terça-feira, 13 de outubro de 2015

Campeonato estadual: mais um passo para o fim

No campeonato carioca deste ano, Fluminense e Flamengo entraram em rota de colisão com a Federação de Futebol do Rio de Janeiro. O confronto, aberto, tinha a entidade de um lado, apoiada pelo Vasco da Gama e com o Botafogo também favorável às suas decisões, além dos pequenos clubes. Do outro, a dupla Fla-Flu que desde a disputa do certame 2015 já se movimentava para encontrar alternativas ao campeonato carioca. A formação de uma liga com clubes de outros Estados era um dos objetivos, concretizado nos últimos dias com o autorização dada pela CBF.
Tricolores e rubro-negros disputarão o carioca do ano que vem com times alternativos, formados por jovens jogadores oriundos das divisões de base e aqueles não muito aproveitados no elenco profissional. A prioridade será dada à Primeira Liga, como vem sendo chamada a competição que contará com os dois times do Rio, além de mineiros, paranaenses, catarinenses e gaúchos. E, se um deles, ou ambos, alcançar classificação à Copa Libertadores, claro, atenções serão voltadas também à competição internacional. Um processo de esvaziamento do campeonato estadual.
REPRODUÇÃO
Trechos dos regulamentos do Estadual do Rio do ano passado e deste ano
Trechos dos regulamentos do Estadual do Rio do ano passado e deste ano
Poucos notaram que o regulamento para o ano que vem, publicado em agosto, apresenta itens que superam os limites do bizarro. Campeão e vice de 2015, Vasco e Botafogo, respectivamente, terão mando de campo sempre que enfrentarem Flamengo e Fluminense. E mais: poderão escolher o lado a ser ocupado por seus torcedores no Maracanã. Na edição mais recente foi grande a polêmica entre tricolores e vascaínos, que exigiam a volta ao lado direito das cabines de rádio e TV do estádio, que o rival passou a ter direito ao fechar acordo com o consórcio que administra a "arena".
Confira o que especifica o regulamento do Campeonato Estadual do Rio de Janeiro para 2016 em seu artigo 18:
§ 5º - Nos clássicos da primeira fase, o campeão e o vice-campeão do campeonato imediatamente anterior da série A de profissionais, quando não jogarem entre si, terão o mando de campo.
§ 6º - Nas partidas realizadas no Maracanã, a associação que tiver o mando de campo terá o direito de determinar o posicionamento de sua torcida.
O blog enviou aos presidentes quatro grandes clubes do Rio de Janeiro e ao consórcio Maracanã a mesma pergunta. Qual sua posição diante desses itens do regulamento do Estadual em seu artigo 18? Só o Vasco não se manifestou. Confira as respostas.
BotafogoCarlos Eduardo Pereira:
Aprovo.
O senhor não acha o critério estranho? É como se, voltando à seria A em 2016, o Botafogo não tivesse mando de campo em clássico pelo fato de os rivais locais estarem na primeira divisão há mais tempo, desde a temporada anterior.
Comentário é seu.
Citei um exemplo de algo que também me pareceria estranho se adotado, e insisto na pergunta: o senhor não acha o critério estranho?
Não tenho outros comentários a fazer.
FluminensePeter Siemsen:
Tais assuntos não são da alçada ou competência da federação ou de regulamento de estadual.
O Fluminense tomará alguma medida?
Vamos avaliar, pois temos um contrato em vigor com o estádio. Mesmo a regra fazendo essa previsão, o contrato com o estádio deve prevalecer.
Ir à justiça é a única opção?
Não. Não há necessidade para o Fluminense. O contrato deve prevalecer.
Pelo que entendi o problema é do consórcio Maracanã, é isso?Acho que o problema é da federação, que inventou uma regra que não pode ser aplicada.
No médio prazo, com o provável sucesso da liga, como sair de vez de um estadual eventualmente falido? É possível?Esse assunto exige uma discussão mais ampla. Preferia não entrar nele no momento.
FlamengoEduardo Bandeira de Mello:
Nada mais surpreende na federação.
Alguma medida será tomada?
Não há como agir dentro dos mecanismos internos da federação. Eles aprovarão tudo o que quiserem. Por isso é que a competição perdeu totalmente a credibilidade.
O Flamengo apenas acatará?
Já rompemos com a federação. A única coisa a fazer é seguir lutando para mudar o futebol carioca. O projeto que muda o sistema eleitoral está tramitando na Câmara. Se aprovado, tudo pode mudar.
Ou seja, o Flamengo vai brigar por motivações maiores, definitivas?
Exatamente.
Pelo que compreendi o Flamengo não vai brigar nessa esfera. Algo como não morder a isca, não aceitar provocação, estou certo?É, mais o fato de que já sabemos o que esperar das arbitragens, tribunais e arbitrais. Só vamos disputar o campeonato, com time alternativo, para não corrermos riscos desnecessários.
Se o clube se recusar a disputar o estadual, que penalidades a federação poderia aplicar?Rebaixamento, perda dos direitos federativos de jogadores, impedimento de participação em competições nacionais e internacionais, entre outras. Melhor participar com uma equipe mista que pode vir a ser campo de observação de atletas emergentes.
No médio prazo, com o provável sucesso da liga, como sair de vez de um estadual eventualmente falido? É possível?Acho que no futuro podemos ter um estadual curto e atrativo. Sem prejuízo para a Copa Rio-Sul-Minas.
Com a mudança no comando da federação?
S
eria ótimo.
O senhor vê outra possibilidade?Não me parece possível.
Marcelo Frazãodiretor de marketing do consórcio Maracanã:
Cumpriremos nossos contratos firmados. A nossa posição de respeito aos contratos continuará a mesma, independentemente da nova versao do regulamento. Não iremos assumir nenhum compromisso que viole os já firmados com Fluminense e Flamengo.
Ou seja, torcida do Fluminense à direita?
Exato.
Um desgataste que aumentará, um campeonato desinteressante que ficará ainda mais sem graça, uma federação que dificulta o diálogo com a inclusão de itens favoráveis a um ou outro clube. O que esperar do campeonato do Rio de Janeiro além do seu fim, que parece mais próximo? E os demais irão pelo mesmo caminho se as entidades que os organizam não cederem, interrompendo guerrinhas com os clubes que são a razão da própria existência desses torneios. Eles precisarão ser encurtados ou desaparecerão em algum tempo, que parece menor.
 
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