quarta-feira, 14 de março de 2012

Homens trabalhando?

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Um dia após a renúncia de Ricardo Teixeira do comando da Confederação Brasileira de Futebol, a entidade anunciou a contratação de treinadores para as seleções de base sub-17 e sub-15.

Ao partir, RT descreveu todo o seu sacrifício pelo futebol nos últimos 23 anos. Mas não explicou como conseguiu atravessar duas décadas sem tempo ou dinheiro para fazer o básico: trazer profissionais para cuidar do seu negócio, o futebol.

A novidade até parece ironia. Parece que foi de propósito para provar a letargia que dominava o comando da instituição. Aliás, essa é a grande marca do seu trabalho. Faltou habilidade para quem ficou, para não expor o antigo chefe.

Trata-se, porém, de um significativo avanço, um ponto de partida. Agora é fundamental que o futebol brasileiro – clubes e CBF – defina o que pretende de suas divisões de base, que tipo de futebol deve e pode ser desenvolvido.

Demorou, mas evoluiu. E sem RT no comando. Veja trechos da carta de Teixeira e do comunicado da CBF já sem o cartola.

É, no mínimo, curioso. Quanta contradição! Homens trabalhando? Tomara.

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Trecho da carta de Ricardo Teixeira em 12 de março de 2012:
“...Fiz, nestes anos, o que estava ao meu alcance, sacrificando a saúde, renunciando ao insubstituível convívio familiar. Fui criticado nas derrotas e subvalorizado nas vitórias. Mas isso é muito pouco, pois tive a honra de administrar não somente a Confederação de Futebol mais vencedora do mundo, mas também o que o ser humano tem de mais humano: seus sonhos, seu orgulho, seu sentimento de pertencer a uma grande torcida, que se confunde com o país...”

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Comunicado da CBF sobre as divisões de base em 13 de março de 2012:
“A CBF anunciou nesta terça-feira a contratação de dois funcionários para trabalhar nas divisões de base do Brasil. Emerson Ávila, técnico da Seleção Sub-17, e Marquinhos Santos, da Sub-15, fazem parte agora do quadro de funcionários da entidade. Eles já se desligaram de seus clubes, o Cruzeiro e o Coritiba, respectivamente, e começam a trabalhar desde já.

A medida faz parte de uma série de mudanças estruturais que começaram com a chegada do Diretor de Seleções, Andrés Sanchez. Juntamente com Ney Franco, coordenador das divisões de base da CBF, foi definida a contratação dos dois técnicos para aprimorar o trabalho desempenhado com os futuros craques do Brasil.

- Além de não precisar mais pedir liberação dos profissionais para disputar as competições, eles terão mais tempo para observar jogadores pelo Brasil afora e com isso aumentar cada vez mais o índice de acerto nas convocações - explicou Ney Franco.

Os dois chegam mais do que credenciados para desempenhar suas funções. Não só pelo que já provaram nas suas carreiras em clube, com vasta experiência no futebol de base, mas também pelas conquistas na Seleção.

No início de 2011, Emerson Ávila comandou a Sub-17 que se sagrou campeã sul-americana no Equador. Já em dezembro, no finzinho do ano, foi a vez de Marquinhos Santos levantar o troféu ao liderar a Sub-15 na conquista do Sul-Americano do Uruguai.

- Confio muito no trabalho deles. Principalmente por conta do currículo de cada um, repleto de experiência com a garotada da base e de resultados positivos. São duas grandes contratações - comemorou Ney Franco.”