quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Chateado com o futebol, Leão reconhece exageros, mas segue letal com adversários

Trabalhar no Goiás foi traumático para o treinador Émerson Leão. Quando foi demitido, em agosto de 2010, o time estava na última colocação (e ainda está na zona do rebaixamento). Um mês antes, havia se envolvido em brigas e discussões com jornalistas da Bahia durante confronto contra o Vitória. Leão chegou a ser indiciado criminalmente e foi punido pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) com três jogos de suspensão. Para completar, teve que entrar contra a equipe goiana na Justiça para cobrar uma dívida de salários atrasados e multa rescisória.
“Estou chateado com o futebol’, disse. “Tenho 47 anos no mundo da bola. Pensei em parar agora. Mas quero parar quando completar 50 anos de trabalho. É um número bom.”
Leão quer voltar a treinar em 2011. Já recebeu algumas consultas. “E só consultas! Porque tem treinador que recebe consulta e diz que foi convidado. Tem muita mentira por aí...”
Durante o atual período de repouso, organizou o casamento de uma de suas filhas e observou o futebol à distância. Nesta entrevista exclusiva, o treinador reflete sobre o passado, reconhece excessos, mas segue letal com os adversários.
Veja, em vídeo, opiniões do técnico Leão e, logo abaixo, o melhor da entrevista:

UOL Esporte: Como você está vendo o futebol nos dias de hoje?
Leão: Estou chateado. Nessas quatro ou cinco décadas, o futebol piorou em vez de melhorar, retrocedeu em vez de evoluir. Hoje, os jogadores, em vez de serem atletas profissionais, são ‘superstars’. Acham que podem fazer tudo. Perderam o compromisso, e isso me chateia como treinador. Os jogadores também passaram a ter donos. Não são mais só empresários. Mas o tempo da escravidão acabou....
UOL Esporte: Como é seu relacionamento com o Santos?
Leão: Trabalhei três vezes no Santos. Conheço bem, por dentro e por fora. Conheço as pessoas e o que envolve o time do Santos. É melhor ficar quieto.
UOL Esporte: Mas foi com o Santos que você conquistou um dos seus mais importantes títulos como treinador (o Brasileiro de 2002), não foi?
Leão: Nas três vezes que estive no Santos tive mais alegrias do que tristezas, mais recompensas do que insatisfações. O problema é que as tristezas e os problemas marcam mais que as alegrias, que são efêmeras e passam rápido. Não conheço a nova diretoria. Posso dizer que o comando do Samir (Samir Jorge Abdul Hak, presidente do clube em 1998, quando Leão trabalho como técnico), foi muito bom para mim. Também foi muito bom meu primeiro trabalho com Marcelo Teixeira (presidente do Santos nas outras duas passagens do técnico pelo clube, entre 2002 e 2004 e em 2008). Na última vez que estive lá, não tivemos o mesmo desempenho em relacionamento.
UOL Esporte: Passados oito anos, como você avalia sua participação no título brasileiro de 2002?
Leão: O Marcelo queria comprar estrelas e veteranos. Treinei um pouco, falei que não queria nem estrela, nem veterano, pois estava satisfeito com os moleques que tinha visto. Falei isso baseado na minha observação. E o Marcelo falou: “Leão você é louco, nós vamos cair”. “Então nós vamos cair juntos”, eu respondi. “Porque esse moleques vão dar conta do recado”. E deram. Sorte do Marcelo. Dizem que o grupo da geração de Robinho e Diego deu quase R$ 200 milhões ao clube. Não sei como Santos tem divida. Desculpa... Eu sei, mas não sei....
UOL Esporte: Apesar de ser o técnico do primeiro título brasileiro do clube, dá a impressão que existe um relacionamento de amor e ódio com o Santos. Você até foi surpreendido com agressões de alguns torcedores quando foi ao clube, em 2008, para cobrar uma dívida.
Leão: Aquilo foi comandado. Eu sempre disse que dava satisfação ao torcedor do coração, não o torcedor do bolso. Esse cara, o torcedor do bolso, é aquele que recebe dinheiro de alguém para colocar uma faixa, ameaçar e vaiar. Tem muito disso no futebol. Ele é pago às vezes por dirigentes, treinadores, diretores e até jogadores. Temos que aprender a conviver com essa realidade. Eu trabalho para o clube, não trabalho para uma determinada torcida. Aqueles episódios foram um efeito mínimo promovido por uma facção de uma torcida paga.

