quinta-feira, 31 de maio de 2012

A seleção sem carisma

Essa eu ouvi do companheiro André Plihal durante almoço no dia do amistoso Brasil x Estados Unidos: “É a seleção mais sem carisma, mais sem sal, que já cobri na minha carreira”. Plihal voltava da cobertura da decisão da Champions League, com direito a ‘esticada’ em Hamburgo, Alemanha, para relatar o que rolou em Brasil 3 x 1 Dinamarca.

A frase dele ainda rodeia a minha cabeça, e faz todo sentido. Eu ‘sigo’ a seleção brasileira desde 1996, quando trabalhava na Folha S. Paulo. Desde então, o Brasil sempre teve o seu craque-referência, ou craques-referências – ladeados por bons coadjuvantes.

Foi a seleção brasileira de Romário, de Ronaldo, de Rivaldo, de Ronaldinho, de Kaká, de um monte de gente grande, graúda. Todos esses ganharam uma Copa ao menos, como protagonistas ou não.

E não é que o Brasil se enfiou numa entressafra sem solução? Como diz outro colega, Paulo Vinícius Coelho, “A seleção tem talento, mas transição entre Dunga e Mano não foi bem conduzida”.

A referência do time atual é um fedelho. Um craque, mas um fedelho. Neymar não pode carregar nas costas o peso de ser o craque do time, a única cara conhecida, a estrela solitária e tudo mais. Ele não tem estofo e nem idade para tamanha sobrecarga. Ainda mais numa Copa que será disputada no... Brasil!

Ok. E daí? E daí que não há perspectiva de mudança nesse quadro nos próximos ano, até o Pontapé Inicial no novo estádio do Corinthians, em 2014.

O Brasil de 2014, seguindo o sólido de trabalho de Mano Menezes (essa é a minha opinião), pode até construir um bom time até a Copa. Mas será um time carente de referências, de carisma, de jogadores com estofo. Até por isso, Mano não desistiu (ainda) de Ronaldinho Gaúcho e de Kaká (cada um com seus vários problemas). Dá para entender?

E aí vai para você uma segunda pergunta, aquela pergunta feita por André Plihal. “Você já viu uma seleção mais sem graça do que essa”?