quarta-feira, 2 de maio de 2012

Fellype Gabriel volante não é revolução do futebol brasileiro

Com todo o respeito à repercusão pela inteligente atitude de Oswaldo de Oliveira, que usou Fellype Gabriel como segundo volante e transformou-o no destaque do clássico de domingo, a repercussão dá a Oswaldo um tom de revolucionário que ele não tem.

O tom de "fez um bem ao futebol braileiro" esquece de citar casos semelhantes e recentes.
Pense nos últimos campeões brasileiros ou da Copa do Brasil e nos jogadores que fizeram o papel de segundo volante.

O Corinthians de Tite tem Paulinho com a camisa 8, exemplo de marcador e criador ao mesmo tempo, meia-direita nos tempos do Bragantino, recuado para segundo volante no Corinthians.
No mesmo Corinthians, mas em 2009, o segundo volante era Elias, meia ofensivo na Ponte Preta vice-campeã paulista de 2008 e recuado por Mano Menezes.

O Santos dos 174 gols em 2010, dirigido por Dorival Júnior e guiado por Neymar, tinha Wesley com a camisa 8, num 4-3-3 ousadíssimo. Jogavam Arouca como primeiro volante, Wesley como segundo homem saindo para o jogo, Ganso meia-armador e um trio ofensivo com Neymar, André e Robinho.

O Fluminense campeão brasileiro de 2010 tinha Diguinho. Vá lá que este seja mais volante, mas não tem história de primeiro volante.
Se voltarmos quatro anos no tempo, aí sim vai se bater nos times de três zagueiros, como o São Paulo tricampeão brasileiro, dirigido por Muricy Ramalho, bem protegido. Mas, mesmo naquele time, os volantes eram elogiados: Hernanes e Richarlyson.

O problema não está no recuo dos volantes, mas na montagem e continuidade dos times.
Em 1994, Vanderlei Luxemburgo escalava o Palmeiras com César Sampaio e Mazinho e dizia: "Volante não pode por a bunda no chão!" Completava que o futebol tinha cada dia menos espaços na frente e, por isso, os volantes seriam cada vez mais armadores.

Como faz Paulinho no Corinthians ou Renato no Botafogo. Sim, o segundo volante do Botafogo, desde Caio Júnior, é alguém que sabe sair para o jogo.
Diga-se, Oswaldo de Oliveira é um técnico inquieto e faz parte disso tudo descrito acima. Em 1999, foi campeão brasileiro com um meio-de-campo formado por Rincón, Vampeta, Ricardinho e Marcelinho.

Tudo o que ele queria -- e conseguia -- era um time que soubesse jogar.
Oswaldo foi bem no domingo, com a percepção de que Fellype Gabriel seria o substituto ideal para Renato, machucado.
Mas não inventou a pólvora.

xxx