Treinar a seleção brasileira? "Nunca mais"

  • AFP Leão comandou a seleção brasileira durante um breve período entre 2000 e 2001, substituindo o então demitido Vanderlei Luxemburgo. Os resultados, porém, não foram nada animadores. A equipe se arrastava nas eliminatórias para a Copa de 2002, mas o pior foi mesmo o quarto lugar conquistado na Copa das Confederações de 2001 após derrota para a Austrália. Leão foi demitido e, em seu lugar, entrou Luiz Felipe Scolari.

    UOL Esporte: Você só treinou a seleção brasileira entre 2000 e 2001. Gostaria de voltar?
    Leão:
    Não fui técnico da seleção nada! Só passei pela seleção. O cara me colocou lá para cobrir um espaço.

    UOL Esporte: Mas gostaria de voltar ou não?
    Leão:
    Não. Cansei de falar. Hoje, os dirigentes ficam muito tempo no poder. O cara está lá sei lá há não sei quantos anos. Não tenho nem o que pensar sobre seleção.

    UOL Esporte: Ficou magoado com o Ricardo Teixeira (presidente da CBF)?
    Leão:
    Não sei se a palavra é essa. Seleção não vai me satisfazer em mais nada. Não vai me dar status. Virei apenas um torcedor.
UOL Esporte: Paga por quem?
Leão: Tem muita gente que paga. Vocês acham que as faixas que aparecem em estádios com críticas são sempre frutos de imaginação dos torcedores? Pois não são.
UOL Esporte: Você acha que existe muita intromissão de torcedores no comando dos times de futebol?
Leão: Intromissão não pode existir. Pelo menos, não existe na minha cabeça. Um diretor do clube, por exemplo, sempre acha que entende de futebol. Ele dá uma opinião, e você mostra o que é certo e o que é errado. Até aí, tudo bem. Todo mundo pode conversar sobre futebol, mas não interferir na escalação. Agora, um torcedor não pode intimar você e dizer quem deve ou não ser escalado. Nem meu pai me intimava! Meu pai me aconselhava. Mas intimar, jamais! Hoje os valores estão invertidos, não é? Hoje, o cachorro foge do gato. Hoje, ser honesto é qualidade. Eu fui criado entendendo que isso era uma obrigação. É como dizia De Gaulle (Charles De Gaulle, ex-estadista e político francês), ‘o Brasil não é um país sério’...
UOL Esporte: Mas você foi intimado pela torcida do Santos durante suas passagens como técnico?
Leão: Não. Ninguém chegou falando para escalar esse ou aquele. Mas não chegavam porque sabiam com quem estavam lidando. Eventualmente, o presidente, um diretor, torcedores, amigos e cornetas, podem falar. ‘Acho que aquele jogador está jogando mais do que aquele outro’. Isso é palpite, não mata ninguém.
UOL Esporte: E o que você acha do Neymar? Chegaram até a chamá-lo de “monstro” após a discussão do jogador com o treinador Dorival Júnior...
Leão: Tenho um ótimo relacionamento com o (Dorival) Júnior. Conheci e joguei com o tio dele, o Dudu. Depois, fui treinador do Júnior em três times. Quando ele parou de jogar, o indiquei a três equipes para trabalhar como treinador. Sei como é a conduta dele. Tenho responsabilidade quando indico alguém. Até parei de indicar treinadores há algum tempo, mas o Júnior é uma das exceções. Às vezes, conversamos pelo telefone...É difícil falar sobre o Neymar sem participar de seu dia-a-dia. Não tenho um conhecimento de causa tão grande. Mas, à distância, e pelas informações que recebo, dá para dizer que é um menino que foi criado em uma redoma de liberdade. Ele ganha muito dinheiro desde seus 13 anos de idade, e o pai, a mãe, o amigo e os funcionários viram reféns dele. Ele deve achar que pode fazer tudo. E esse negócio de dizer agora que ele ‘está bonzinho’....não sei não. É muito cedo. Acho que ele ainda não sossegou. Não teve um treino que ele quase saiu na porrada com um colega do time?
UOL Esporte: Na verdade, ele e o Marcel discutiram em um treino durante as comemorações do aniversário do atacante Zé Eduardo.
Leão: Exatamente. Ele ainda não se adaptou ao que o futebol representa para ele. Ainda não caiu a ficha. Mas também é preciso dizer que, antigamente, a gente esperava uns cinco anos para dizer que um cara era craque. Vamos aguardar mais.

