sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Fábrica de talentos, Flu mostra planos para seguir projeto vitorioso


Dentro da nova filosofia implantada nas categorias de base do Fluminense, Xerém não só revela talentos, mas está de portas abertas para eles. Muito disso passa pelo projeto montado pelo gerente de futebol Marcelo Teixeira para garimpar craques pelo Brasil. Assim, o Tricolor se tornou onipresente na busca por garotos para reforçar suas equipes nas principais competições dessas categorias.Ao receber o LANCENET! em sua sala, nas Laranjeiras, o dirigente – com experiência como observador de talentos para o Manchester United (ING) na América do Sul – contou como trabalha com sua equipe em busca de jovens promissores.– Montamos uma equipe que hoje tem cinco pessoas. Uma fica fora, em São Paulo. Com eles, faço um mapeamento do mercado. Estamos fazendo um trabalho de inteligência e utilizando isso para tentar identificar garotos promissores em todo o Brasil – disse.Para a Copa SP de Futebol Júnior do ano que vem, o planejamento já foi traçado. Por meio de uma rede de contatos, os observadores tricolores já têm mapeados os destaques de quase todos os mais de 90 clubes que estarão na disputa.Para interessar aos olheiros, o jovem precisa preencher alguns pré-requisitos, como jogar em uma categoria acima da sua idade.– Não queremos que um lateral só apoie. Tem de saber marcar. O meia armador tem de entrar na área. Volante é um jogador que precisa saber armar e ser eficiente para marcar – explicou Teixeira.Com mais de 400 jovens em Xerém, muitos não são aproveitados. Para isso, o Fluminense busca manter todos em atividade, como fez com Wellington Nem:– Procuramos emprestar aqueles sem espaço, sem perder o vínculo com o clube – afirmou Teixeira.
ABEL CONVERSOU COM GAROTOS
Totalmente integrado com o projeto das categorias base, Abel Braga, por iniciativa própria, fez questão de apoiar os jogadores dos juniores após a equipe perder um clássico para o Flamengo:– Abel hoje sabe chamar todo o time de juniores pelo nome. Sofremos uma goleada para o Flamengo e logo em seguida ele chamou os meninos nas Laranjeiras, se trancou com eles no vestiário e ficou mais de uma hora explicando o que era Fluminense. Isso foi uma iniciativa própria. Ele é formado pelo clube também e conhece o que é ser da base – contou Marcelo Teixeira.Hoje, o time profissional conta com 12 jogadores revelados nas categorias de base, cerca de 40% de todo o elenco. De todos, apenas Wellington Nem, Digão e Matheus Carvalho não subiram com o treinador.
GARIMPO DE TALENTOS TAMBÉM NA ARGENTINA
Além de buscar talentos dentro do Brasil, o Fluminense fechou uma parceria com dois centros de formação na Argentina para fazer intercâmbio de jogadores. Recentemente, o Tricolor recebeu seis garotos, três de cada centro, e apenas um foi aprovado nos testes. Como é menor de 18 anos, o jovem retornou para Buenos Aires e pode voltar ao Flu no início do ano que vem.– Conseguimos identificar dois centros muito interessantes. Estão montando um negócio grande e o mercado brasileiro tem potencial. Teve um garoto que gostamos. Já  mandei a proposta formal. Não envolve muito dinheiro e sim percentual. Esperamos trazer mais jogadores ano que vem e mandar pessoas nossas para lá – disse Marcelo Teixeira, completando:– É um projeto no qual estamos iniciando e que vamos investir nele. Vamos começar a observar também as ligas colegiais, que revelam muito garotos de talento.Teixeira ainda afirmou ser complicado competir com os grandes clubes argentinos nos maiores centros devido à paixão de torcedor.– Lá eles são muito fanáticos e os garotos querem jogar pelos clubes que torcem – afirmou.
BUSCA PELA INTEGRAÇÃO ENTRE AS CATEGORIAS
Além da escolha minuciosa de acordo com o perfil estabelecido para jogar nas categorias de base, o clube implementa um estilo parecido com do Barcelona (ESP), que consiste em fazer as categorias de base atuarem com o mesmo esquema tático do profissional.– Na base do Fluminense não se  joga com três zagueiros. O juniores jogam com o mesmo esquema do  Abel Braga. Abel muda e os juniores mudam. Sempre trabalhamos  para o treinador ficar o mais tempo  possível para manter essa unidade. Esse é o trabalho que está sendo feito no clube. Estamos buscando profissionais que se adaptem a esta metodologia, o que não é fácil – disse Marcelo Teixeira.O dirigente, no entanto, reconhece que o caminho ainda é longo, até mesmo no momento de escolher os profissionais que trabalharão com a garotada na base.– O que trabalhamos muito com os treinadores é no sentido de mostrar que existe uma tendência no futebol atual. Se os treinadores da base não entenderem o que é o futebol moderno, vão tomar decisões erradas na hora de escolher o jogador. Precisamos que seguir essa tendência – completou.
BATE-BOLAMarcelo Teixeira, gerente de futebol do Fluminense, em entrevista exclusiva ao LANCENET!1 - Como trabalham com os jogadores que estouram a idade na base?LANCENET!: Hoje temos 18 jogadores emprestados. Em todo clube o jogador que estoura a idade fica sem espaço e  treina em separado. Nossa intenção é mostrar para o mercado que o jogador que estoura a idade pode jogar em outros lugares, mas com  vínculo com o clube. Ao jogador que sabemos que não vai ter espaço, buscamos um destino.2 - Por que venderam um jovem como o Fabinho?L!NET: Foi uma oportunidade. Depende disso também. Já tínhamos Wallace. O Fabinho estava no meio. Tínhamos trazido ele a custo zero e surgiu uma proposta legal. Foi aí que entrou o Peter (Siemsen). Ele disse que o recurso seria investido em Xerém. Não pensamos duas vezes depois que ele disse isso.3 - Vocês têm medo de aliciamento de clubes europeus?L!NET: O mercado está começando a melhorar. A Fifa apertou o cerco. Menor não pode se transferir para fora, a não ser que o clube leve a família para trabalhar. É a forma de burlar a lei. A Fifa vem monitorando.4 - Há novos garotos chegando?L!NET: Quando viajo com o Fluminense, costumo ver jogos da base. Trouxemos um garoto de 15 anos, o Gustavo, do Juventus (SP). Ele está arrebentando. Estamos de olho.