No dia seguinte ao terceiro rebaixamento do Vasco num intervalo de sete anos, Eurico Miranda concedeu entrevista. E disparou contra seu antecessor. Apontou Roberto Dinamite como responsável pela caótica situação do clube. Mas ele mesmo comandou a agremiação por longos anos até a vitória do ex-atacante na eleição de 2008.
Afinal, quem é o maior responsável? Para tentar compreender melhor a imensa crise econômica na qual o Vasco está mergulhado, o blog pediu a opinião de dois especialistas e gestão esportiva e balanços financeiros. A seguir, os textos do consultor especializado Amir Somoggi e de Benny Kessel, do blog Balanço da Bola.
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De Eurico a Roberto e novamente Eurico, Vasco sofre com péssimas gestões
por Amir Somoggi, consultor de marketing e gestão esportiva
O Vasco da Gama sofreu mais um rebaixamento, o terceiro em oito anos. Realmente não há dúvidas de que a gestão do clube na última década foi a única e total responsável pelos seguidos fracassos. Desde Eurico Miranda, passando por Roberto Dinamite e voltando Eurico, os dados financeiros do clube mostram:
- Receitas muito baixas, sem perspectivas de crescimento, muito aquém do enorme potencial do Vasco.
- Baixo investimento no futebol, na comparação com outros rivais.
- Alto endividamento, por conta do não pagamento de salários, impostos e contribuições sociais.
- Falta de credibilidade no mercado, pela péssima gestão de Eurico Miranda nos anos 1990/2000 e posterior péssima gestão de Roberto Dinamite. Na sequência retorna o Eurico Miranda, cuja imagem infelizmente não atrai a confiança do mercado, especialmente dos patrocinadores.
- Receitas muito baixas, sem perspectivas de crescimento, muito aquém do enorme potencial do Vasco.
- Baixo investimento no futebol, na comparação com outros rivais.
- Alto endividamento, por conta do não pagamento de salários, impostos e contribuições sociais.
- Falta de credibilidade no mercado, pela péssima gestão de Eurico Miranda nos anos 1990/2000 e posterior péssima gestão de Roberto Dinamite. Na sequência retorna o Eurico Miranda, cuja imagem infelizmente não atrai a confiança do mercado, especialmente dos patrocinadores.
ARTE/AMIR SOMOGGI
Aumento de receitas a partir de 2011, auge em 2013 e queda forte em 2014
Evolução dos principais dados financeiros do Vasco da Gama - (Em R$ milhões) -
Receitas
O clube viu um crescimento positivo em suas receitas a partir de 2011, com seu auge em 2013. Em 2014 as receitas caíram 18%.
ARTE/AMIR SOMOGGI
No comparativo as receitas vascaínas e as dos três rivais do futebol carioca
Na comparação com seus rivais direitos no RJ:
Custos com futebol
ARTE/AMIR SOMOGGI
Os custos com o departamento de futebol, no Vasco e nos demais grandes cariocas
Os custos subiram com as receitas, atingindo o maior valor da história do clube em 2013. O corte de 2014 foi drástico e atingiu 32% de redução em relação a 2013.
Na comparação com seus rivais direitos no RJ:
Superávits / Déficits
O clube em 2008 apresentou o maior déficit de sua história, pois para entrar na Timemania foi obrigado a registrar dívidas históricas criadas ao logo de décadas de irresponsabilidade administrativa. Impostos e contribuições sociais por anos foram sonegados.
Pelo que o clube publicou nos seus balanços, em 10 anos as perdas somadas chegam a R$ -335 milhões.
Pelo que o clube publicou nos seus balanços, em 10 anos as perdas somadas chegam a R$ -335 milhões.
ARTE/AMIR SOMOGGI
As perdas acumuladas no Vasco da Gama ao longo de uma década
Dívida Total
A partir de 2008 os números financeiros verdadeiros do clube começaram a aparecer. Naquele ano a dívida atingiu R$ 345 milhões, 190% maior que a de 2007, por conta do clube ter feito o acordo para ingressar na Timemania.
