segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Birra com o 100

Peguei birra com o 100. Pode ser prevenção, superstição de minha parte ou sei lá o quê. Mas, em vários momentos em que se tentou destacar esse número imponente, não houve muitos motivos para festejar. Exemplos? Eu dou. O Flamengo no ano do centenário em 1995 acumulou aborrecimentos, assim como o poderoso Real Madrid em 2003. O Inter ganhou só o Gaúcho em 2009 e o Corinthians ficou a ver navios em 2010. Não gosto nem de nota de 100 - pode ser de reais, euros, dólar. (Prefiro o trocadinho.) Por isso, ontem a pulga atrás da orelha me atazanou, quando se resolveu ressaltar a 100.ª apresentação do Corinthians sob o comando de Tite. Imaginei: "Xiii, aí não vem coisa boa."

E não veio mesmo. O cenário no Pacaembu era favorável ao treinador e sua turma. Júlio César estava de volta ao gol e Liedson fora liberado para jogar pelo menos uma parte - entrou no segundo tempo. Tite contava com força máxima e, ao entrar em campo, ainda trocou abraço carinhoso com a filha, pelo Dia dos Pais. Palco festivo, e eu com um pé atrás.
A blitz prevista ocorreu assim que a bola começou a rolar. O líder do Brasileiro tratou de comportar-se como mandante disposto a não ser surpreendido. Por isso, foi pra cima e dominou. No entanto, faltou-lhe contundência. Os 30 mil fiéis que estiveram no estádio municipal não assistiram ao esperado duelo de ataque contra defesa. Não houve massacre sobre um rival assustado que amargava fileira de três derrotas em seguida.
O Corinthians deu as cartas com o belo gol de Paulinho, no complemento de lance que teve participação decisiva de Danilo. A comemoração não durou muito, porque Oswaldo empatou, numa falha alvinegra generalizada. Por sorte, no minuto seguinte Alex fez uma obra-prima e restabeleceu a ordem. Tudo bonito, tudo certo, só que o time recuou, acomodou-se nos louros e como castigo veio o segundo gol num momento - 40 da etapa final - em que estava cansado e em que a reação seria difícil. Deixou escapar mais uma vitória já na algibeira.
O Corinthians sofre com o choque de realidade que levou em sua 11ª apresentação, na derrota por 1 a 0 para o Cruzeiro, em casa, quase um mês atrás. Dali em diante não foi mais o tanque que atropelava adversários sem dó, que fazia os demais concorrentes comerem poeira. Houve ainda a derrota para o Avaí, compensada com a vitória suada sobre o América-MG. Em seguida, esparramou pontos importantes diante de Atlético-PR, Santos e agora Ceará.
Desperdiçou a sequência dócil com a qual a tabela o havia presenteado, aumentou a pressão e tornou a corrida pela taça embolada e imprevisível. O baque não foi tão sentido porque o Flamengo também patinou num 2 a 2 em Florianópolis, após abrir 2 a 0. E só não há desconforto total, no Parque São Jorge, pelo fato de o São Paulo ter vacilado no sábado, também com 2 a 2, no Morumbi, diante do Atlético-PR.
O trio finca pé na corrida pela hegemonia nacional, sem que haja um favorito ou supercandidato. É bloco mediano. Não se pode ignorar o Vasco, 30 pontos e reanimado com outro triunfo em cima do Palmeiras. O campeão da Copa do Brasil aparentemente é o menos pretensioso dos quatro e pode surpreender.
Calvário verde. Na coluna de ontem, falei da sina palmeirense de exercer papel secundário nas competições de que participa. A derrota em São Januário reforça o desconforto dessa tese. O time de Felipão repetiu roteiro que conhece de cor e salteado: tomou iniciativa, foi pra cima, criou chances. Mas não há um iluminado que empurre a bola para o gol. No primeiro tempo, Valdivia, Kleber e Dinei tiveram oportunidade de sair para o abraço e não aproveitaram. O Vasco jogou muito aquém do que no meio de semana, pela Sul-Americana, e se dava satisfeito com o empate. Ganhou outra vitória de presente.
Cadê o encanto? Ando cismado com o Santos. O time que embalou para a conquista do tri da Libertadores sumiu. Em seu lugar, apareceu um grupo comum, que faz a alegria dos oponentes. Por algum tempo, Muricy Ramalho teve como atenuantes a ressaca pelo título, o desgaste, as baixas por contusão e seleções. Agora, tem quase todos os atletas à disposição e não engrena. Já são 7 derrotas e 3 empates em 14 partidas. Retrospecto de candidato ao rebaixamento. Hora de acordar. Por falar nisso: que tal um despertador para Ganso?