Após passar anos batendo na trave, o Cardiff oficializou seu acesso à Premier League nesta terça-feira e poderá fazer o clássico galês com o Swansea na principal divisão inglesa. É frequente o questionamento sobre o motivo da presença de times do País de Gales nas ligas da Inglaterra, e para entender é preciso conhecer um pouco da história do futebol no país.
Apesar de ter uma das federações de futebol mais antigas do mundo, criada em 1876, e ter participação com poder de voto na International Board, que cuida das regras do jogo, o País de Gales não tinha uma liga nacional até a temporada 1992/93, quando foi disputada pela primeira vez. Os maiores clubes profissionais e semiprofissionais do país sempre jogaram as competições inglesas.
Por causa da geografia galesa, o transporte norte-sul do país é precário em relação ao oeste-leste, o que muitas vezes tornava mais fácil viajar para a Inglaterra do que dentro das próprias fronteiras. Prova disso é que o futebol se popularizou antes no norte do que no sul. O Wrexham, ao norte, foi fundado em 1872. No sul, o Cardiff surgiu em 1899 e o Swansea em 1913.
Foi o Wrexham, hoje na quinta divisão inglesa (Conference), o primeiro a notar que dentro do País de Gales seria difícil encontrar competição de bom nível técnico para atrair torcedores e manter bons jogadores. Swansea e Cardiff seguiram o exemplo e também buscaram a pirâmide inglesa.
Até o título da Copa da Liga conquistado pelo Swansea este ano, o único título de expressão de um time galês na Inglaterra era do Cardiff: a FA Cup de 1927. Eles eram autorizados, porém, a participarda Copa do País de Gales, que também representava uma rota para as competições europeias.
Quando a liga galesa foi criada, os principais clubes profissionais deram de ombros. Com isso, os maiores centros urbanos de Gales ficaram sem representantes. Sem força para arrumar briga com os grandes, a federação forçou a barra para que ao menos os times de cidades menores e até vilarejos pudessem participar da competição, mas nem isso foi fácil.
Oito clubes se rebelaram inicialmente, mas três deles (Bangor City, Newtown e Rhyl) voltaram atrás e decidiram se juntar à nova liga. Para pressionar os restantes, a federação proibiu que eles mandassem seus jogos pelas ligas menores da Inglaterra em território galês. Um ano depois, o Barry Town cedeu à pressão e passou a integrar a liga galesa.
Em 1995, uma ação judicial autorizou os clubes rebeldes a permanecer no futebol inglês e jogar normalmente no País de Gales. Mesmo assim, o Caernarfon Town se mudou para o campeonato galês. Os demais (Newport County, Colwyn Bay e Merthyr Town) permanecem até hoje nas ligas inglesas.
Uma curiosidade: por causa do período de proibição, em que teve de mandar seus jogos na Inglaterra, o Newport County adotou o apelido "Exiles" (exilados).
Naquele mesmo ano, uma determinação da Uefa impediu que clubes disputando o campeonato nacional de um país se classificassem para as competições europeias por outro, o que levou a federação do País de Gales a excluir da copa nacional os times jogando na Inglaterra.
Uma exceção ainda existente diz respeito aos times de Liechtenstein, por se tratar do único país filiado a Uefa sem uma liga nacional. Assim, os clubes fazem parte da pirâmide suíça, mas só se classificam para a Europa por meio da copa local.
A classificação do Swansea para a Liga Europa através da Copa da Liga criou um fato novo: o time terá de disputar o torneio continental como um time "inglês" para todos os efeitos, inclusive contando pontos para o coeficiente do país. A Uefa já havia dado o sinal verde em 2008, quando o Cardiff chegou à final da FA Cup contra o Portsmouth e poderia ter se classificado, mas acabou perdendo.
Ironicamente, o time mais forte do campeonato galês na atualidade manda seus jogos na Inglaterra: o campeão The New Saints, que representa duas cidades vizinhas: a galesa Llansantffraid e a inglesa Oswestry, onde atua.
