domingo, 14 de abril de 2013

Lugar sagrado


A apatia do São Paulo na vitória sobre o Barbarense, quarta-feira, produziu um comentário de um dirigente tricolor para o técnico Ney Franco: "Se for para jogar assim contra o Atlético-MG, melhor dizer aos jogadores para nem irem. Digam que estão com dor de barriga".
O jogo amorfo de Santa Bárbara contrasta com a dedicação do Palmeiras nos últimos três jogos. Logo após a vitória sobre o Libertad, o presidente Paulo Nobre invadiu o vestiário gritando seu orgulho pela equipe: "Isso é sangue na veia!"
A semana passada consolidou a classificação do Palmeiras para as oitavas de final e os próximos quatro dias podem definir a primeira eliminação do São Paulo na fase de grupos da Libertadores em 26 anos.
O Palmeiras não tem mais talento do que o São Paulo. Tem mais compromisso.
A inexplicável distinção entre uma equipe sem badalação que corre, e outra cheia de craques que só anda está no vestiário. Vestiário: templo sagrado do futebol, onde habitam as vaidades de jogadores, técnicos e dirigentes; local onde só se pode dizer a verdade.
Juvenal Juvêncio sabe disso: "Se você promete uma Coca-Cola a um jogador, não pode dar guaraná".
Também não pode haver distinção entre os que bebem champanhe e os que tomam tubaína.
O Palmeiras deve dois meses de direitos de imagem e vibra. O São Paulo gastou R$ 50 milhões para comprar Ganso, Jadson e Luis Fabiano. Está às portas da eliminação.
A impressão é que a nova gestão do Palmeiras, com Brunoro e Omar Feitosa, entra no vestiário falando a língua sagrada dos boleiros. Prometem um copo d'água --e entregam. No São Paulo, uma das dificuldades pode ser fazer com que todos sintam que a lei para Rogério vale para Luis Fabiano, para Ganso, Jadson e Rodrigo Caio.
Se o São Paulo vencer o Atlético e se classificar, voltará a ser candidato ao título. Caso contrário, cada jogador em seu templo sagrado de trabalho terá de olhar no espelho e pensar por que o Palmeiras do garoto Vinícius é mais forte do que o Tricolor de Luis Fabiano, Ganso e Rogério Ceni.
ISSO É TRABALHO!
A Alemanha não ganha nenhum título europeu de clubes desde 2001.
Nesse período, ganharam espanhóis, italianos, ingleses, russos, ucranianos, portugueses e holandeses. Mas os alemães estão reagindo e, pela primeira vez, têm dois semifinalistas na Liga dos Campeões.
É trabalho.
Os alemães acreditam no círculo virtuoso que precisa se criar aqui: grande campeonato atrai muito público e gera dinheiro para manter ótimos jogadores que formam uma boa seleção e representam bem o país que mantém sua paixão pelo campeonato...
Pelo presente, fora Marin!