sábado, 19 de maio de 2012

Euro 2012: Grécia mantém estilo, mas não crê em novo milagre

Em 2004, a Grécia estreou contra os donos da casa no caminho para uma das conquistas mais inesperadas da história do esporte. Apesar da coincidência em 2012 - o primeiro jogo do grupo A será contra os poloneses -, é difícil acreditar que seja possível repetir a façanha de oito anos atrás.

Renovar a seleção não tem sido tarefa simples para o técnico Fernando Santos, que substituiu Otto Rehhagel após a Copa do Mundo de 2010. Veteranos como Katsouranis, Karagounis e Liberopoulos continuam por lá, e por pouco não sobrou até um lugar para Charisteas, o herói de Lisboa, que chegou a ser chamado pelo treinador português, mas não apareceu na lista prévia de 25 nomes.

A maneira de atuar não mudou muito desde a saída de Rehhagel. A Grécia segue sendo uma seleção baseada em um forte esquema defensivo. Classificou-se invicta nas eliminatórias, à frente de Croácia e Israel, e sofreu apenas cinco gols em 10 partidas. Mais do que filosofia, a retranca é uma necessidade para uma seleção que sofre para produzir ofensivamente.

Os 14 gols marcados no qualificatório representam o pior número entre as seleções classificadas. No 4-3-3, Gekas atua como referência na área, mas já não tem o desempenho de outros tempos - como quando foi artilheiro das eliminatórias europeias do Mundial de 2010. Samaras, que atua pelos lados, não é exatamente um goleador: marcou apenas sete vezes em 52 jogos pela seleção nacional.

A defesa, em contrapartida, oferece boas alternativas. Avraam Papadopoulos, do Olympiacos, é nome certo na zaga, após ser eleito o jogador do ano no futebol grego. A princípio, ele formaria dupla com Sokratis Papastathopoulos, do Werder Bremen, mas a ascensão do jovem Kyriakos Papadopoulos, do Schalke 04, deve deixar dúvidas para Santos.

Os laterais Torosidis e Holebas também são confiáveis, e ainda respondem por boa parte da produção ofensiva da equipe, com liberdade para apoiar, como fazem no Olympiacos. Holebas fez carreira no futebol da Alemanha, onde nasceu, mas se qualifica para defender a Grécia por causa do pai grego (a mãe é uruguaia). Ele também pode atuar na meia ou na ponta-esquerda, se necessário.

Fique de olho - Sotiris Ninis é considerado uma das maiores joias do futebol grego. Aos 22 anos, o meia-direita do Panathinaikos já é um jogador experiente, tendo estreado pelo clube aos 17 anos e pela seleção aos 18 - marcando em um amistoso contra o Chipre.

Em 2010, o baixinho integrou o elenco na Copa do Mundo, mas Rehhagel não parecia plenamente convencido, sobretudo por uma certa displicência sem a bola. Foi reserva e entrou duas vezes no segundo tempo. Desde então, mostrou grande amadurecimento.

Santos transformou Ninis em uma de suas peças fundamentais, mas por pouco as expectativas não foram frustradas por uma grave lesão no joelho sofrida em setembro. Ele retornou a tempo de terminar a temporada e confirmar seu lugar entre os convocados.

Armador com boa visão de jogo, Ninis também é conhecido por seu talento para chutes de fora da área, qualidade fundamental para uma equipe que não tem atacantes em grande momento.

O comandante - Substituir o homem que alcançou um feito praticamente inigualável não era tarefa simples para Fernando Santos, mas o português não caiu de paraquedas na função.

O treinador de 57 anos tem vasta experiência no futebol grego, tendo dirigido alguns dos principais times do país, como AEK, Panathinaikos e PAOK. Está, portanto, plenamente adaptado ao estilo de vida e à cultura do país, e é sempre visto nos estádios observando os atletas. Sob seu comando, a seleção só perdeu uma vez, em um amistoso contra a Romênia no ano passado.

Sem medo de fazer experiências, Santos convocou 55 jogadores desde que assumiu, 18 deles pela primeira vez. A capacidade de exercer o trabalho tático vem em primeiro lugar na avaliação do técnico. "Se tivéssemos um Messi na Grécia, talvez fosse diferente", alega o técnico, que já dirigiu os três principais times de seu país.

Os pré-convocados (dois serão cortados):
Goleiros: Kostas Chalkias (PAOK), Michalis Sifakis (Aris), Alexis Tzorvas (Palermo/ITA);

Defensores: Avraam Papadopoulos (Olympiacos), Sokratis Papastathopoulos (Werder Bremen/ALE), Vassilis Torosidis (Olympiacos), José Holebas (Olympiacos), Stelios Malezas (PAOK), Yiannis Maniatis (Olympiacos), Giorgos Tzavellas (Monaco/FRA), Kyriakos Papadopoulos (Schalke 04/ALE);

Meio-campistas: Yiannis Fetfatzidis (Olympiacos), Grigoris Makos (AEK), Costas Katsouranis (Panathinaikos), Giorgos Fotakis (PAOK), Costas Fortounis (Kaiserslautern/ALE), Giorgos Karagounis (Panathinaikos), Alexandros Tziolis (Monaco/FRA), Sotiris Ninis (Panathinaikos), Panayiotis Kone (Bologna/ITA);

Atacantes: Georgios Samaras (Celtic/ESC), Dimitris Salpingidis (PAOK), Costas Mitroglou (Olympiacos), Nikos Liberopoulos (AEK), Fanis Gekas (Samsunspor/TUR).

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