BASTIDORES DO SANTOS

Não sei como o Santos tem dívida. Desculpa. Eu sei, mas não sei....
UOL Esporte: Você acha que existe uma cobrança muito grande sobre ele?
Leão: Como jogador, acho ótimo. No meu time, joga. Agora, como deve jogar, será um problema para seu novo treinador. Antes da Copa da África, defendi sua convocação. Mas ainda acho cedo para analisar sua conduta.
UOL Esporte: Você acha parecido os problemas de relacionamento que Neymar e Dorival Júnior tiveram no Santos com os que você teve com Carlos Alberto no Corinthians, em 2006? Vocês também discutiram em jogo um contra o Lanús pela Copa Sul-Americana.
Leão: Quer saber? Eu não briguei com o Carlos Alberto. Eu o tirei de um jogo, e ele se revoltou. Só que eu o tirei de campo para o bem dele. Na época, ele não teve cabeça para perceber isso. Ele fez umas cenas obscenas em campo. O quarto árbitro viu e chamou o árbitro para expulsá-lo. Eu o substituí rapidamente e ele não percebeu minha intenção. Mas há algum tempo, eu estava indo à praia com a minha mulher e o celular tocou: ‘Professor, é o Carlos Alberto’. ‘Qual deles? Eu conheço um monte’, respondi. E antes que ele começasse a falar, dei os parabéns porque ele tinha acabado de ser campeão da Série B pelo Vasco. E ele disse: ‘Estou ligando para pedir desculpas. Naquele tempo eu estava com a cabeça diferente. Agora, tô legal’. ‘Tudo bem, esquece isso’, eu disse. ‘Os mais velhos estão aqui para entender os erros dos mais novos’. Quer coisa melhor que isso? O Carlos Alberto viu que sempre dá tempo para melhorar. Então, não tem nada a ver com o Neymar. Se tivesse, seria mais fácil.
UOL Esporte: Você dirigiu os quatro grandes times de São Paulo, os dois maiores do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais, mas nunca comandou um time do Rio de Janeiro. Por que? Tem vontade?
Leão: A rivalidade entre São Paulo e Rio era mais acirrada antigamente. Pouquíssimas vezes um treinador de São Paulo era convidado para trabalhar em times do Rio. Mas as coisas estão mudando. Eu mesmo já fui convidado. Nos últimos tempos, estive conversando com diretor do Flamengo. Pelo Fluminense, o presidente da Unimed já esteve em casa. Também já fui procurado pelo (Carlos Augusto) Montenegro, quando era presidente do Botafogo. Pode perguntar para eles. Mas eu estava empregado naquele tempo. Não dava para largar. Fiquei feliz quando o Bob assumiu o Vasco. Bob era como chamávamos o Roberto Dinamite quando jogávamos juntos na seleção e no Vasco. Eu gostaria muito de trabalhar no Rio. Minha mulher é carioca e tenho amizades por lá. Qualquer hora pode acontecer.