Outro ponto determinante para o aprofundamento da crise foi o alto endividamento por conta de dívidas trabalhistas, referentes à salários não pagos. Além é claro do aumento do endividamento com empréstimos.
Outro ponto determinante para o aprofundamento da crise foi o alto endividamento por conta de dívidas trabalhistas, referentes à salários não pagos. Além é claro do aumento do endividamento com empréstimos.
ARTE/AMIR SOMOGGI
Números financeiros verdadeiros do Vasco começaram a aparecer a partir de 2008
Na comparação com seus rivais direitos no RJ:
Aumento das dívidas do Vasco a partir de 2008
Em 2008 o clube tinha cerca de R$ 95 milhões em dívidas fiscais a serem parceladas pelo Governo Federal, R$ 144 milhões em empréstimos e credores diversos e outros R$ 104 milhões em provisões para contingências. Para uma receita de R$ 146 milhões!
Em 2013, as dívidas fiscais já estavam em R$ 218 milhões, outros R$ 180 milhões em empréstimos e credores diversos e outros R$ 89 milhões em provisões para contingências.
Pela leitura o clube optou por parar de pagar os impostos e contribuições sociais esperando um novo parcelamento. Para uma receita de R$ 157 milhões!
Em 2014 as dívidas fiscais a serem parceladas caíram para R$ 213 milhões, outros R$ 180 milhões em empréstimos e credores diversos e outros R$ 94 milhões em provisões para contingências. Para uma receita de R$ 129 milhões!
Em 2013, as dívidas fiscais já estavam em R$ 218 milhões, outros R$ 180 milhões em empréstimos e credores diversos e outros R$ 89 milhões em provisões para contingências.
Pela leitura o clube optou por parar de pagar os impostos e contribuições sociais esperando um novo parcelamento. Para uma receita de R$ 157 milhões!
Em 2014 as dívidas fiscais a serem parceladas caíram para R$ 213 milhões, outros R$ 180 milhões em empréstimos e credores diversos e outros R$ 94 milhões em provisões para contingências. Para uma receita de R$ 129 milhões!
ARTE/AMIR SOMOGGI
Auditoria acusou a inexistência de recursos suficientes para que o Vasco as despesas
Relação dívida total / receita total - 20 maiores clubes em receitas do Brasil
O resultado de 2014 é o pior de toda a série histórica.
ARTE/AMIR SOMOGGI
No confronto dívida x receita, situação do Vasco só não é pior do que a do Botafogo
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PAULO FERNANDES/VASCO.COM.BR
Eurico Miranda concede entrevista coletiva no Vasco: rebaixamento e críticas ao antecessor
Eurico herdou um clube à beira da insolvência
por Benny Kessel, autor do blog Balanço da Bola
Em 1º de julho de 2008, ao assumir a gestão, o ex-presidente Roberto Dinamite contratou uma renomada empresa de auditoria externa para levantar o montante do endividamento do clube. Ao final do trabalho, concluiu-se que os R$ 133 milhões retratados inicialmente, na verdade eram R$ 338 milhões. Várias dívidas não tinham sido consideradas assim como havia créditos que na realidade não existiam.
Porém, ao entregar o clube em dezembro de 2014, esse endividamento havia subido para, pelo menos R$ 597 milhões, aumento de 76,4% em seis anos e meio. Digo pelo menos porque, tendo em vista a quantidade de ressalvas dos auditores aos números, o buraco pode ser bem maior. E esse aumento ocorreu mesmo com um crescimento de receita de módicos R$ 51 milhões em 2007 para R$ 129 milhões em 2014, tendo obtido receitas de R$ 160 milhões em 2013, seu melhor ano.
A relação endividamento/faturamento ao final de 2014, 4,62 demonstra que, realmente, Eurico recebeu um clube à beira da insolvência.
GAZETA PRESS
Quando presidente, Roberto na apresentação de André Rocha e Marlon, em São Januário
