Gazeta Press
Neymar disputa com Henrique durante o clássico
Neymar disputa com Henrique durante o clássico
O artilheiro do campeonato paulista com 12 gols errou seis finalizações e outras quatro pararam no goleiro Bruno ou na zaga palmeirense. Mesmo a assistência para o gol de Cícero surgiu em um chute torto que iria para fora.

Tarde infeliz de Neymar na Vila Belmiro, apesar da classificação do Santos para as semifinais do Paulista nos pênaltis e de lindas jogadas, como no primeiro tempo sobre Ayrton e Henrique e outra nos acréscimos e no sufoco desarmando, limpando três marcadores e chutando para defesa do goleiro.

A fase não é das melhores, com atuações brilhantes mais esporádicas e muitas críticas - algumas justas, outras exageradas. Os erros, porém, aparecem mais pela visibilidade da maior estrela do futebol brasileiro e, principalmente, por continuar sendo o mais acionado no time de Muricy Ramalho.

Apesar das dores musculares que quase o tiraram da partida, Neymar foi o jogador que mais ficou com a bola no clássico: dois minutos e 34 segundos. Quase o dobro de Renê Júnior, o segundo santista em posse e um volante que, em tese, deveria tocar mais mesmo carregando mesmo. Também foi, de longe, o que mais concluiu.

Depender de seu craque é natural. O Barcelona depende de Messi, o Flamengo precisava de Zico nos momentos decisivos e o próprio alvinegro praiano sofria mais sem Pelé.

O Santos de hoje, porém, extrapola qualquer limite. Há muito tempo. A diretoria reforça o elenco, mas a equipe continua sem jogadas combinadas. Nem sinal de trabalho coletivo.

O Palmeiras surpreendeu nos primeiros dez minutos com duas linhas de quatro e Leandro e Vinicius partindo em diagonal entre laterais e zagueiros. Na jogada da dupla, o chute cruzado de Leandro que passou rente à trave.

A resposta de Muricy após o gol santista foi “espelhar” o desenho adversário. Desmontou o losango habitual no meio-campo, abriu Arouca e Montillo pelos lados e centralizou Cícero ao lado de Renê Júnior.

Reprodução SporTV
Flagrante das duas linhas de quatro do Santos sem a bola.
Flagrante das duas linhas de quatro do Santos sem a bola.

A compactação palmeirense desmanchou-se. Ayrton seguia Neymar e era driblado invariavelmente. Temendo a Joia santista, a defesa recuava para guardar a meta de Bruno e ficava longe do meio-campo sem criatividade e frágil no combate.

Era a chance de definir o jogo no primeiro tempo. Mas Neymar acertou menos que Bruno, autor de grande defesa em conclusão de Edu Dracena em mais uma ligação direta do Santos. Foram 19 lançamentos contra dez do Palmeiras nos primeiros 45 minutos.

Olho Tático
Equipes espelhadas no 4-4-2, mas Palmeiras falhava na compactação e Santos nas finalizações.
Equipes espelhadas no 4-4-2 durante o primeiro tempo, mas Palmeiras falhava na compactação e Santos nas finalizações.

Kleina trocou Léo Gago por Kléber e o Palmeiras voltou do intervalo no 4-3-3. Muricy reagiu remontando o 4-3-1-2 e garantindo vantagem numérica no meio-campo. O Santos recolheu as linhas e repetiu a estratégia óbvia e simplória: bola para Neymar.

A pontaria descalibrada deu sobrevida ao alviverde. Souza e Maikon Leite entraram nas vagas de Marcio Araújo e Vinicius empurrando o time para frente, mesmo com erros técnicos seguidos.

Muricy foi conservador: Neto substituiu Alan Santos aumentando a estatura da defesa e a troca de André por Miralles acelerou os contra-ataques. O argentino perdeu grande chance no rebote de mais um gol perdido por Neymar.

Um minuto após a troca de Arouca por Assunção, mais uma cautelosa e que tirava velocidade do time, o castigo no centro de Souza na cabeça de Kléber. A conclusão perfeita de cabeça do atacante não se repetiu com o pé direito na primeira cobrança da decisão por pênaltis. 

Olho Tático
Palmeiras no 4-3-3 empatou o clássico quando o Santos administrava com mexidas conservadoras de Muricy.
Palmeiras no 4-3-3 empatou o clássico quando o Santos administrava com mexidas conservadoras de Muricy.

Rafael pegaria ainda o chute de Leandro. Renê Júnior converteu a quarta cobrança correta. Ao menos nos pênaltis o Santos não dependeu de Neymar.

Mas contra o Mogi-Mirim do técnico Dado Cavalcanti que arrasou o Botafogo por 6 a 0 vai precisar mais uma vez de sua estrela maior para manter vivo o sonho do tetra.