UOL Esporte: E o Palmeiras de 2006. É verdade que tinha um grupo de jogadores que queria derrubar você?
Leão: Não, não tinha. Foi a diretoria. A gente sabe das coisas. Tinha um diretor que me detestava. Não era nem do futebol, mas não me queria por lá. Nós começamos a mexer nas coisas por lá. Fala que o ginásio do CT tinha que ser modificado porque não era usado. Podia usar o espaço para montar uma bela cozinha, um concentração, muitas coisas. Mas o ginásio está lá até agora...Assim mesmo, conseguimos melhorar os vestiários, a academia de musculação.
UOL Esporte: Você é polêmico e não esconde o que pensa. Já se arrependeu de criticar alguém?
Leão: Claro que sim. Acho que o mais importante é reconhecer que você não foi feliz em uma resposta. Já pedi desculpas para meu pai, minha mãe, amigos e jornalistas por ter cometido algo errado. Outro dia, teve um cara que me processou. Eu liguei para ele e disse: “Você tem razão, se quiser manter o processo, mantenha, mas não posso me furtar de pedir desculpas. Você é um filho disso e daquilo, tudo isso você continua sendo. Mas aquilo que falei para você naquele dia estava errado. Me desculpe”. Eu sou assim.
UOL Esporte: É o 'estilo Leão'? Um pouco truculento com jornalistas em algumas oportunidades?
Leão: Eu sou isso que você está vendo. Agora, quando algo interfere no trabalho, eu tomo uma atitude. Para o bem ou para o mal, eu tomo atitude. Alguns são ‘vaselina’. Eu não. Porque meu pai me ensinou a ser honesto sempre.
UOL Esporte: Não foram poucas as brigas entre você e jornalistas. Você não se considera uma pessoa impaciente demais em algumas oportunidades?
Leão: Quando eu era menino, cansei de apanhar na rua porque não fugia. Você não pode só bater e contar vantagem. E as derrotas? É precisa falar sobre elas também. Mas você vai evoluindo, envelhecendo, ficando mais experiente. Hoje, não fujo da briga, mas evito. Antigamente, quando falavam que tinha uma briga no meio da rua, eu passava no meio dela. Agora, caso alguém diga que “tem uma briga por lá”, eu mudo meu caminho. Quando era jogador, fui obrigado brigar com um senhor quando eu defendia o Palmeiras. No primeiro movimento, ele caiu no chão. Lembro da imagem. Ele mereceu, mas não precisava ser daquela maneira. Eu era mais forte do que ele. Depois disso, enquanto não achei o cara para pedir desculpas, não sosseguei. Achei o cara, pedi desculpas e ele disse: “Sou palmeirense, tenho um imenso prazer em conhecê-lo. Não tinha nada que ter feito aquela graça com você. Você estava errado, mas eu fui pior ainda.” O que o brasileiro não entende, e a policia nos estádios ainda não entendeu, é que é preciso recriminar não só a agressão física como a verbal.

