sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Apresentação de Felipão tem brincadeiras, gafe de Marin e 'paz' à primeira vista


De volta à seleção brasileira após dez anos, Luiz Felipe Scolari demonstrou bom humor e um discurso ameno em sua apresentação, nesta quinta-feira, no hotel Windsor Barra, no Rio de Janeiro. O treinador respondeu a questionamentos sobre problemas e polêmicas na CBF, rebateu críticas sobre o seu trabalho nos últimos anos, explicou a parceira que terá com o coordenador Carlos Alberto Parreira e falou sobre a pressão que sofrerá para conquistar o hexacampeonato mundial em 2014. Pelo menos à primeira vista, o clima de paz deu o tom na entrevista coletiva inicial, sem qualquer indício da acidez que invariavelmente acompanha Felipão.

A apresentação de Scolari durou 1 hora e 10 minutos, e ele esteve ao seu lado na mesa José Maria Marin, presidente da CBF, o coordenador Carlos Alberto Parreira, Marco Polo Del Nero, vice da CBF e presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol), e Rubens Lopes, presidente da Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro), além do assessor de imprensa Rodrigo Paiva.

Depois do discurso de abertura do presidente Marin, que justificou não ter escolhido Guardiola, Tite, Muricy Ramalho, Abel Braga e Vanderlei Luxemburgo e rasgou elogios a Luiz Felipe Scolari, o novo técnico da seleção teve a palavra falou da satisfação de retornar à equipe nacional e da "obrigação" de ganhar a Copa em casa.

Na primeira pergunta mais polêmica de um jornalista, sobre um pedido de Marin de ver as listas de convocados 48 horas antes da divulgação, Felipão foi "light" e se saiu bem.

"Vamos fazer a escolha dos convocados 15, 17 dias antes dos jogos, porque precisamos mandar essa lista aos clubes. Por isso, é normal que o nosso presidente saiba não dois dias antes, mas até 15 dias antes", disse o treinador.
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Del Nero, Felipão, Parreira, Marin e Rubens Lopes durante a apresentação nesta quinta no Rio
Del Nero, Felipão, Parreira, Marin e Rubens Lopes durante a apresentação nesta quinta no Rio
Depois, a questão foi sobre como ele iria lidar com as polêmicas envolvendo a CBF, como a saída de Ricardo Teixeira no início deste ano e o depoimento prestado por Marco Polo Del Nero à Polícia Federal na última segunda. "Quanto à CBF, não vai ter interferência nenhuma. A não ser que o presidente e o Marco (Polo) falem que quererm esse ou aquele nome de jogador, e nunca houve esse tipo de inteferência. Não posso falar de quem saiu, de quem fez isso ou aquilo, minha situação é só no futebol. Cheguei ontem (quarta-feira) a São Paulo e defini minha situação, não tenho nada a ver com o que acontece extra campo", afirmou Scolari, sem qualquer exaltação em sua voz.

Outra curiosidade dos jornalistas era sobre como funcionará o trabalho conjunto entre Felipão e Parreira. Tanto o treinador como o coordenador mostraram afinidade nas explicações, garantindo que existirá sempre um diálogo entre os dois, mas deixando claro que a palavra final será de Scolari.

"Fiquei muito feliz quando o presidente me disse que convidou o Parreira. Eu disse 'muito obrigado' por poder ter o Parreira ao meu lado. O Parreira vai emitir opinião, vai sugerir nomes. Vou estar mais no campo, mas é assim que vamos trabalhar. Pelas equipes que nós formamos, muitas vezes temos algumas diferenças de posicionamento, de treinamento, mas vamos dicutir e adaptar isso. Acho que os dois estilos vão se fundir", explicou Felipão.

"Tudo é uma questão de adaptação, estamos aqui para colaborar, trocar ideias e até conceitos diferentes. Mas a decisão final sempre caberá ao treinador, que é a figura principal da comissão técnica", concordou Parreira.

Sem respostas atravessadas, irritação ou qualquer outra situação mais desconfortável nesta terça, sobrou espaço até para brincadeiras em uma sala lotada com cerca de 100 profissionais de imprensa no Rio de Janeiro.

"Vejo que o Parreira está mais bonito, mais elegante, eu que não consegui fazer plástica ainda"; "o pessoal diz que não, mas eu era bom quando jogava, há discordâncias, mas eu era bom"; "a cara do Felipão? É essa, mais ou menos. Se você me perguntar para minha esposa, ela vai dizer que é razoável, outros vão dizer que é feia". O bom humor de Felipão arrancou risadas dos presentes.

Aos 64 anos, Luiz Felipe Scolari é ainda mais maduro e experiente do que era quando foi pentacampeão mundial em 2002, na Copa da Coreia do Sul de do Japão. À primeira vista, Felipão demonstrou uma postura mais calma, resta saber se um novo "caso Romário" ou algum outro contratempo poderá tirar novamente o treinador do sério durante a trajetória para o tão sonhado hexa.

Gafe de Marin - O presidente da CBF, José Maria Marin, rasgou elogios a Luiz Felipe Scolari e a Carlos Alberto Parreira durante a apresentação dos dois membros principais da nova comissão técnica da CBF. Em uma de sua respostas, no entanto, o dirigente fez confusão, acabou errando o nome do coordenador técnico, campeão do mundo com o Brasil em 1994, e cometeu uma gafe, chamando ele de "Antônio Carlos".

"Pelo prestígio internacional do Antônio Carlos Parreira, do Carlos Alberto Parreira, e do Felipe...", disse Marin, que em outro momento da coletiva aidna soltou um "Carlos Albertos Parreiras".