quarta-feira, 14 de março de 2012

Romário pede mudança de estatuto da CBF para impedir novos Teixeiras

O deputado federal Romário acredita que o momento é de mudança no futebol brasileiro e que é preciso aproveitar o fato de Ricardo Teixeira ter renunciado ao cargo de presidente da CBF. O ex-jogador acredita que é preciso mudar os estatutos da entidade, mas duvida que seja possível se livrar da herança maldita do antigo cartola antes de 2015.

“Não tem jeito. Tem um legado do Ricardo Teixeira que vamos ter que suportar até 2015. Só depois disso será possível mudar. E a mudança começa com um novo estatuto para a CBF. Espero que o novo presidente (José Maria Marin) e as federações e os clubes que têm direito a voto pensem nisso. Um mandato, por exemplo, de quatro anos com no máximo mais uma reeleição seria uma boa”, acredita Romário.

Apesar da CBF ser uma entidade privada, o ex-jogador acredita que é possível usar a política para pelo menos fazer pressão por mudanças. “Nossa obrigação é fiscalizar e temos o direito de estar de olho numa entidade que deve impostos ao governo. Segundo o (Antony) Garotinho, companheiro nosso aqui na Câmara, a CBF deixou de pagar mais de um bilhão de reais em impostos”, revela o deputado.

Um exemplo do que diz Romário pôde ser verificado na própria saída de Ricardo Teixeira. Para o jornalista José Cruz, um dos maiores especialista em economia e política do país, a presidenta Dilma Roussef teve papel fundamental no processo que culminou com a renúncia do mandatário da CBF.

“Pelas atitudes da Dilma nos últimos tempos, a gente percebe que ela tem um perfil muito mais técnico do que político. Depois das denúncias e das informações que os próprios assessores lhe passaram, ela decidiu não dialogar com o Ricardo Teixeira. Com a crise com a FIFA e com as portas fechadas no Governo, não restava outra coisa a fazer a não ser se demitir”, analisa o jornalista.

Para ele, o trabalho combativo de companheiros de imprensa como Juca Kfouri e José Trajano também foi fundamental. “Mas as denúncias documentadas feitas pelo Andrew Jennings (jornalista britânico autor do livro Jogo Sujo), principalmente com relação à ISL, também foram importantíssimas para a saída do Ricardo Teixeira”.

No Congresso Nacional, a expectativa é que a troca de comando na CBF ajude a melhorar a relação entre a entidade e o Governo Federal para que as coisas relacionadas à Copa voltem a andar bem. “O perfil do Marin é diferente do Teixeira. Acredito que ele vai fazer funcionar de novo os caminhos que estavam interrompidos, tanto com relação ao governo federal, quanto com o legislativo e com a FIFA”, acredita o José Rocha, novo presidente da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados, que vai convidar Marin a participar de uma sessão. “Queremos saber dos seus planos a partir de agora”.
Vicente Cândido, relator da Lei Geral da Copa do Mundo, também acredita que a troca de poder no futebol brasileiro vai melhorar a relação com o setor político do país “O Marin vai delegar mais do que fazia o Teixeira. E não só ele como as pessoas que estão próximas a ele tem boas relações com os partidos como o Andrés Sanches e também o Marco Pólo Del Nero”.