Atleta 'modelo' assumiu os cabelos brancos

  • Homero Sérgio/Folhapress Leão já fez campanha publicitária para marca de cuecas: 'Naquele tempo eu tinha volume para isso.'
  • Folhapress Quando começou a trabalhar como treinador, tingia os cabelos: 'Sou vaidoso. vou carregar isso para o túmulo. Quero ficar bonito até no meu velório.'
  • Folhapress Nos últimos anos, assumiu o cabelo branco: 'Não pinto mais, mas tiro sarro de amigos. Eles enchiam o saco quando eu tingia. Agora são eles tingem.'
UOL Esporte: Você acha que sua carreira no futebol é mais lembrada pelos feitos como jogador ou como treinador?
Leão: A profissão de treinador é muito mais sofrida, muito mais injustiçada. É um trabalho perigosíssimo. Você não tem vinculo e o respeito de ninguém. Como jogador, se eu fizesse um contrato de cinco anos com um clube, eu sabia que ficaria por cinco anos. E nessas condições, estruturaria minha família, matricularia meus filhos no colégio, compraria uma casa e teria residência fixa. Como treinador, você não faz nada disso. Em uma semana, pode ser mandado embora. Você não é patrimônio do clube. Só uma profissão é mais difícil que a do treinador. Sabe qual é? A de árbitro. Eu gosto dos árbitros. Brigo com eles sempre, mas sei que é difícil. São muito pressionados.
UOL Esporte: Por falar em seu tempo como jogador, como foi trabalhar no Corinthians da famosa democracia?
Leão: Para mim, aquilo não era democracia. O Corinthians tinha acabado de ser campeão paulista em 1982 e queríamos ser bi. Eu estava no Grêmio e fui convidado para trabalhar lá em 1983. O Corinthians nunca teve um goleiro de nome e chegou um que queria marcar presença na história do clube. Inventei a camisa e as meias listradas, tudo com as cores do time. Treinei para caramba. Fiquei em forma. Só que tinha alguns atletas que participavam de uma panela com o diretor Adílson (Monteiro Alves). Tinha psicólogo, aquela frescura toda. Eu não fazia parte disso. Treinava e ia para casa. Eu não frequentava a noite, não bebia, não me metia em política. E onde estava a democracia deles? Era a democracia que “você pode fazer tudo, desde que eu permita”. E não via a democracia, via a anarquia. Era cara bebendo na sala do treinador, outro dormindo na maca porque ficou na farra na noite anterior. Jogador treinando bêbado. Tinha dia que o treino estava marcado para 8 horas da manhã. Chegava lá e perguntava: ‘Cadê o pessoal do treino?’ E respondiam: ‘Não tem treino agora, foi transferido para o período da tarde’. ‘Por quê?’ ‘Teve uma festa ontem à noite e passaram para tarde’. Aí é pesado, não é?!
UOL Esporte: Quem era o grupo que comandava a panela?
Leão: Está querendo saber demais! Mas eram os caras da democracia... Era a democracia, comandada pelo Adílson, que era o diretor naquela época. E depois ele virou secretario da cultura, por incrível que pareça.
UOL Esporte: Você se sentia injustiçado por não seguir os líderes da democracia? Tinha jogador que seguia só para ficar entrosado com os líderes do grupo?
Leão: Quem segue assim como você está falando  é capacho. Já pensou ser um capacho só para ficar no bolo? Eu prefiro ter conduta própria. Se cometer algum deslize, pode me punir. Eu não gosto de ser chamado à atenção. Me manda embora, mas não chama a atenção. Para não acontecer isso, sempre precisei fazer o máximo. Eu chegava cedo, treinava, trabalhava e ganhava os jogos. Éramos felizes. Agora, precisa comparecer às festinhas? Não. Preciso beber? Não. Preciso fumar? Não. Preciso ser político? Não. Eu preciso jogar futebol! O torcedor queria que eu jogasse futebol. Eu jogava, trabalhava para caramba. Meu joelho é reflexo disso, excesso de trabalho.

OPINIÃO SOBRE NEYMAR

E esse negócio de dizer agora que ele ‘está bonzinho’....não sei não. É muito cedo. Acho que ele ainda não sossegou
UOL Esporte: Mas e a qualidade daquele time em campo?
Leão: Foi um ano de felicidade, pois só ganhava. O time era bom, então não tinha conversa. Os caras jogavam bem mesmo. Vai falar que o Casagrande era ruim? Que o Sócrates era ruim? Que o Wladimir era ruim? Pô! Era tudo craque. Só que eles tinham a vida particular deles e aquilo não me servia. Minha conduta era outra, ficava na minha. Tanto que joguei um ano por lá, fui feliz e saí. Naquela época, em 1983, saí do Corinthians para defender o Palmeiras. Fiquei até 86. Depois, fui para o Sport e parei.
UOL Esporte: Depois de defender o Sport como jogador, você se aposentou e assumiu o time como treinador. Logo de cara, foi campeão brasileiro em 1987, ano do polêmico conflito com o Clube dos 13 e o título do Flamengo.
Leão: Não tem polêmica nenhuma, e sim regulamento. Campeão do Módulo Amarelo deveria jogar contra o campeão do Módulo Vermelho. Campeão do Amarelo foi o Sport. O Flamengo foi campeão do Vermelho. Era para ter o cruzamento dos módulos. O outro não quis cruzar. O Sport ganhou, foi campeão. Quer chorar, chora o que quiser. Perdedor tem direito de reclamar, não tem problema nenhum. A estrelinha do título está na camisa do Sport. Para minha nova carreira, aquilo foi um misto de alegria, medo, pois eu não sabia ser treinador. Naquele ano, eu joguei em um domingo, e na segunda-feira virei treinador. Não sabia o que fazer. Tinha experiência, mas passar a ser comandante dos seus companheiros é complicado. Eu dei sorte.