Foram mais de 100 convocados num longo laboratório de observações para se chegar ao grupo atual. Sim, porque nunca é demais lembrar: dos 23 relacionados por Scolari para a Copa das Confederações, apenas os reservas Dante, Filipe Luís e Jô não tinham sido chamados por Mano.
E é muito próvável que tanto o zagueiro quanto o centroavante recebessem oportunidades caso ele seguisse no cargo. Dante só apareceu com grande destaque na última temporada e Jô voltou a se destacar após muito tempo no Atlético 2013, após bons momentos no ano passado.
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Em novembro, quando vivia seu melhor momento na seleção, Mano Menezes foi demitido
Mano Menezes foi demitido após convocar mais de 100 atletas 
Até Neymar, que já faz da seleção dependente de seu talento, ganhou cancha nos jogos que disputou com o ex-técnico cebeefiano. Ele marcou 17 gols, disparado o artilheiro da "Era" Mano Menezes, e foi sendo preparado, a cada gol, a cada vaia, a cada drible, a cada falta sofrida com a camisa amarela. Felipão recebeu o craque mais amadurecido, é claro.
Mano cometeu erros, como demorar a definir uma forma de jogar e não dar um bom conjunto à seleção que disputou a Copa América. Teve semanas à frente do elenco na Argentina e os resultados foram sofríveis. Também perdeu a chance do ouro olímpico. Mas nos últimos meses de trabalho começava a mostrar resultados e um time promissor. Não me parece justo ignorar que a parte mais difícil, de real seleção, tendo que peneirar jogadores, foi executada por quem esteve no comando do selecionado da CBF antes do retorno do campeão mundial de 2002.
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Luiz Felipe Scolari, durante a entrevista coletiva anterior ao jogo contra a Itália
Luiz Felipe Scolari, durante a entrevista coletiva: dos 23 que convocou, 20 haviam trabalhado com Mano na seleção
Scolari dá sequência à maneira dele, mudando conceitos e mostrando que tem mesmo um repertório mais limitado, apoiado em velhos conceitos. Até aquele velho papo de "família" voltou à pauta, não pela boca do treinador, mas por aí, no dia-a-dia, em meio à exagerada empolgação de alguns momentos. Venceu os jogos que fez na Copa das Confederações e pode até ser campeão. Mas ainda é cedo para achar que o time "evoluiu" tanto assim. Mesmo nos 4 a 2 sobre a Itália os brasileiros tiveram bons e maus momentos, além de contarem com erros de arbitragem.
Não é o título ou não desse certame que determinará as possibilidades de conquista do que realmente importa, a Copa do Mundo, em 2014. Como nas edição de 2005 e 2009 da Copa das Confederações, vencidas pelo Brasil e que ajudaram a criar a falsa sensação de que aqueles times eram excelentes. Não eram e ficaram pelo caminho. O atual, com taça ou não no dia 30, terá que melhorar muito até o ano que vem.