O TNS, que herdou as iniciais de seu antigo nome (chamava-se Total Network Solutions, por causa do patrocinador), teve seu grande momento ao enfrentar o Liverpool na primeira fase preliminar da Champions League, em 2005, quando os Reds eram os atuais campeões do torneio.
Apesar de ter uma das federações de futebol mais antigas do mundo, criada em 1876, e ter participação com poder de voto na International Board, que cuida das regras do jogo, o País de Gales não tinha uma liga nacional até a temporada 1992/93, quando foi disputada pela primeira vez. Os maiores clubes profissionais e semiprofissionais do país sempre jogaram as competições inglesas.
Por causa da geografia galesa, o transporte norte-sul do país é precário em relação ao oeste-leste, o que muitas vezes tornava mais fácil viajar para a Inglaterra do que dentro das próprias fronteiras. Prova disso é que o futebol se popularizou antes no norte do que no sul. O Wrexham, ao norte, foi fundado em 1872. No sul, o Cardiff surgiu em 1899 e o Swansea em 1913.
Foi o Wrexham, hoje na quinta divisão inglesa (Conference), o primeiro a notar que dentro do País de Gales seria difícil encontrar competição de bom nível técnico para atrair torcedores e manter bons jogadores. Swansea e Cardiff seguiram o exemplo e também buscaram a pirâmide inglesa.
Até o título da Copa da Liga conquistado pelo Swansea este ano, o único título de expressão de um time galês na Inglaterra era do Cardiff: a FA Cup de 1927. Eles eram autorizados, porém, a participarda Copa do País de Gales, que também representava uma rota para as competições europeias.
Quando a liga galesa foi criada, os principais clubes profissionais deram de ombros. Com isso, os maiores centros urbanos de Gales ficaram sem representantes. Sem força para arrumar briga com os grandes, a federação forçou a barra para que ao menos os times de cidades menores e até vilarejos pudessem participar da competição, mas nem isso foi fácil.
Oito clubes se rebelaram inicialmente, mas três deles (Bangor City, Newtown e Rhyl) voltaram atrás e decidiram se juntar à nova liga. Para pressionar os restantes, a federação proibiu que eles mandassem seus jogos pelas ligas menores da Inglaterra em território galês. Um ano depois, o Barry Town cedeu à pressão e passou a integrar a liga galesa.
Em 1995, uma ação judicial autorizou os clubes rebeldes a permanecer no futebol inglês e jogar normalmente no País de Gales. Mesmo assim, o Caernarfon Town se mudou para o campeonato galês. Os demais (Newport County, Colwyn Bay e Merthyr Town) permanecem até hoje nas ligas inglesas.
Uma curiosidade: por causa do período de proibição, em que teve de mandar seus jogos na Inglaterra, o Newport County adotou o apelido "Exiles" (exilados).
Naquele mesmo ano, uma determinação da Uefa impediu que clubes disputando o campeonato nacional de um país se classificassem para as competições europeias por outro, o que levou a federação do País de Gales a excluir da copa nacional os times jogando na Inglaterra.
Uma exceção ainda existente diz respeito aos times de Liechtenstein, por se tratar do único país filiado a Uefa sem uma liga nacional. Assim, os clubes fazem parte da pirâmide suíça, mas só se classificam para a Europa por meio da copa local.
A classificação do Swansea para a Liga Europa através da Copa da Liga criou um fato novo: o time terá de disputar o torneio continental como um time "inglês" para todos os efeitos, inclusive contando pontos para o coeficiente do país. A Uefa já havia dado o sinal verde em 2008, quando o Cardiff chegou à final da FA Cup contra o Portsmouth e poderia ter se classificado, mas acabou perdendo.
Ironicamente, o time mais forte do campeonato galês na atualidade manda seus jogos na Inglaterra: o campeão The New Saints, que representa duas cidades vizinhas: a galesa Llansantffraid e a inglesa Oswestry, onde atua.
O TNS, que herdou as iniciais de seu antigo nome (chamava-se Total Network Solutions, por causa do patrocinador), teve seu grande momento ao enfrentar o Liverpool na primeira fase preliminar da Champions League, em 2005, quando os Reds eram os atuais campeões do torneio.